Morreu nesta
segunda-feira na Índia a enfermeira Aruna Shanbaug, que estava em coma havia 42
anos, após ser estuprada.
Seu caso
gerou um intenso debate sobre eutanásia no país, com pessoas defendendo que ela
continuasse a ser alimentada por tubos e outras defendendo que se colocasse um
fim em sua "agonia".
Shanbaug era
enfermeira do hospital King Edward Memorial de Mumbai, onde ficou internada até
está segunda-feira; ela sofreu graves danos cerebrais e ficou paralisada após
ser violentada, em 1973, quando tinha 25 anos.
O estuprador
era um faxineiro do hospital que a estrangulou usando uma corrente de metal.
Debate.
Em 2001, a
Suprema Corte da Índia rejeitou um pedido de eutanásia a Shanbaug, após um
grupo de médico examiná-la.
A
solicitação de que se interrompesse a alimentação da enfermeira foi negada
porque representantes do hospital disseram que ela "conseguia aceitar
comida, respondia com expressões faciais e fazia sons".
Segundo os
médicos, pacientes em estado vegetativo estão acordados, e não em um coma
propriamente dito, mas não têm percepção do que acontece ao seu redor por conta
do dano cerebral.
No entanto,
mesmo a eutanásia tendo sido negada à enfermeira, o julgamento foi considerado
histórico porque acabou tornando legal no país a chamada eutanásia passiva.
Nessa
prática, não se ministra nenhum medicamento que provoque a morte do paciente,
apenas se interrompem cuidados médicos que tenham como objetivo prolongar a
vida.
Com a
aprovação, esse tipo de eutanásia pôde ser permitida em alguns casos, se o
pedido for feito por médicos e for aprovado na Justiça.
Pneumonia.
Durante
essas mais de quatro décadas, Shanbaug foi transferida para a UTI diversas
vezes.
Na última,
na semana passada, ela foi colocado em um ventilador após ter dificuldades de
respirar. Segundo um porta-voz do hospital, ela morreu por conta de uma
pneumonia.
"Ela
finalmente conseguiu voar para longe. Mas antes disso, deu à Índia uma lei
sobre eutanásia passiva", disse à BBC a jornalista Pinki Virani, que
escreveu o livro Aruna’s
Story, sobre o caso.
Virani foi a
autora do pedido à Suprema Corte indiana para que autorizasse a eutanásia da
enfermeira e colocasse um fim à sua "insuportável agonia".
Vários
defensores de direitos humanos apoiaram a causa da jornalista, mas diretores,
médicos e enfermeiros do hospital em que ela trabalhava se opuseram ao pedido.
Segundo o
jornal indiano the Hindustan
Times, o estuprador da Shanbaug, Sohanlal Bharta Valmiki, cumpriu sete
anos de prisão após ser condenado por roubo e tentativa de suicídio. No
entanto, ele não foi condenado por estupro, já que sodomia não era considerado
estupro pelas leis indianas da época.
O então
namorado de Shanbaug, o médico residente Sundeep Sardesai, esperou por sua
recuperação por quatro anos, mas depois foi morar no exterior e acabou casando
com outro pessoa.
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