quinta-feira, 21 de maio de 2015

HORMÔNIO DO AMOR AGE DE FORMA SIMILAR AO ÁLCOOL, SEGUNDO ESTUDO...

FONTE: *** Jairo Bouer (doutorjairo.blogosfera.uol.com.br).

Muito se tem falado sobre a oxitocina, conhecida como “hormônio do amor”, seu papel na ligação de mães e bebês e até na excitação sexual. Agora, um estudo sugere que a substância também possui seu lado negro: ela influenciaria nosso comportamento de forma similar ao álcool.

A oxitocina é um hormônio e também um neurotransmissor. Produzido pelo hipotálamo, no cérebro, controla a contração do útero, no parto, e a produção de leite durante a amamentação.

Sabe-se, hoje, que o hormônio também interfere em comportamentos como o altruísmo, a empatia e a generosidade, tornando as pessoas mais dispostas a confiar nos outros.

O pesquisador Ian Mitchell, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, afirma que a oxitocina suprime a atividade de certas áreas no cérebro, reduzindo a ansiedade, o medo e o estresse.

Como a bebida alcoólica também desencadeia esses comportamentos, o pesquisador e sua equipe analisaram uma série de estudos sobre os efeitos da oxitocina administrada por meio de spray nasal e do álcool no cérebro.

O grupo descobriu que as duas substâncias agem de forma similar. Embora alcancem receptores diferentes no cérebro, ambas têm efeitos semelhantes sobre o Gaba (ácido gama-aminobutírico), outro neurotransmissor importante, e sua ação no córtex pré-frontal e em áreas límbicas do cérebro.

Explicando melhor: esse circuito que envolve o Gaba controla o modo como percebemos o estresse e a ansiedade, por exemplo em situações como entrevistas de emprego ou início de paquera. Não é à toa que muita gente usa o álcool para tomar coragem e convidar alguém para sair.

Os pesquisadores acreditam que a oxitocina poderia ser usada com finalidade parecida, o que não é algo livre de efeitos colaterais. Segundo outro autor do estudo, Steven Gillespie, tanto o álcool quanto o hormônio podem tornar as pessoas mais agressivas, arrogantes e invejosas, além de incentivar o favoritismo em relação a certos indivíduos.

Qualquer substância usada artificialmente para influenciar nosso medo e percepção de confiança pode envolver riscos, reiteram os autores. De qualquer forma, eles acreditam que a oxitocina talvez seja útil, no futuro, para tratar certas condições psicológicas e psiquiátricas.

A descoberta foi publicada no periódico Neuroscience and Biobehavioral Reviews e divulgada no site Medical News Today.


Jairo Bouer é médico formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com residência em psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da USP. A partir do seu trabalho no Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas da USP (Prosex), passou a focar seu trabalho no estudo da sexualidade humana. Hoje é referência no Brasil, para o grande público, quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a dúvidas através de diferentes meios de comunicação.

Sobre o blog.
Neste espaço, Jairo Bouer publica informações atualizadas e opiniões sobre saúde, sexo e comportamento.


                          

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