FONTE: Naíra Sodré REPÓRTER, TRIBUNA DA BAHIA.
Aumentam as esperanças para quem é portador da Hepatite C com a entrada de dois novos medicamentos – Telaprevir e Boceprevir - no programa de medicamento de alto custo do Sistema Único de Saúde (SUS).
Até então os portadores de Hepatite C garantiam seu acesso a eles recorrendo à Justiça. Ao obter uma liminar, obrigam o governo a fornecer o remédio. O tratamento com oTelaprevir, por exemplo, custa cerca de R$ 70 mil.
O que é proibitivo para muitas pessoas. Os medicamentos serão incorporados ainda este ano ao programa, garante o coordenador de Cuidado e Qualidade de Vida do Departamento de DST do Ministério da Saúde, Ronaldo Hallal que esteve em Salvador participando do Simpósio Internacional de Terapêutica em Hepatite Viral. O simpósio que termina hoje, sábado, é coordenado pelo médico patologista Raymundo Paraná.
Hallal informou ainda que o processo de incorporação está “na etapa de organizar a proposta, estimar a população usuária e o consequente impacto financeiro para apresentá-la à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde”. Trata-se de uma instância que irá recomendar a entrada dos novos remédios na lista de medicações oferecidas pelo governo.
Além disso, os dois novos medicamentos trazem esperança a milhares de brasileiros que se encontram aguardando pelo tratamento, por não obterem avanços com os anteriores – (Interferon-Peguilado + Ribavirina). Para os hepatologistas os novos remédios são um grande avanço no campo da pesquisa e os especialistas aguardavam com ansiedade a incorporação deles pelo Ministério da Saúde.
CHANCES DE CURA - Os novos medicamentos aumentam as chances de sucesso no tratamento da Hepatite C de 45% para 70% em pessoas que nunca foram tratadas e de 25% para 90% em pessoas que foram tratadas, mas tiveram o retorno do vírus e de 5% para 35% em pessoas que foram tratadas com Interferon Peguilado e Ribavirina mas não negativaram o vírus.
Segundo Hallal, estima-se que no Brasil existam, aproximadamente, 3milhões de portadores da Hepatite C e a doença é responsável por 50%das indicações de transplante de fígado no país. Dos 3 milhões de infectados, apenas 25 mil se encontram em tratamento na rede pública de saúde. Isto se deve à dificuldade do diagnóstico, como também à escassez de centros de referência em Hepatologia.
No campo clínico, também aumenta a oferta de teste não invasivo para avaliar se o fígado possui cicatrizes ou fibroses decorrentes do avanço das hepatites de qualquer tipo. A elastografia, por exemplo, usa a emissão de ondas de ultrassom e imagens para fazer esse diagnóstico, sem os cortes e a anestesia local indispensáveis à biópsia de células do fígado, o exame tradicionalmente pedido.
“A elastografia substitui a biópsia em 80% dos casos”, diz o médico Paulo Abrão Ferreira. “Só não dá bons resultados em pacientes muito obesos.” A elastografia custa entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil e não é coberta pela maioria dos planos de saúde nem realizada pelo SUS.
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