FONTE: , Ángeles Gómez, (noticias.uol.com.br).
Muitos ainda terão o
gosto de rabanada rodando pelo paladar, mas em sua cabeça cresce a determinação
de fazer algo para apagar, na medida do possível, a marca que deixaram na
balança as licenças dietéticas natalinas (uma média de 2 a 4 quilos de ganho de
peso). Outros afortunados terão conseguido não engordar nem um grama nessas
festas. Seja qual for o seu balanço, janeiro é um mês estratégico na guerra
contra o sobrepeso. Há dezenas de dietas para emagrecer, algumas com uma sólida
base científica, mas por si sós não garantem a vitória, já que, como advertem
os especialistas, vivemos em uma sociedade obesogênica, na qual inúmeros
fatores concorrem para engrossar o caldo dos adipócitos (células de gordura). A
seguir, desmascaramos alguns dos aliados menos conhecidos da obesidade.
1. Refeições
em família.
Mesmo que você já
esteja cansado dos parentes, deve saber que as refeições familiares podem
proteger da obesidade e do excesso de peso. Entre as razões está que durante as
refeições se estabelecem conexões emocionais entre os membros da família e os
alimentos costumam ser mais saudáveis, segundo um estudo das universidades de
Minnesota e de Columbia (EUA) publicado no "Journal of Pediatrics".
Essa recomendação é especialmente útil para crianças e adolescentes, para
prevenir a obesidade quando chegarem à idade adulta. Não se horrorize: uma ou
duas refeições familiares por semana são suficientes para reduzir o risco de
obesidade.
2. Irmãos e
amigos gordinhos.
Os chegados o
perseguem. Ter um irmão obeso duplica seu risco de sê-lo (mais do que se for
seu pai), e a possibilidade aumenta se esse for maior e do mesmo sexo, segundo
Markos Pachucki, da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, em um artigo
publicado no "American Journal of Preventive Medicine". Os amigos com
excesso de peso também não ajudam, porque os quilos a mais são contagiosos,
como constatou o doutor David Shoham, da Universidade de Loyola em Chicago, em
um estudo com 1.800 adolescentes (PLoS One). Este vínculo já tinha sido
encontrado em um trabalho anterior publicado em 2007 no "The New England
Journal of Medicine". O bom é que a magreza também se transmite, e se seus
amigos estão magros (Índice de Massa Corporal, ou IMC, igual a 20) você tem 40%
mais possibilidades de reduzir seu peso.
3. Ano de
nascimento.
Se você nasceu depois
de 1942, fique atento. Existe uma conexão entre uma variante do gene FTO e o
ano de nascimento que favorece o aparecimento da obesidade, uma correlação que
é duas vezes mais forte entre os nascidos depois de 1942. Os cientistas que
encontraram essa conexão, dirigidos por James Rosenquist, do Departamento de
Psiquiatria do Hospital Geral de Massachusetts, não têm uma razão clara para
essa associação, mas indicam o desenvolvimento tecnológico posterior à Segunda
Guerra Mundial.
4. Bactérias
intestinais.
Talvez você encontre
em seu intestino a resposta para o peso. Se entre os milhões de microrganismos
que se hospedam no aparelho digestivo houver bactérias da família
Christensenellaceae, sorte sua, porque elas protegem do aumento de peso (Cell).
Embora esse microrganismo seja herdado, sua descoberta abre portas para a
criação de tratamentos probióticos personalizados contra a obesidade.
5.
Restaurantes com música clássica.
As sonatas de
Schubert podem ser apropriadas para um jantar romântico, mas deve-se saber que
animam a comer mais. Um estudo britânico das universidades de Leicester e
Surrey Roehampton comprovou que se consomem mais alimentos e café nos locais
quando há música clássica de fundo do que quando toca outro tipo de melodia.
Leve isso em conta também para sua economia.
6. Trabalho
noturno.
Trabalhar à noite
engorda, e não é porque se coma mais, mas porque se altera o ritmo circadiano.
As pessoas estão programadas para dormir quando não há luz e comer de dia.
"O trabalho em turnos durante a noite interrompe o sono e rompe o ciclo
fisiológico, e isso provoca uma diminuição do gasto energético diário total",
conclui um estudo realizado por cientistas do Instituto Médico Howard Hughes do
Texas, publicado na revista científica "PNAS". A solução: comer
menos.
7. Dormir
pouco.
O déficit de sono não
só muda nosso humor, como também engorda: está comprovado cientificamente. A
explicação é que o sono desempenha um papel relevante no metabolismo
energético, de forma que ao não dormir comemos mais, como um mecanismo
fisiológico de adaptação para manter a vigília. Uma pesquisa publicada
recentemente no "American Journal of Clinical Nutrition" também
concluiu que dormir mais está associado a um menor Índice de Massa Corporal e
uma melhor alimentação.
