FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Na
próxima terça-feira (25), a Femama (Federação Brasileira de Instituições
Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) terá uma audiência pública com o
Ministério da Saúde, em Brasília. O objetivo do encontro, solicitado pela
federação, é conseguir a revogação da Portaria 1253/13, que restringiu a
prioridade da realização da mamografia bilateral de rastreamento pelo SUS à
faixa etária de 50 a 69 anos.
As instituições
defendem que o exame de rotina nas duas mamas seja feito a partir dos 40 anos,
já que o diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento aumentam as
chances de cura da doença. Segundo a Comissão Nacional de Mamografia do Colégio
Brasileiro de Radiologia, há estudos regionais que comprovam grande incidência
desse tipo de câncer em mulheres de 40 a 49 anos. Em Goiânia, por exemplo, a
comissão afirma que 42% dos casos registrados ocorreram em pacientes abaixo dos
49.
"Estamos nessa luta
e não vamos deixar a portaria continuar em vigor", diz a mastologista
Maira Caleffi, presidente da Femama, lembrando que a mesma contraria lei em
vigor desde abril de 2009, que prevê que toda mulher a partir dos 40 anos tem
direito à mamografia.
Segundo o Ministério
da Saúde, mulheres com menos de 49 anos continuarão tendo direito a fazer
mamografia gratuitamente, desde que haja
indicação médica e a paciente
apresente histórico da doença na família. Para Caleffi, isso fará com que as
pacientes mintam que sentiram um caroço ou qualquer outra alteração para
conseguir um exame preventivo, algo a que elas já têm direito por lei.
A presidente da Femama
lembra que a mortalidade por câncer de mama no Brasil não apresentou redução
nos últimos anos - foram mais de 8.800 mortes só no ano passado. Isso acontece
porque a maior parte dos tumores é detectada no exame clínico, quando já houve
evolução. "Apenas 10% são diagnosticados em estágio 1", informa a
médica.
Caleffi lembra que,
depois das campanhas do governo para divulgar o autoexame nos anos de 1990,
médicos e associações finalmente conseguiram convencer o Ministério da Saúde de
que isso era muito pouco - era preciso estimular a realização da mamografia.
Agora, a portaria traz um retrocesso, na visão das instituições.
Entidades ligadas ao
governo, como o próprio Inca (Instituto Nacional de Câncer), alegam que estudos
têm mostrado que, para mulheres abaixo dos 49 anos, a mamografia pode levar a
falsos positivos e a biópsias desnecessárias. É o que mostra uma pesquisa canadense divulgada recentemente, e que contou com um grande
número de pacientes.
Para a mastologista,
resultados como os desse estudo canadense não servem para realidades como a
nossa. "No Canadá, a mortalidade por câncer de mama vêm caindo
bastante", comenta. Além disso, alfineta ela, o Brasil nunca fez um
programa nacional de rastreamento com mulheres de 50 a 69 anos, apesar de
defender a importância da realização do exame nessa faixa etária.
Além da Femama,
participam da audiência pública, também, o Conselho Nacional de Secretários de
Saúde Municipais (Conasems), a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
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