FONTE: ***
, Dr. Arthur Guerra, https://www.msn.com/
Você
provavelmente já viu alguém ter um ataque de nervos:
ficar agitado, gritar, chorar descontroladamente. A crise ou colapso
nervoso, como chamamos, nada mais é do que uma resposta possível de
mente e corpo a uma situação de grande estresse físico, psicológico ou
emocional.
Frequentemente,
ela ocorre quando uma pessoa teve de lidar com alguma situação tão desgastante
do ponto de vista psicológico ou emocional que ela simplesmente não dá conta do
recado e entra em um curto-circuito nervoso.
A crise
nervosa é interessante do ponto de vista médico porque ela existe
em uma espécie de área cinzenta. Isso quer dizer que não existem critérios
amplamente aceitos que permitam fazer um diagnóstico, embora existam alguns
sintomas que possibilitam a um especialista identificar quando uma pessoa está
passando por um colapso. Cito alguns: irritabilidade, descontrole emocional,
que pode gerar crises de choro, além de ansiedade e agressividade verbal e, por
vezes, até física. Muitas vezes, também podem surgir sintomas que lembram os de
uma crise de pânico: coração disparado, respiração curta, suor, tensão.
Independentemente
dos sintomas que se manifestem, uma pessoa em crise perde momentaneamente a
capacidade de lidar com as suas questões do dia a dia. É quase como se ela
tivesse sido tirada do eixo. Mas não confundamos: isso não tem nada a ver com
surto. Surto é a manifestação de um problema
psiquiátrico mais grave, que pode vir acompanhado de delírios e alucinações.
De
qualquer forma, qualquer situação que tenha afetado o bem-estar mental ou
emocional de alguém é motivo de atenção, até porque, às vezes, uma crise
nervosa gera um impacto grande na dinâmica de um casal ou de uma família,
dependendo da intensidade com a qual ela se manifesta.
Muitas
pessoas ainda têm a falsa ideia de que ataque de nervos é algo que acontece
mais frequentemente em mulheres. Não é verdade. Homens e mulheres podem ficar
igualmente vulneráveis a um colapso nervoso, principalmente se ele ou ela
costumam beber além da conta, fazem uso exagerado de medicamentos ou de drogas.
Pessoas que estão em tratamento com remédios psiquiátricos e que, de repente,
param de usá-los, também ficam mais suscetíveis.
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Para
administrar essa situação, é preciso recorrer a algum remédio, como os
tranquilizantes. Mas nem sempre. Quem tem grande autoconhecimento, já passou
por isso antes e sabe que tipo de situação pode tirá-la ou tirá-lo do eixo,
pode fazer uso de técnicas como respiração profunda ou mesmo uma caminhada,
desde que a crise seja relativamente administrável.
Outras
estratégias que funcionam para algumas pessoas são a meditação – que ajuda a
aquietar os pensamentos -; a prática de esporte, porque a descarga de
serotonina que é liberada tem um certo efeito pacificador; e fé. Por fé eu não
me refiro necessariamente a ter uma religião ou frequentar a igreja, a sinagoga
ou o culto, mas à espiritualidade. Estudos já demonstraram que ter fé em algo é
um potente redutor do estresse.
Como
as causas e a gravidade da crise nervosa variam de pessoa a pessoa, também
ajuda demais buscar ajuda de um psicoterapeuta ou psicólogo. Esse profissional
pode contribuir para aliviar o fardo que muitos sentem carregar devido a uma
situação estressante em suas vidas.
*** Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina
da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

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