FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).
Muito se tem falado
sobre a oxitocina, conhecida como “hormônio do amor”, seu papel na ligação de
mães e bebês e até na excitação sexual. Agora, um estudo sugere que a
substância também possui seu lado negro: ela influenciaria nosso comportamento
de forma similar ao álcool.
A oxitocina é um
hormônio e também um neurotransmissor. Produzido pelo hipotálamo, no cérebro,
controla a contração do útero, no parto, e a produção de leite durante a
amamentação.
Sabe-se, hoje, que o
hormônio também interfere em comportamentos como o altruísmo, a empatia e a
generosidade, tornando as pessoas mais dispostas a confiar nos outros.
O pesquisador Ian
Mitchell, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Birmingham, no Reino
Unido, afirma que a oxitocina suprime a atividade de certas áreas no cérebro,
reduzindo a ansiedade, o medo e o estresse.
Como a bebida
alcoólica também desencadeia esses comportamentos, o pesquisador e sua equipe
analisaram uma série de estudos sobre os efeitos da oxitocina administrada por
meio de spray nasal e do álcool no cérebro.
O grupo descobriu que
as duas substâncias agem de forma similar. Embora alcancem receptores
diferentes no cérebro, ambas têm efeitos semelhantes sobre o Gaba (ácido
gama-aminobutírico), outro neurotransmissor importante, e sua ação no córtex
pré-frontal e em áreas límbicas do cérebro.
Explicando melhor:
esse circuito que envolve o Gaba controla o modo como percebemos o estresse e a
ansiedade, por exemplo em situações como entrevistas de emprego ou início de
paquera. Não é à toa que muita gente usa o álcool para tomar coragem e convidar
alguém para sair.
Os pesquisadores
acreditam que a oxitocina poderia ser usada com finalidade parecida, o que não
é algo livre de efeitos colaterais. Segundo outro autor do estudo, Steven
Gillespie, tanto o álcool quanto o hormônio podem tornar as pessoas mais
agressivas, arrogantes e invejosas, além de incentivar o favoritismo em relação
a certos indivíduos.
Qualquer substância
usada artificialmente para influenciar nosso medo e percepção de confiança pode
envolver riscos, reiteram os autores. De qualquer forma, eles acreditam que a
oxitocina talvez seja útil, no futuro, para tratar certas condições
psicológicas e psiquiátricas.
A descoberta foi
publicada no periódico Neuroscience and Biobehavioral Reviews e
divulgada no site Medical News Today.
Jairo Bouer é médico formado
pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em
psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no
Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar
seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para
o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a
dúvidas através de diferentes meios de comunicação.
Sobre o blog.
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões
sobre saúde, sexo e comportamento.
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