8. Viver na
Irlanda.
Se você pensa em
morar fora do país, talvez lhe interesse saber que as previsões indicam a Irlanda
como o país onde as taxas de obesidade e sobrepeso masculinas aumentarão mais
(em 2.030, 90% de seus homens terão sobrepeso), enquanto na Bélgica só 44% dos
homens acumularão quilos demais. A explicação para essas estimativas,
realizadas pelo Fórum de Saúde do Reino Unido em colaboração com o escritório
regional da OMS para a Europa, está no modelo econômico. "Nos mercados
liberais como Reino Unido e Irlanda, as multinacionais da alimentação promovem
o consumo excessivo", afirma a doutora Laura Webber, coautora do
relatório, que foi apresentado no último congresso da Sociedade Europeia de
Cardiologia.
9. Poluentes
ambientais.
As substâncias
residuais do pesticida DDT, ou do lindano (usado para combater piolhos e
sarna), são alguns dos poluentes que se acumulam no tecido gorduroso das
pessoas, favorecendo o desenvolvimento da obesidade e o aumento do colesterol
no sangue, segundo comprovou um grupo de cientistas da Universidade de Granada,
que publicou esses resultados em "Enviromental Pollution". Esses poluentes
chegam aos indivíduos principalmente por meio de alimentos com alto teor de
gordura, incluindo carnes e peixes de grande porte.
10. Ver
televisão.
Juntar o telejornal
da noite com um capítulo de sua novela favorita, para terminar com um pouco de
debate sobre atualidades, o manterá mais de duas horas diante do televisor. Se
isso se repetir todos os dias, aumentará em 23% o risco de obesidade (para não
falar do risco de 14% de desenvolver diabetes), adverte um relatório da
Universidade Harvard.
11. Dormir
com a televisão ligada.
Sem dúvida você já
dormiu mais de uma vez embalado pelo som da TV. Esse pequeno prazer pode
fazê-lo ganhar peso. Por quê? Segundo Ahmad Agil, pesquisador da Universidade
de Granada, a exposição à luz artificial durante a noite enquanto dormimos -
como a emitida pela televisão, pelo computador ou por uma lâmpada acesa - reduz
os níveis endógenos de melatonina, um hormônio que é liberado durante a noite
para regular os ritmos circadianos e que possui um poderoso efeito antioxidante
e anti-inflamatório. Essas propriedades protegem de alterações metabólicas que
provocam obesidade e diabetes. Um conselho: tente dormir na escuridão total
("Journal of Pineal Research").
12. Estresse
pós-traumático.
"As mulheres que
sofrem de estresse pós-traumático aumentam de peso mais rapidamente e são mais
propensas a sofrer obesidade do que as que não atravessam essa situação",
afirma um estudo das universidades Harvard e Columbia, publicado em
"Archives of General Psychiatry". Mas há uma boa notícia: quando
diminuem os sintomas desse transtorno, o risco de obesidade se reduz
notavelmente.
13. Depressão
e ansiedade.
Um terço das pessoas
estressadas perde o apetite e emagrece, mas mais da metade reage ao estresse
comendo e, pior, ingerindo alimentos muito apetitosos, ricos em açúcares e
gorduras. A explicação científica é que o centro de recompensa que temos no
cérebro é ativado por esse tipo de comida. Além disso, o hormônio do estresse,
o cortisol, sensibiliza esse sistema de recompensas e favorece a ingestão
compulsiva de alimentos muito calóricos. Rubén Bravo, diretor do Departamento
de Nutrição do Instituto Médico Europeu da Obesidade (Imeo), afirma:
"ansiedade e estresse são duas situações que se repetem com frequência em
nossos consultórios. Os problemas econômicos e de trabalho levam a buscar a
felicidade na comida, especialmente em doces, que diminuem a agitação".
14. Alguns
produtos desnatados.
Um estudo publicado
no "Scandinavian Journal of Primary Health Care" concluiu que o
consumo de laticínios ricos em gordura está relacionado a um menor risco de
desenvolver obesidade central. Na opinião do nutricionista Walter Willett, da
Escola de Saúde Pública de Harvard, uma explicação para essa descoberta é que
os produtos com toda a gordura dão mais saciedade, e além disso os ácidos
graxos dos laticínios têm um efeito adicional na regulação do peso. A
nutricionista Natalia Galán, do Serviço de Promoção da Saúde de Sanitas,
acrescenta: "Os produtos light nem sempre ajudam a emagrecer, pois o fato de
terem 30% menos calorias que o produto inicial não é sinônimo de que não vão
engordar. Muitos são anunciados como light e têm mais calorias que os que não o
são".
Nenhum comentário:
Postar um comentário