FONTE: *** Dr. Tufi Dippe Jr,
(portaldocoracao.uol.com.br).
Segundo dados do Ministério da
Saúde, 56,6% dos brasileiros entre 15 e 24 anos usam camisinha com parceiros
eventuais.
A falta de prevenção no início
da vida sexual vem preocupando o órgão, afirma Adele Schwartz Benzaken,
diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e
Hepatites Virais.
"Nos últimos anos, temos
observado que a população mais jovem está reduzindo o uso do
preservativo", diz ela à BBC Brasil.
Mas é no Carnaval que as
campanhas de prevenção se intensificam. Até o fim da festa, peças publicitárias
do governo estarão em TVs, revistas e redes sociais propagando o slogan
"No carnaval, use camisinha - e viva essa grande festa!".
As campanhas miram, sobretudo, o
alto número de pessoas no Brasil que têm HIV mas ainda não sabem -
aproximadamente 112 mil brasileiros - e os cerca de 260 mil que vivem com o
vírus mas ainda não se tratam, aumentando o risco de propagação da doença.
Apesar de o principal foco
continuar sendo a prevenção de HIV/Aids, especialistas alertam para o risco de
propagação de outras doenças, como HPV, herpes genital, gonorreia, hepatite B e
C e, especialmente, sífilis.
Saiba mais sobre cada doença
abaixo. Todas podem ser evitadas com o uso do preservativo.
HIV/Aids.
O vírus da imunodeficiência
humana é o causador da Aids, que ataca o sistema imunológico e derruba o
sistema de defesa do organismo. No Brasil, a epidemia de HIV/Aids é considerada
estabilizada, mas vem avançando entre os mais jovens.
Na última década, o índice de
contágio mais que dobrou entre jovens de 15 a 19 anos, passando de 2,8 casos
por 100 mil habitantes para 5,8 casos.
Também aumentou na faixa etária
entre 20 a 24 anos, chegando a 21,8 casos a cada 100 mil habitantes.
"Isso mostra que nossa
população jovem está mais vulnerável ao HIV e precisa acessar mais conhecimento
e os serviços de saúde para se testar", afirma a infectologista Brenda
Hoagland, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e AIDS do
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz).
"Como a nova geração não
assistiu à epidemia quando o HIV ainda não tinha tratamento, é possível que não
tenha uma percepção sobre a gravidade do HIV, o que aumenta nossa
responsabilidade de informar sobre sobre riscos e prevenção", acrescenta
ela.
Atualmente, cerca de 827 mil
pessoas vivem com o HIV no país, e aproximadamente 112 mil brasileiros têm o
vírus, mas não o sabem. O tratamento contínuo ao HIV pode controlar a doença,
garantir a sobrevida dos infectados e tornar o vírus indetectável (o que
equivale a prevenir a transmissão com uma segurança de 96%). Mas não pode
curá-la. O teste rápido costuma detectar a infecção cerca de 15 dias após o
contágio.
As campanhas costumam focar no
uso da camisinha como método de prevenção, mas é essencial conhecer também a
proteção disponível para casos de relação de risco desprotegidas, frisa Brenda
- a chamada profilaxia pós-exposição, ou PEP, um conjunto de medicamentos
contra o HIV que devem ser ingeridos por 28 dias no período imediatamente após
o possível contágio.
"Se uma pessoa teve uma
relação sexual desprotegida em que suspeite de risco para o HIV, ela deve
procurar um serviço de saúde até no máximo 72 horas após a relação. Ou seja, se
a camisinha rompeu ou deixou de ser usada, a pessoa pode buscar o atendimento
numa emergência e o serviço é gratuito", ressalta a infectologista,
acrescentando que quanto mais cedo se inicia o tratamento dentro dessas 72
horas, maiores suas chances de eficácia.
Sífilis.
Transmitida pela bactéria
Treponema pallidum, a infecção apresenta diferentes estágios, do primário ao
terciário, e tem maior potencial de infecção nas duas primeiras fases, que
costumam ocorrer até 40 dias após o contágio. É transmitida por relações sexuais
ou pode ser passada da gestante para o bebê.
"A sífilis congênita, que é
notificada compulsoriamente no Ministério da Saúde, é transmitida de mãe para
filho e teve aumento de quase 200% ao longo dos últimos dois anos", alerta
a infectologista Brenda Hoagland, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro
Chagas (INI/Fiocruz).
Os sintomas são feridas na
região genital (na fase primária) e manchas no corpo que sugerem uma alergia
(na fase secundária). O tratamento da doença é gratuito na rede pública, feito
com penicilina.
