FONTE: Agência Brasil, CORREIO DA BAHIA.
"precisamos
valorizar a vida em qualquer situação ou condição que ela esteja", disse
dom Rocha.
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), dom Sérgio da Rocha, voltou a criticar nesta quarta-feira (10) o aborto
em casos de microcefalia de bebês, causada pelo vírus Zika.
“O aborto não é resposta para o vírus Zika, nós precisamos
valorizar a vida em qualquer situação ou condição que ela esteja. Menos
qualidade de vida não significa menor direito a viver ou menos dignidade
humana”, disse.
O combate ao vírus Zika, para dom Sérgio, deve ser feito
ao mesmo tempo, combatendo outras enfermidades provocadas pelo Aedes Aegypti,
como dengue e Chikungunya. “E que isso seja feito mobilizando a população com
medidas preventivas e campanhas educativas, mas sobretudo com o empenho do
poder público”.
A intensa circulação do vírus no Brasil e a possível associação da infecção em gestantes com casos de microcefalia reacendeu o debate sobre o aborto no país.
Dom Sérgio da Rocha participou hoje do lançamento da
Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016. Com o tema “Casa comum, nossa responsabilidade”
e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho
que não seca”, a campanha tem foco no saneamento básico, no desenvolvimento, na
saúde integral e na qualidade de vida.
“Infelizmente, a nossa casa comum está sendo assolada
pelo mosquito transmissor de doenças e nossa família comum está sofrendo e
morrendo por causa das enfermidades. A falta de saneamento básico está ligado à
proliferação do mosquito [Aedes aegypt]”, disse dom Sérgio.
Na semana passada, a CNBB já havia se manifestado sobre o
tema, lamentando que “alguns julguem que a solução para esses casos seja o
aborto de bebês com microcefalia” e que isso representa total desrespeito ao
dom da vida e às pessoas com algum tipo de limitação, apesar de entender a extrema
gravidade da situação vivida por gestantes em todo o país.
Por outro lado, no Brasil, um grupo composto por
advogados, acadêmicos e ativistas prepara uma ação, a ser entregue ao Supremo
Tribunal Federal (STF), que cobra o direito de interromper a gravidez em casos
em que a síndrome for diagnosticada nos bebês.
O Alto-Comissariado de Direitos Humanos da Organização
das Nações Unidas (ONU) também defendeu que países com surto do vírus Zika
autorizem o direito ao aborto em casos de infecção em gestantes.
“Claramente, conter a epidemia de Zika é um grande
desafio para os governos na América Latina”, disse o alto-comissário da ONU,
Zeid Ra’ad Al Hussein, em coletiva de imprensa em Genebra no último dia 5.
“Entretanto, a orientação de alguns governos para que mulheres adiem a gravidez
ignora a realidade de que muitas delas simplesmente não podem exercer controle
sobre quando e em que circunstâncias ficar grávida”.
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