FONTE: *** Alexandre Faisal (dralexandrefaisal.blogosfera.uol.com.br).
Câncer de mama
metastático não é sentença de morte. Um inquérito nacional mostra as
crenças dos brasileiros sobre este problema
O Datafolha acaba de
publicar dados inéditos e preocupantes sobre o nível de conhecimento dos
brasileiros sobre o câncer de mama metastático, fase da doença na qual o tumor
atinge outros órgãos, reduzindo as chances de sobrevida. Reduzindo mas não
eliminando, como muitos erroneamente acreditam. Esta desinformação é uma dentre
outras observadas na pesquisa. A ela se somam o fato de que quase metade dos
entrevistados não sabe dizer a diferença entre câncer de mama inicial e
avançado; que 70% dos entrevistados acredita que uma mulher com câncer
metastático tem pouco tempo de vida e que invariavelmente câncer é sinônimo de
má-qualidade de vida. A pesquisa que faz parte da campanha “Por Mais Tempo” (www.pormaistempo.com.br), realizada pela Femama (Federação Brasileira de
Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), pelo Instituto Oncoguia e
pela Roche, teve como objetivo ampliar o debate sobre câncer de mama
metastático na sociedade, entrevistou 2.907 pessoas, homens e mulheres, com 25
ou mais anos de idade, que não tem ou nunca tiveram câncer, de todas as classes
econômicas, no período de março e abril de 2015, contemplando 174 municípios,
das cinco regiões geográficas do País. Os dados são fundamentais para a
conscientização da importância do diagnóstico e tratamento, precoce ou tardio,
do câncer de mama no Brasil. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima
aproximadamente 57 mil novos casos de câncer de mama em 2015, no Brasil. Mas
infelizmente e ao contrário de países desenvolvidos, o diagnóstico, em cerca de
50% dos casos, ocorre em fases tardias, comprometendo a sobrevida das mulheres.
Para citar um exemplo, a taxa de sobrevida do câncer de mama supera 80% nos
Estados Unidos, Suécia, Japão e Austrália, enquanto no Brasil é de
aproximadamente 60%. A ausência do diagnóstico precoce por meio da mamografia é
uma das explicações para estas taxas brasileiras reduzidas. A própria pesquisa
do Datafolha revela que entre as usuárias do setor público, 19% das mulheres
com idades entre 40 e 69 anos nunca fizeram esse exame. O dado é menos
desolador para as mulheres que tem planos de saúde: 5%. A mensagem final é que
é possível melhorar estes e outros índices, desde que a população, incluindo
homens e mulheres, esteja mais informada. Hoje, com a descoberta de novos
tratamentos, as mulheres portadoras de câncer de mama podem viver mais tempo e
com qualidade de vida. Ótima notícia para as mulheres com e sem câncer de mama.
(Coleman et al. Cancer
survival in five continents: a worldwide population-based study (CONCORD). Lancet
Oncol 2008;9:730-56).
Sobre o autor.
Alexandre Faisal é
ginecologista-obstetra, pós-doutor pela USP e pesquisador científico do
Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP. Formado em Psicossomática, pelo
Instituto Sedes Sapientiae, publicou o livro "Ginecologia
Psicossomática" e é co-autor do livro "Segredos de Mulher: diálogos
entre um ginecologista e um psicanalista”. Atualmente é colunista da Rádio USP
(FM 93.7) e da Rádio Bandeirantes (FM 90.9). Já realizou diversas palestras
médicas no país e no exterior. Apresenta palestras culturais e sobre saúde em
empresas e eventos.
Sobre o blog.
Acompanhe os boletins do "Saúde
feminina: um jeito diferente de entender a mulher" que discutem os assuntos
que interessam as mulheres e seus parceiros. Uma abordagem didática e
descontraída das mais recentes pesquisas nacionais e internacionais sobre temas
como gravidez, métodos anticoncepcionais, sexualidade, saúde mental, menopausa,
adolescência, atividades físicas, dieta, relacionamento conjugal, etc.
Aproveite.
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