HPV.
O Papilomavírus Humano existe
com mais de 200 variações e se manifesta por meio de formações verrugosas - que
podem aparecer no pênis, vulva, vagina, ânus, colo do útero, boca ou garganta.
O sexo é a principal forma de
transmissão do HPV, seja pelo coito ou pelo sexo oral.
O HPV é uma preocupação grave de
saúde pública pelo potencial de alguns tipos do vírus causarem câncer,
principalmente no colo do útero e no ânus, mas também na boca e na garganta,
que vêm aumentando entre os jovens.
O vírus pode ficar latente por
períodos prolongados sem que haja sintomas, e é difícil erradicar a infecção
por completo. Por isso, especialistas recomendam que mulheres em idade
reprodutiva façam exames preventivos anuais no colo do útero para monitorar o
aparecimento de possíveis lesões que antecedem o câncer e que podem ser
tratadas. Apenas 56,6% dos jovens brasileiros usam camisinha com parceiros
eventuais
A infectologista Brenda
Hoagland, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz),
estende a recomendação a homens que fazem sexo anal desprotegido, e devem fazer
exames preventivos na região anal e no reto.
No fim do ano passado, o
Ministério da Saúde anunciou que a vacina quadrivalente que protege contra
quatro tipos de HPV passaria a ser oferecida também para meninos, na faixa de
12 a 13 anos. Até agora, a vacina só era disponibilizada para meninas de 9 a 13
anos.
Gonorreia.
A doença é causada pela bactéria
Neisseria gonorrhoeae, que infecta sobretudo a uretra. O sintoma mais comum é a
presença de corrimento na região genital, mas a infecção pode causar dor ou
ardor ao urinar, dor ou sangramento na relação sexual e, nos homens, dor nos
testículos. A maioria das mulheres infectadas não apresenta sintomas.
O tratamento é feito com antibiótico
e deve ser estendido ao parceiro, mesmo que este não tenha sintomas.
Quando não tratada, a infecção
pode atingir vários órgãos, como o testículo, nos homens, e o útero e as
trompas, nas mulheres, e pode causar infertilidade e complicações graves.
Herpes genital.
Transmitido pela relação sexual
com uma pessoa infectada, o vírus do herpes causa pequenas bolhas e lesões
dolorosas na região genital masculina e feminina.
As feridas podem acompanhar
ardor, coceira, dor ao urinar e mesmo febre, e os sintomas podem reaparecer ou
se prolongar quando a imunidade está baixa.
"O herpes não tem cura. A
partir do momento que você tem uma infecção, você ter vários episódios ao longo
da vida. A única forma de prevenção é o preservativo", ressalta a
infectologista Brenda Hoagland, da Fiocruz.
Além do incômodo causado pelas
lesões, o herpes pode facilitar a entrada das outras doenças sexualmente
transmissíveis.
Os portadores do vírus devem ter
cuidado redobrado para não transmiti-lo, o que ocorre principalmente quando as
feridas estão presentes, mas pode também ocorrer na ausência das lesões ou
quando elas já estão cicatrizadas. A doença pode ter consequências graves
durante a gravidez, podendo provocar aborto e trazer sérios riscos para o bebê.
Hepatite B ou C.
No Brasil, as formas virais mais
comuns de hepatite ou inflamação do fígado são as causadas pelos vírus A, B ou
C.
A hepatite B é transmitida
sexualmente, e também por transfusão de sangue e compartilhamento de material
para uso de drogas, entre outros.
As mesmas formas valem para a
hepatite C, mas a transmissão sexual é mais rara, por isso, ela não é
considerada propriamente uma infecção sexualmente transmissível.
De acordo com o Ministério da
Saúde, milhões de brasileiros são portadores dos vírus B ou C e não sabem.
Correm, assim, o risco de desenvolver a doença crônica e ter graves danos ao
fígado, como cirrose e câncer.
A vacina contra a hepatite B é
gratuita e disponível na rede pública. O diagnóstico é feito por meio de exame
de sangue e o tratamento pode combinar medicamentos e corte de bebidas
alcoólicas.
Os sintomas para ambas as
doenças são raros, mas podem incluir cansaço, tontura, enjoo e pele e olhos
amarelados.
Como a doença é considerada
"silenciosa", é indicado realizar exames de rotina que detectam todas
as suas formas. Ainda não há vacina para a hepatite C.
Fonte: BBC Brasil.
Dr.
Tufi Dippe Jr
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