FONTE: Chayenne Guerreiro, TRIBUNA DA BAHIA.
A equipe da Tribuna da Bahia percorreu algumas unidades constatando
que muitos se assemelham aos hospitais públicos, com longas filas, atendimento
precário e pacientes insatisfeitos.
A psicóloga Priscila Souza já se
acostumou com o sofrimento para conseguir um atendimento na rede hospitalar
privada. “Cheguei ao Hospital Evangélico da Bahia por volta das 07h30 da manhã,
sentindo muitas dores na garganta, com febre. Depois de uma espera de 4 horas e
um atendimento realizado em 20 minutos pelo médico, acabei voltando pra casa e recebendo
os cuidados de familiares”, pontuou.
Em outro ponto da cidade, dois irmãos
sofriam buscando atendimento médico.
Juliane Oliveira, iniciou sua luta na emergência do Hospital Jorge Valente
as 06:30 da manhã, até o horário da entrevista, às 09h30, a mesma ainda estava
na recepção do pronto-socorro. “Eu vim com o meu irmão, que está adoentado. Mas
assim como outros pacientes, ainda estamos na espera. Uma moça grávida, que
deveria ser prioridade, chegou junto com a gente, mas acabou de ser chamada.
Sendo um hospital desse porte, a gente fica sem entender o que está
acontecendo”, argumentou Oliveira.
Para o presidente do Sindicato dos
Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do
Estado da Bahia (SINDHOSBA), Raimundo Correia, o problema na deficiência do
atendimento está na falta de incentivo fiscal do governo e no pouco repasse dos
planos de saúde.
“O que falta em Salvador são leitos
hospitalares. Os hospitais têm uma grande dificuldade de ampliar os
estabelecimentos. O último hospital construído na cidade, foi o Hospital da
Bahia, e isso já faz 6 anos. Os planos de saúde possuem uma tabela muito ruim.
O reajuste acontece para o paciente, mas não proporcionalmente para o hospital.
Além disso, o governo que oferece tantos incentivos para indústria não possui
uma linha de crédito especializada com juros baixos para os hospitais, a saúde
não é prioridade”, argumentou Costa.
A realidade dos hospitais particulares da
capital baiana é até pior se comparada aos centros de saúde pública se for
levado em consideração o pagamento duplo do serviço, é o que explica o
presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed), Francisco
Magalhães.
“O atendimento médico particular dá outra conotação
ao caos. Você paga duas vezes, primeiro, com seus impostos, para ter direito a
uma saúde de qualidade, como ela não existe, o cidadão se esforça e com muito
sacrifício, paga um plano de saúde, que não é barato e que oferece um serviço
sem nenhuma qualidade. Os médicos que levam a culpa do atendimento demorado,
mas a saúde é o único setor em que se vende um serviço, mas quem dá o preço é
quem compra. É uma mistura de falta de investimento com má gestão por parte dos
hospitais”, concluiu.
Imagine na Copa.
Faltando menos de um mês para a realização da
Copa do Mundo no Brasil a chegada dos turistas preocupa no que se refere ao
atendimento particular de saúde.
Segundo Costa, da SINDHOSBA, o único
investimento é em cursos de inglês para recepcionar os turistas. “A Secopa
oferece cursos para a capacitação dos funcionários e pedem a reserva de leitos
especiais para pacientes graves, mas isso não diminui o problema. “Quando a
copa chegar, o caos vai estar instalado na cidade, não temos como atender tanta
gente.”
Para Magalhães, presidente da Sindimed, o
sofrimento maior vai ficar para a população. “Os turistas vão vivenciar apenas
a realidade, o sofrimento do povo brasileiro. Hoje no melhor hospital
particular de Salvador, e, se espera no mínimo quatro horas para atendimento,
seja grave ou não o seu problema. E esse número só vai multiplicar.
Infelizmente nossa capital baiana vai enfrentar a calamidade.”
Procurado pela equipe da Tribuna, o Hospital Jorge Valente e o Hospital
Evangélico da Bahia não quiseram se posicionar sobre o assunto.

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