FONTE: Rayllanna Lima, TRIBUNA DA BAHIA.
Muitas são as pessoas que ficam horas entretidas olhando as
publicações no Twitter, Instagram e Facebook. A verdade é que, hoje, o celular
é praticamente o melhor amigo do homem. Atividades que costumavam ser
realizadas através do computador passaram a ser feitas pelos smartphones ou
tablets. Na fila do pão, na escada rolante, no banco da praça, no ponto de ônibus,
o celular não fica de lado nem na hora de comer.
Mas, é preciso ter cuidado! Ficar de olho na tela do
celular por muito tempo pode causar sérios prejuízos para o organismo e
provocar lesões nas mãos, punhos, braços, ombros e, principalmente, à coluna.
A falta de descanso somada às posições impróprias tem
consequências silenciosas no organismo e, em alguns casos, podem até exigir
intervenção cirúrgica. De acordo com o coordenador da Ortopedia do Hospital
ProHope, Luis Felipe Daneu Fernandes, quem faz uso demasiado do celular acaba
se queixando de dores no corpo.
“A utilização cada vez maior e mais precoce de smartphones
e tablets vem acompanhada do aumento de pessoas com queixas ortopédicas.
Principalmente na coluna cervical – pescoço – e tórax, mas também em ombros
punhos e mãos. Alterações posturais levam, inicialmente, a processos dolorosos
em região cervical, devido ao posicionamento com pescoço fletido. Com o passar
do tempo, toda a musculatura de sustentação entra em espasmo, e encurta”, explicou
o ortopedista.
Segundo ele, em um indivíduo que ainda está em formação,
essa postura viciosa pode leva a um desequilíbrio e alterações compensatórias
em toda coluna. “Nos adultos, com decorrer do tempo, começam a surgir desgastes
como discopatia e artrose”, esclarece Luis Felipe.
Uma pesquisa feita pelo médico Kenneth Hansraj, cirurgião e especialista em coluna cervical, aponta que o uso constante e abusivo do celular leva a uma constante má postura, a qual pode contribuir para um peso extra de 27 kg sobre o seu pescoço. O que corresponde, em média, ao de uma criança de oito anos sobre sua coluna cervical.
Para chegar a este resultado, Hansraj criou um modelo em
computador da coluna espinhal para testar os efeitos dos movimentos da cabeça,
que pesa de 4 kg a 5 kg sobre a coluna. O simples ato de abaixá-la para
responder mensagens ou conferir atualizações pode ter um efeito bastante
nocivo, segundo a análise do médico.
Ainda de acordo com o autor da pesquisa, além do uso das
redes sociais, as pessoas passam de duas a quatro horas por dia com a cabeça
apontada para baixo, seja lendo textos ou utilizando aparelhos eletrônicos. Em
apenas um ano, o pescoço recebe um peso extra de 700 a 1.400 horas.
A recomendação do ortopedista Luis Felipe é uma avaliação
ortopédica. Feito isso, o indivíduo será submetido a uma fisioterapia
convencional, ou até mesmo a uma Reeducação Postural Global (RPG). “A recomendação
é atividade física regular para condicionar a musculatura, além de observar
postura”, concluiu. Ao aparecimento de qualquer sintoma, o ideal é procurar um
médico.
Jovens
não param de olhar.
Apesar dos problemas que o uso abusivo do celular pode causar,
jovens admitem que não conseguem parar de olhar constantemente para o aparelho.
Para muitos deles, esse é o melhor jeito de ficar bem informado e de se
comunicar com outras pessoas.
A universitária Ive Oliveira, 21, admite que nunca parou
para pensar que ficar com o pescoço abaixado para olhar o smartphone poderia
causar danos à saúde. “Nunca parei para pensar nisso. O vício já é maior que
tudo, mas acho que para evitar um problema futuro maior vale a pena tentar
reduzir essa ação”, disse. “Acho que não deve causar nada tão grave. Hoje não
dá mais para parar, meu vício é maior”, contou Natalia Mascarenhas, 19 anos.
Para o adolescente Thiago Meirelles, 16, o celular é seu
secretário. “Hoje não dá pra ficar sem celular. Datas comemorativas, reunião de
trabalho, hora pra acordar. Só lembro-me dessas coisas por causa dele. O
despertador, então, é fundamental para não se atrasar para o colégio. Conversa
rápida com os pais, com os amigos. O celular acaba te proporcionando tudo isso.
Então é inevitável não ficar o tempo todo de olho nele”, explicou, mesmo
sabendo das consequências nocivas que o hábito pode provocar.
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