FONTE: Adilson Fonsêca, TRIBUNA DA BAHIA.
Usado para combater a impotência sexual, remédio é
consumido indiscriminadamente.
A
necessidade de “ficar aceso” e o medo de “negar fogo”, não é um pesadelo
somente de homens de meia idade e idosos, durante um relacionamento sexual. Mas
também de jovens entre 18 e 25 anos, que cada vez mais se tornam ávidos
consumidores dos medicamentos para disfunção erétil, mas precisamente do
Viagra, pílula que originalmente foi criada para o controle da hipertensão
arterial, mas que acabou virando a coqueluche (e o sonho) de idosos e jovens
adultos em todo o mundo que têm problemas de disfunção erétil.
Os
riscos de dependência química e psicológica e de complicações cardíacas parecem
não amedrontar quem consome o medicamento sem seguir quaisquer orientações
médicas. De 1998, quando o produto foi lançado no mercado brasileiro, até 2013,
já foram vendidos mais de 114 milhões de comprimidos no País, o que dá uma
média de sete milhões de comprimidos à cada ano, conforme o último balanço de
vendas divulgado pelo Laboratório norte-americano Pfizer, fabricante do
medicamento.
Tão
popular ele ficou, que até promoções são feitas para atrair consumidores de
todas as faixas etárias. Na rede de Farmácia Popular, em Salvador, o Viagra
também é adquirido com o nome científico de “nitrato de sildenafila”, e ao
comprar três caixas, com um comprimido cada, o cliente ganha de brinde outra
caixa. Nas bancas ou nas esquinas do centro da cidade e em feiras como São
Joaquim e Sete Portas, a “pílula azul”, ou “diamante azul”, como é popularmente
chamado, também é vendido sem qualquer critério ou necessidade de receita
médica.
Na rede
Farmácia do Trabalhador, a promoção é ainda mais arrojada: três caixas do
medicamento, que recebe o nome genérico de “Virineo” sai por R$ 10. “O consumo
maior é de jovens, principalmente a partir da sexta-feira”, admite a vendedora
da loja, que fica na Piedade. O preço convidativo também estimula o
comércio clandestino e não raro pessoas compram lotes de 10 ou mais caixas para
revender a preços que variam de R$ 5 a R$10 cada unidade.
Facilidades.
No seu nome original, o Viagra (Pfizer) chega a custar R$ 132,00 a caixa com
oito comprimidos de 50mg. Mas em Salvador, as pessoas podem encontrar o Viagra
na sua forma genérica em qualquer farmácia, a preços até cinco vezes mais
baratos.
Nas
feiras livres como a Sete Portas, ou nas mãos dos ambulantes nas avenidas Sete
e Joana Angélica, ou ainda em áreas onde se concentram vários hotéis de
pernoite, como a Baixa dos Sapateiros, Calçada e Largo dois de Julho, os
preços variam a depender da movimentação da clientela.
Com a
decisão do governo brasileiro de quebrar a patente do Viagra, em junho de 2010,
em poder do Laboratório Pfizer, o medicamento hoje pode ser encontrado na forma
genérica fabricado pelos laboratórios brasileiros Eurofarma, SEM, Teuto e Neo
Química, a preços populares. Apesar dos riscos (veja efeitos colaterais abaixo)
com o uso indiscriminado e sem quaisquer acompanhamentos médicos, a
comercialização não está sujeita às normas da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) no que se refere à obrigatoriedade do uso da receita médica.
O
Viagra tem sido usado associado a bebidas alcoólicas e, principalmente, a
estimulantes energéticos à base de taurina, como o “Red Bull” e a drogas
hiperativas, como o “exctasy”. Esse coquetel é uma verdadeira bomba nas funções
cardíacas do indivíduo, podendo levá-lo à morte ou à dependência química e
psicológica, como alerta o médico cardiologista Jadelson Andrade, e o psicólogo
Judson Ricker.
Uso contínuo causa disfunção erétil precoce.
