FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Pessoas que praticam
exercícios físicos de resistência, como corridas de longa distância, têm um
envelhecimento mais saudável, com ga nhos na saúde cerebral e cardiovascular. É
o que apontam dois estudos recentes, realizados por pesquisadores da Universidade
do Arizona e da Universidade de São Paulo (USP).
No primeiro deles,
publicado no jornal científico
Frontiers In Human Neuroscience, exames
de ressonância magnética revelaram que cérebros de jovens adultos de 18 a 25
anos corredores têm maior conectividade funcional –conexões entre regiões
cerebrais distintas— do que cérebros de indivíduos sedentários, que não
praticaram atividades físicas no último ano.
Já o segundo, de
autoria de Marcelo Hiro Akiyoshi Ichige, graduando em medicina da USP, e
publicado em The Journal of Physiology em agosto deste ano, sugere que seis semanas de
treinamento físico podem evitar a perda de neurônios ligados à atividade
cardiovascular, corrigindo a frequência cardíaca de pessoas com o funcionamento
cardiovascular prejudicado.
Correr faz bem para o
cérebro.
Áreas do
cérebro como o córtex frontal --responsável por funções cognitivas como
planejamento, tomada de decisão e capacidade de mudança de atenção entre
tarefas—são estimuladas quando fazemos exercícios físicos de repetição, como
corridas de longa distância, aponta o estudo da Universidade do Arizona.
Esta é uma novidade
importante trazida pela pesquisa: estudos anteriores reforçavam a tese de que
atividades que exigem controle motor fino, como tocar instrumentos musicais, ou
que exigem altos níveis de coordenação, como jogar golfe, podem alterar a
estrutura e a função cerebral. Não havia, porém, evidências de estímulos
cerebrais em atividades de repetição como a corrida.
Além disso, pesquisas
que relacionavam o impacto de exercícios físicos sobre o cérebro, em geral,
eram realizadas com pessoas mais idosas. Ao desenvolver o estudo com jovens,
pôde-se verificar que áreas do cérebro que são estimuladas com atividades como
a corrida são as mesmas que são impactadas com o avanço da idade. E como os
idosos têm a conectividade funcional alterada com o passar dos anos, ser ativo
como um jovem adulto pode ser algo potencialmente benéfico.
Cabe ressaltar que os
exames de ressonância magnética que mediram a conectividade funcional foram realizados
com jovens em repouso, de massa corporal e níveis educacionais semelhantes.
Perda de neurônios ligados
ao coração podem ser revertidos com a prática de exercícios.
A prática de
exercícios físicos, segundo a pesquisa da USP realizada com ratos, é capaz de
bloquear alterações como a perda de neurônios que inervam o coração e, ainda,
corrigir a frequência cardíaca.
Pessoas com insuficiência cardíaca --condição acompanhada por redução da função dos ventrículos, ativação de mecanismos nervosos e hormonais compensatórios e disfunções do sistema nervoso autônomo-- poderiam, então, segundo o estudo, melhorar sem os efeitos colaterais de tratamentos à base de medicamentos.
O estudo foi
conduzido com 47 ratos machos de oito semanas de vida. Neles, foi induzida a
insuficiência cardíaca por aplicação de droga e procedimento cirúrgico. As
cobaias foram, então, divididas entre sedentárias, de um lado, e submetidas a
exercícios físicos, de outro.
Observou-se, com
isso, que, com seis semanas de treinamento, evitou-se, nos animais, a
perda dos neurônios ligados à atividade cardiovascular, readequando o
fluxo nervoso para o coração. E a correção da disfunção, obtida pela atividade
física, ocorreu mesmo com a persistência da função anormal dos ventrículos.
A conclusão, então,
foi de que seis semanas de treinamento físico podem evitar a perda de neurônios
ligados à atividade cardiovascular e restabelecer o tônus parassimpático.
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