FONTE: Giovanna Tavares, iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Falta de desejo ou desequilíbrio da frequência sexual pode ser um alerta, mas nem por isso a relação precisa ter um ponto final. Entenda.
Para
quem idealiza uma vida a dois com muito sexo e pouca crise, as notícias não são
tão animadoras. Na teoria, essa é a rotina perfeita que todos os parceiros
almejam.
Entre
quatro paredes, porém, os altos e baixos da libido são muito mais comuns do que
as pessoas imaginam. Nem sempre o desejo dos cônjuges está em perfeita harmonia
e equilíbrio. Esse alerta vermelho precisa indicar o término imediato da
relação?
Nada
deve ser encarado com tanto radicalismo. Isso porque a libido é realmente algo
individual, que varia de pessoa para pessoa. Ninguém vem com a “mesma
intensidade” de fábrica, e isso depende de inúmeros fatores, tanto genéticos
quanto emocionais.
Além
disso, situações externas, como um desgaste no relacionamento ou uma mudança na
dinâmica familiar também podem deixar o clima mais frio.
De
imediato, não é preciso olhar para esse cenário como um beco sem saída. Os
altos e baixos do tesão e as vontades divergentes são uma fase natural do
relacionamento de qualquer casal e que podem ser trabalhados em longo prazo.
Para mudar, basta um pouco de habilidade e disposição.
“Alguns
fatores físicos podem diminuir a libido, como problemas de saúde relacionados a
diabetes, hipertensão ou o uso de medicamentos para depressão. Além disso, há
também os fatores ambientais, como a perda do emprego ou conflitos familiares.
São em situações como essas que o parceiro perde um pouco do desejo pelo outro,
o que pode desestabilizar a relação”, explica Cristiane Maluf de Martin,
psicóloga especializada em psicanálise e terapia de casais.
Segundo
a especialista, o emocional também tem um peso fundamental nessa questão. Se o
parceiro não está satisfeito com o próprio desempenho e com a autoestima em
dia, fica ainda mais difícil se entregar a uma relação prazerosa.
Por
isso, mesmo que não seja necessário fazer tempestade em copo d’água, vale a
pena questionar que pontos da relação precisam ser discutidos e revistos, para
que todos os lados sejam levados em consideração.
Meio a meio.
O
alerta acendeu? A dica da especialista Daniela Faertes, psicóloga e
especialista em mudança de comportamento, é manter a calma.
“Altos
e baixos, em se tratando de um relacionamento, se dão em diversos níveis. Só
vale discutir essa parte da sexualidade como algo problemático quando ela se
tornar constante e duradoura. Meu conselho é esperar um pouco, para ver se as
coisas não voltam ao normal. Às vezes, é só uma fase. Quando existe a cobrança
de qualquer um dos lados, do homem ou da mulher, o efeito pode ser o contrário,
piorando ainda mais a relação”, reforça ela.
Portanto,
o primeiro passo é conversar e deixar as insatisfações muito claras. O tom deve
ser calmo, sem transparecer nenhum tipo de cobrança ou pressão.
Deve
existir a compreensão em primeiro lugar, principalmente se o cônjuge se mostrar
aberto às críticas e disposto a mudar e se reinventar. Outra dica é fazer uma
reflexão pessoal e tentar entender a raiz do desgaste na relação. Será que a
culpa é mesmo do outro ou algo também está errado do lado de cá?
“O
diálogo entre o casal é imprescindível nesse primeiro momento. Vale colocar
tudo em pratos limpos e nunca deixar virar que essa questão vire uma bola de
neve, com frustrações paralelas. Se não conversar de uma maneira clara, os
parceiros sempre vão justificar a falta de desejo com outras desculpas,
mascarando a verdadeira situação. Nós acabamos engolindo as frustrações,
deixando para lá. Chega um ponto em que as pessoas já estão tão magoadas e
feridas que não há amor que segure a relação”, alerta Cristiane Maluf.
Para
ninguém se sentir injustiçado, o caminho é buscar o equilíbrio entre vontades,
desejos e disposição. Se o parceiro quer transar três vezes por semana,
enquanto você se satisfaz com uma relação semanal, por que não tentar encontrar
a média perfeita para ambos?
Isso
não quer dizer que vale qualquer tipo de ação, como topar o sexo mesmo sem
vontade. É, antes de tudo, permitir-se e saber curtir o momento, sem neuras.
Tesão e romance.
Amar e
sentir tesão pelo parceiro são a combinação perfeita para um relacionamento
saudável. Porém, nem só de desejo ou romance vive um casal.
O
equilíbrio é importante, mas sempre pendendo para o lado do companheirismo e da
parceria, que vão muito além do prazer imediato do sexo. Sentir desejo pelo
amado é importante, mas não é tudo na vida.
Se a
relação é harmônica em diversos outros pontos, igualmente ou até mais
importantes, vale repensar se a questão sexual merece tanto destaque. Há casais
que vivem bem com uma frequência sexual mais baixa, por exemplo.
As
discussões que surgem desse dilema podem desgastar ainda mais a convivência do
casal. Se desprender de ideais românticos, que mudam com o passar dos anos e
com o amadurecimento dos parceiros, pode ser o primeiro passo para evitar
brigas e atritos.
“Em
relacionamento saudável, o tesão é indispensável. Sexo é a relação mais íntima
de um casal. Mas essa situação muda e as relações deixam de ser prioridade, por
conta de uma série de problemas do cotidiano. Por conta disso a gente pode
dizer que o relacionamento vai mal? Não necessariamente. Se os parceiros
estiverem em uma sintonia legal e harmoniosa, o caminho é priorizar o
companheirismo e o respeito mútuo”, pondera Cristiane Maluf.
Nenhum comentário:
Postar um comentário