FONTE:
*** Débora Nogueira,
Do UOL, em
Chicago (EUA)
(noticias.uol.com.br).
"Nunca se
entendeu tão bem a biologia molecular!", empolgou-se o hematologista Dani
Laks durante uma conversa no último congresso norte-americano de oncologia,
promovido pela ASCO (American Society of Clinical Oncology), em Chicago, nos
Estados Unidos. O médico, especialista em mieloma múltiplo sentia-se ansioso
pelos resultados que sairiam naquela tarde de sábado. Uma nova droga prometia
injetar anticorpos em pessoas que já haviam se submetido a mais de cinco outros
tipos de tratamento como quimioterapia e radioterapia e não estavam mais
respondendo ao tratamento. A droga prometia entregar bons prognósticos.
"Quanto mais
estudamos os assuntos, mais eles ficam complexos. Os pacientes passaram 30, 40
anos, recebendo os mesmos tipos de tratamento de cânceres de sangue, mas agora
posso dizer com segurança que os tratamentos estão mais específicos",
afirmou. Segundo ele, as pesquisas se concentram na biologia celular e as
terapias oferecem menos efeitos colaterais.
"O câncer é uma doença que muda com o tratamento, e quanto mais
você expuser o câncer a novas drogas, maior é a chance da doença ser eliminada
e você ganhar tempo", afirmou. O médico, que atua no Rio Grande do Sul,
acredita que as novas drogas podem ajudar na espera de novos medicamentos e
assim por diante. "São anos e anos de estudo, e isso é um caminho sem volta
até a cura", concluiu otimista o hematologista Dani Laks.
A cura do câncer talvez seja uma das
expressões menos pronunciadas banalmente em um congresso de oncologia. Em cinco
dias, mais de 30 mil especialistas, médicos, estudantes e farmacêuticos
reuniram-se para assistir aos resultados científicos mais importantes do último
ano na área de oncologia. Foram apresentados mais de cinco mil trabalhos
científicos. É como se cada um fosse um tijolo a mais em uma pilha de
conhecimento já consolidado, em busca de uma solução para uma doença tão
heterogênea.
"O novo conceito de cura do
câncer é a cura funcional. Ela já é uma realidade: existem tratamentos que
mantêm o estado de 'não-doença' ativo, a pessoa vive normalmente mesmo que a
cura não tenha sido encontrada", afirma o oncologista do Centron (Centro
de Tratamento Oncológico) Daniel Tabak.
Segundo Tabak, as pessoas precisam
perder o estigma de falar sobre câncer. "Sempre se visualizou o câncer
como uma doença fatal, mas talvez ela seja muito mais incurável que intratável.
À medida que o tempo passar vamos observar novos tratamentos em que o individuo
vai conviver com essa doença de uma forma muito melhor do que antes",
afirma Tabak.
Os avanços fazem eco entre todos os
especialistas. "Nunca soubemos tanto sobre oncologia como agora. Sabemos
mais sobre a genética do câncer, as especificidades que fazem as células se
transformarem em tumores, como o sistema imunológico atua e como ele pode ser
ativado para lutar melhor contra o câncer", exemplifica o chefe global de
oncologia na empresa farmacêutica Janssen, do grupo Johnson & Johnson,
Peter Lebowitz.
"A combinação de conhecimento
científico e tecnologia é a melhor que já tivemos historicamente. A diferença
nos resultados de pesquisas desse ano para o congresso do ano passado é enorme.
As pesquisas estão chegando a resultados rapidamente", completou Lebowitz.
Mas Lebowitz não faz coro com os
outros médicos em relação a tornar o câncer uma doença apenas controlável.
"Muitos querem transformar o câncer em uma doença crônica e, honestamente,
não tenho interesse nisso. Nós queremos curar o câncer e preveni-lo.
Acreditamos que estamos no caminho certo para isso". Lebowitz exemplificou
citando cânceres que já foram curados como algumas leucemias, linfomas e câncer
de testículos.
"Os bons resultados vão vir um
por vez, e espero que eu esteja vivo para vê-los", concluiu o executivo.
*** A jornalista viajou a convite da farmacêutica Janssen.

Nenhum comentário:
Postar um comentário