FONTE: Marina
Oliveira e
Rita Trevisan, Do UOL, em São Paulo, (estilo.uol.com.br).
Imagine a cena: um casal está transando e, por
maiores que sejam os esforços do par, a mulher já sabe que não chegará ao
orgasmo. Não naquele dia ou, pelo menos, não naquele momento do dia. Porém, ela
prefere fingir que chegou lá a ter uma conversa sobre o assunto. Ela encena, a
transa acaba e os dois têm a sensação de dever cumprido.
Fingir prazer é mais comum do que se imagina.
Pesquisas já sugeriram que a maioria das mulheres finge orgasmo em algum
momento da vida. Um exemplo é um estudo conduzido por cientistas de duas
universidades do Reino Unido (University of Central Lancashire e University of
Leeds), divulgado em 2010, em que 80% das entrevistadas assumiram fingir
gemidos de prazer ao perceberem que não chegariam ao orgasmo durante a relação.
De fato, fingir vez ou outra pode ter um efeito
benéfico no momento e não representar um problema para a relação no futuro. No
entanto, é preciso que a mulher reflita sobre a origem daquele comportamento.
“Será que ela está fingindo de vez em quando, por preguiça, cansaço ou não quer
desagradar o parceiro? Ou será que ela quase nunca tem um orgasmo e finge para
não ter de lidar com essa questão?", pergunta o psicólogo Diego Henrique
Viviani, do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade).
"Encenar o clímax, em alguns casos, serve
até para aumentar a própria excitação sexual e faz parte do processo de
conseguir um orgasmo de fato", afirma a psicóloga Quetie Mariano Monteiro,
do Cresex (Centro de Referência e Especialização em Sexologia do Hospital
Peróla Biyngton).
Em resumo, desde que consciente e pontual, o ato
de fingir orgasmo não é totalmente condenável. Os gemidos podem ser uma forma
de se soltar mais e de deixar o prazer fluir. Na pesquisa já citada, 92% das
mulheres disseram que fingir o orgasmo na relação fez bem à autoestima do par.
“O importante é que a mulher avalie, também, o
quanto o fingir está interferindo em sua autoestima”, diz Quetie. Ela explica
que muitas mulheres, quando não conseguem atingir o orgasmo, consideram que há
algo errado com elas e só optam pela encenação por medo de perder ou
decepcionar a outra pessoa.
O outro lado.
Para a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello,
coordenadora do ambulatório de sexualidade da ABS (Associação Brasileira de
Sexualidade), fingir sempre o orgasmo implica em mentir. "Ao agir assim, a
mulher faz de conta que nada está acontecendo, para não ter de conversar e
mudar comportamentos", diz.
Ela defende que se um dos pares está cansado e
sem vontade de transar, isso deve ser declarado. “Ninguém é de ferro. Hoje pode
ser você que não queira, amanhã pode ser o contrário. Conversem para que os
dois sintam-se livres e possam ser sinceros”, afirma.
A pessoa pode explicar a situação para o par e,
ainda assim, topar uma rapidinha, por exemplo. "Tendo consciência disso, o
outro não ficará magoado, até porque nem toda atividade sexual precisa terminar
em orgasmo para ser boa”, diz Viviani.
Não chegar ao orgasmo em todas as transas é
normal. Portanto, não há razão para concluir que a franqueza em relação ao
assunto vai assustar o outro. “Muitas vezes, por desconhecimento do próprio
corpo, algumas mulheres fingem e o ciclo de desinformação se mantém”, afirma
Quetie.
Se a falta de orgasmo inibir a vontade de fazer
sexo, a mulher passar a evitar a relação íntima por conta dessa dificuldade ou,
ainda, se sentir-se frustrada consigo mesma ao fim de toda relação, é preciso
parar e repensar. “Nesses casos, o fingir deixa de ter um caráter protetor com
o outro e passa a ser motivo de sofrimento para a própria mulher”, diz Diego
Henrique Viviani.
“Existem muito mais razões para não fingir o
orgasmo do que para fingir, porque o ápice do prazer é uma sensação muito boa,
que todas as mulheres devem se permitir experimentar”, diz Quetie. “Por isso,
se perceber que a encenação está se tornando frequente demais, é preciso buscar
ajuda”, afirma.
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