sexta-feira, 7 de agosto de 2020

COMO UM REMÉDIO AGE EM QUALQUER PARTE DO CORPO, SE ELE VAI PARA O ESTÔMAGO?...

FONTE: Bruna Alves, Colaboração para VivaBem, https://www.uol.com.br/

Você já parou para pensar como os medicamentos agem em uma parte específica do corpo, se teoricamente tudo vai para o estômago? Essa é uma dúvida que passa na cabeça de muita gente, e foi tema de um tweet que viralizou:

PENSANDO em como o analgésico descobre o lugar que está doendo.

Todo medicamento tem um princípio ativo, que é a substância capaz de fazer o efeito esperado, como aliviar os sintomas ou até curar uma enfermidade. E todas as substâncias passam pela corrente sanguínea. Dito isto vamos entender o processo após a ingestão:

  1. Quando ingerimos um analgésico, por exemplo, ou qualquer outro medicamento, ele vai direto para o estômago, onde acontece um processo de degradação do comprimido (como se deixássemos o comprimido na água para dissolver). Mas aqui vale lembrar que mesmo os remédios líquidos vão para o estômago;
  2. Em seguida, o medicamento vai para o intestino como moléculas ainda menores (partes químicas) para ser absorvido;
  3. Depois ele vai para o fígado onde acontece o processo de metabolização. Dentro das células do fígado existem enzimas que vão ativar ou desativar essas moléculas (o remédio que tomamos);
  4. Por fim, essas moléculas vão para a corrente sanguínea do corpo.

"Como o medicamento vai para o sangue, ele vai passar por todos os tecidos do nosso organismo. E terá efeito no tecido que tem o receptor ou a enzima específica para ele", explica Patrícia Moriel, farmacêutica e professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Isso significa que um único remédio pode agir em várias partes do corpo ao mesmo tempo. Por exemplo, se eu tomar um remédio para vômito e sentir sono, teoricamente, não teria nada a ver. Então, por que isso acontece? Porque ele atua em vários locais no organismo. É o famoso efeito colateral.

Por isso, os cientistas buscam continuamente medicamentos que atuem somente no problema específico, para que outras células não sejam atingidas.

"Tem-se buscado muitos medicamentos que só atuem nas células do câncer, porque quando as pessoas tomam quimioterápicos, eles matam não só as células do câncer, mas também outras células normais, porque a gente não tem essa especificidade medicamentosa", diz Moriel.

No entanto, vale ressaltar que, embora não sejam a maioria, muitos medicamentos atuam apenas em células específicas, não agindo em todos os tecidos do corpo. Nesses casos, há menos possíveis efeitos colaterais.

"Tem o medicamento que vai fazer efeito no corpo todo, mas tem alguns que vão fazer efeito só em algumas células, porque só conseguem entrar nelas. É como se fosse uma chave e fechadura. Cada célula tem a sua fechadura, e o medicamento atua sendo uma chave, que só entrará na célula que tiver a fechadura adequada para a chave dele", exemplifica a especialista.

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