O cardiologista Jadelson Andrade acompanha a situação e diz
que os jovens que fazem uso contínuo do Viagra e similares correm sérios riscos
de terem uma disfunção erétil precoce. Isso porque, entre os 18 e 25 anos, o
organismo humano está em pleno desenvolvimento e as funções sexuais plenas, não
sendo necessário qualquer estimulante medicamentoso.
“O nitrato de sildenafila (Viagra) foi feito para quem tem disfunção erétil, ou alterações hormonais, não como estimulante sexual”, adverte. Segundo explicou o uso contínuo do medicamento, principalmente quando associado a bebida alcoólica, energéticos e substâncias psicoativas, causa uma dependência que mais tarde, de forma precoce, vai resultar na impotência sexual. “O mais grave é que o organismo vai estar tão dependente que nem o aumento da dosagem vai resolver a disfunção erétil”, diz.
“O nitrato de sildenafila (Viagra) foi feito para quem tem disfunção erétil, ou alterações hormonais, não como estimulante sexual”, adverte. Segundo explicou o uso contínuo do medicamento, principalmente quando associado a bebida alcoólica, energéticos e substâncias psicoativas, causa uma dependência que mais tarde, de forma precoce, vai resultar na impotência sexual. “O mais grave é que o organismo vai estar tão dependente que nem o aumento da dosagem vai resolver a disfunção erétil”, diz.
Já o professor aposentado das universidades de Feira de Santana (UEFS) e do Estado da Bahia (UNEB) e psicólogo clínico com mestrado nos Estados Unidos, Judson Ricker, entende que o uso de Viagra pelos jovens de 18 a 25 anos revela uma patologia emocional. “Trata-se de um desequilíbrio emocional, calcado pela insegurança que o leva ao exagero, que é o de ter uma performance sexual além do normal”, diz. E como todo excesso, há os riscos físicos e emocionais
.Ao buscar o “tesão” em excesso, por meio artificial, diz o psicólogo, o jovem esquece o “tesão” natural, que é mais sadio e duradouro, pois é do próprio desenvolvimento do organismo. “É melhor o desejo longo, demorado, que aquele de supetão, que pode quebrar a máquina (o corpo), criando uma dependência”, diz.
.
A “pílula azul”.
O nitratro de sildenafila (Viagra como é mais conhecido) é um potente vasodilatador e por isso mesmo, quem o usa deve observar alguns cuidados médicos, adverte o cardiologista Jadelson Andrade. Ele critica a liberação de comercialização sem a necessidade de receita médica, por causa dos efeitos colaterais do medicamento. “Deveria ser comercializado como os antibióticos”, diz.
Quando
foi descoberto,o Viagra tinha a função de controlar a hipertensão, mas o seu
efeito vasodilatador acabou transformando-o no primeiro medicamento eficaz
contra a disfunção erétil (impotência sexual. A droga foi patenteada em 1996, e
aprovada para uso na disfunção erétil pela Food and Drug Administration (FDA)
em 27 de Março de 1998, tornando-se a primeira pílula a ser aprovada nos
Estados Unidos para o tratamento das disfunções eréteis, sendo oferecida para
venda em abril de 1998 nos Estados Unidos e em junho do mesmo ano no Brasil.
Medicamento
pioneiro na moderna terapêutica da disfunção eréctil masculina, foi sintetizado
originalmente pelo Laboratório Farmacêutico Pfizer, nos Estados Unidos. Seus
principais concorrentes no mercado de medicamentos para o tratamento da
disfunção erétil são a tadalafila (Cialis) e a vardenafila (Levitra, Vivanza).
Primeiramente
foi estudada para o uso em hipertensão (alta pressão sanguínea) e angina (uma
forma de doença cardiovascular isquêmica). As primeiras impressões sugeriram
que a droga tinha um pequeno efeito sobre a angina, mas que podia induzir
fortemente ereções penianas. A Pfizer conseqüentemente decidiu comercializá-la
como tratamento para a disfunção erétil, ao invés de tratamento para a angina.
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