FONTE: Isabela Vieira - Repórter da Agência
Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
Ela alerta que um dos reflexos da
falta de condições adequadas de moradia e de sobrevivência são os episódios de
agressão aos mais velhos.
O Brasil não se preparou para o
envelhecimento de sua população e não tem estruturas adequadas para garantir
dignidade e autonomia aos idosos, de acordo com avaliação da presidente do
Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, Maria Angélica Sanchez.
Ela alerta que um dos reflexos da
falta de condições adequadas de moradia e de sobrevivência são os episódios de
agressão aos mais velhos.
De acordo com ela, não faltam
políticas brasileiras para garantir o bem-estar do idoso. No entanto, leis como
a Política Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto do Idoso, de 2003, não
foram colocadas em prática pelos governos municipais, estaduais e federal.
“No Brasil, o arcabouço legal é
avançado, mas o país envelheceu sem estar preparado”, disse Maria Angélica
à Agência Brasil nesta segunda (15.06), quando se comemora o Dia
Mundial de Combate à Violência contra o Idoso.
Segundo ela, países europeus,
como a França, desenvolveram políticas para evitar o abandono e garantir o
mínimo de autonomia para os mais velhos.
Em Paris, por exemplo, a
prefeitura paga cuidadores para visitá-los todos os dias em suas próprias casas
e ajudar em tarefas básicas, como banho, remédios e comida.
Enfermeiros também visitam os
idosos e dão atendimento em saúde, evitando o deslocamento para hospitais e a
ida para instituições de longa permanência.
Pesquisadora da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Angélica sugere que, no Brasil, além
da ajuda para o idoso continuar morando sozinho, deveriam ser criadas mais
unidades com profissionais de várias áreas, onde as famílias possam deixar os
idosos de dia e buscar a noite, os chamados “centros-dia”.
“Essa é uma forma de garantir que
as pessoas não precisem sair do mercado de trabalho para cuidar dos
familiares”, destacou.
Na opinião da especialista, essas
opções desafogam as superlotadas instituições públicas de longa permanência,
cuja maioria não tem infraestrutura adequada.
“As instituições filantrópicas
mais baratas são mal equipadas, têm equipes despreparadas, algumas são mantidas
por instituições religiosas que não têm muitos recursos, e a situação é
lastimável”, concluiu.
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