FONTE: iG - O Dia, TRIBUNA DA BAHIA.
O beijo
do casal lésbico Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg) e a
compulsão sexual da vilã Beatriz (Gloria Pires) detonaram uma onda de revolta
dos evangélicos contra ‘Babilônia’. Nas redes sociais e em grupos do WhatsApp,
circulam textos, sem assinatura, que pedem o boicote à novela escrita por
Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga. Para colocar ainda mais
lenha nessa fogueira, o pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus
Vitória em Cristo, publicou artigo no site ‘Verdade Gospel’ em que afirma que
“a Rede Globo é a maior patrocinadora da imoralidade e do homossexualismo no
Brasil”.
“Duvido
que, nos Estados Unidos, às nove e meia da noite, mostrem na TV cenas de duas
mulheres se beijando. Duvido! E não tem nada de puritanismo nisso, porque lá é
uma democracia. No Brasil, estão confundindo liberdade com libertinagem”, ataca
Silas Malafaia, em conversa com O DIA .
O
pastor critica a Globo por mostrar “de maneira sistemática homossexualismo em
tudo que é novela”, lembrando ainda os casais gays de ‘Império’ e ‘Amor à
Vida’. “Querem detonar todos os valores morais da sociedade”, acusa Malafaia.
“Soube ainda que vai ter um homofóbico nessa novela. Vão confundir preconceito
com liberdade de expressão, o meu direito de discordar de alguma coisa”,
acrescenta ele, referindo-se ao personagem Fred (Filipe Monteiro).
O jovem homofóbico é filho do gay Carlos Alberto (Marcos
Pasquim), que mantém um romance com Ivan (Marcello Melo Jr.). Fred vai praticar
bullying contra Rafael (Chay Suede), que é filho de Teresa e Estela.
Apesar de considerar os temas abordados em ‘Babilônia’ uma afronta à família, Malafaia garante que não pediu que os seguidores de sua igreja boicotassem a novela. “Não preciso pedir isso. Me recuso a acreditar que um evangélico esteja acompanhando esse lixo”, dispara.
Apesar de considerar os temas abordados em ‘Babilônia’ uma afronta à família, Malafaia garante que não pediu que os seguidores de sua igreja boicotassem a novela. “Não preciso pedir isso. Me recuso a acreditar que um evangélico esteja acompanhando esse lixo”, dispara.
Um dos
textos divulgados nas redes sociais e no WhatsApp convoca um boicote à novela
por 35 dias, para que ela seja retirada do ar. “Até quando a Globo vai ditar e
a todo momento perturbar a cabeça de nossos filhos? Estamos reféns da política
suja e também da Rede Globo, que não fica atrás”, diz um trecho do manifesto,
que aponta ainda que o Ministério Público já estaria monitorando a trama.
Vale
lembrar que a estreia de ‘Salve Jorge’, em 2012, despertou a ira de
evangélicos, por questões religiosas — o sincretismo de São Jorge, chamado de
Ogum na umbanda.
Para
Ricardo Linhares, um dos autores de ‘Babilônia’, as manifestações são isoladas
e feitas por “uma minoria ruidosa”, que quer pegar carona no sucesso da novela
para chamar a atenção.
“Eu
acredito que a maioria dos evangélicos é formada por pessoas conscientes e
respeitosas”, diz o autor. “Vivemos num país laico e democrático, onde todos
têm liberdade para expressar sua opinião. Quem quer ser respeitado, porém,
precisa respeitar o seu semelhante.”
Linhares
afirma ainda que censura, intervenção do Ministério Público ou projetos como
Estatuto da Família são atitudes antidemocráticas e inconstitucionais, que
revelam tendência ditatorial. “Não há mais espaço para isso na moderna
sociedade brasileira”, defende.
Assim
como fez em ‘Saramandaia’, Linhares diz que ‘Babilônia’ combate a ditadura da
intolerância. “Em vez de tirar os filhos da sala, os pais esclarecidos
aproveitam os exemplos da trama para conversar sobre os fatos da vida,
mostrando a multiplicidade de condições do ser humano e ensinando o respeito a
quem pensa ou leva uma vida diferente da sua”, aconselha.
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