FONTE: Redação Dino,https://www.ibahia.com/
Apesar de representar apenas 5%
dos tumores que afetam homens, incidência tem aumentado nos últimos anos.
Quando
se fala em doença que afeta a população masculina, o câncer de próstata aparece
como o principal algoz da saúde dos homens. As campanhas de prevenção e
cuidados são todas envolvendo a doença na próstata, que é o segundo câncer que
mais atinge homens e representa 7,1% de todos os tipos de câncer considerados,
segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Entretanto,
há outra neoplasia que tem recebido atenção nos últimos tempos, pois os números
começaram a crescer e despertar olhares da comunidade médica e dos pacientes
homens. Trata-se do tumor de testículo, um nódulo que aparece no órgão e pode
ocasionar dores e uma sensação de peso no testículo, que é o órgão responsável
pela produção de hormônios e espermatozoides.
O
tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens
e, segundo o Atlas da Mortalidade por Câncer de 2019, o número de mortes
causadas por tumor de testículo foi de 446. Além do baixo índice de mortalidade
pela doença em si, muitos pacientes podem experimentar complicações do
tratamento que podem os acompanhar ao longo de toda a vida, se não levar a
óbito por outras causas.
Portanto,
a detecção precoce colabora com as chances de cura da doença e com menor
sofrimento por parte do paciente em relação ao tratamento. Outra preocupação é
que o tumor de testículo acomete praticamente homens jovens - entre 15 e 40
anos - de modo que as sequelas do tratamento e o risco de vir a desenvolver um
outro tipo de câncer podem acompanhar o paciente por toda a vida.
O
especialista no assunto, o uro-oncologista Dr. Willy Baccaglini esclarece que o
câncer de testículo muitas vezes é negligenciado. "Muitas vezes o câncer
de testículo é confundido com uma inflamação na bolsa escrotal ou até mesmo um
trauma local, o que faz com que a pessoa demore para chegar ao urologista. Isto
pode interferir na taxa de cura destes homens, assim como pode interferir em
sua fertilidade, assim como a produção de hormônios fundamentais tal como a
testosterona", afirma o urologista e mestre em Medicina Sexual pela FMABC.
Portanto,
uma das hipóteses para o surgimento do câncer de testículo é que ocorra alguma
alteração comum para estas alterações e, consequentemente, um substrato
genético muito importante. Este componente genético é corroborado pela maior
incidência em homens filhos de homens com câncer de testículo ou irmãos de
homens com câncer de testículo. Outro dado que fortalece esta associação
genética é que são pacientes muito jovens que são diagnosticados (pico entre
15-35 anos) o que sugere que estes homens já trazem consigo alterações que os
tornem suscetíveis ao desenvolvimento do tumor em si.
O
médico ainda alerta que dentre os homens mais jovens, entre 15 e 40 anos, o
tumor de testículo é o mais comum entre todos. "Pelo fato do diagnóstico
de câncer se algo incomum entre pessoas jovens, o câncer de testículo em si,
comparado a outros tumores, não é uma doença comum, porém quando olhamos apenas
para homens entre 15-40 anos, o câncer de testículo é o tipo mais comum, e
falta de informação a respeito disso pode impactar diretamente no diagnóstico
precoce e complexidade do tratamento destes pacientes", diz .
Dr.
Willy Baccaglini elenca algumas dúvidas mais comuns acerca do câncer de
testículo:
1 - Quais os sintomas e como detectar?
O
principal sintoma é o aparecimento de um nódulo duro, geralmente indolor, de
tamanho variável, que pode crescer rapidamente. Mas é importante ficar atento a
outras alterações, como aumento ou diminuição no tamanho dos testículos,
endurecimentos, dor na parte baixa do abdômen, sangue na urina e aumento do
volume ou da sensibilidade nos mamilos.
"A
genética é um dos principais fatores relacionados ao câncer de testículo. Os
principais fatores de risco para esta doença são: parentes de primeiro grau
diagnosticados com a doença (irmãos e pai), diagnóstico prévio de testículos
‘não descidos’ e homens com alterações de tamanho do testículo",
complementa o especialista.
Assim
como é recomendado às mulheres, nos casos de câncer de mama, o autoexame nos
testículos é um dos primeiros passos para identificar qualquer anormalidade,
nódulos ou inchaço nos testículos. A partir disso, exames laboratoriais ou
clínicos, além de investigação sobre casos na família e possíveis sintomas,
complementam a investigação e podem confirmar o diagnóstico.
O
acompanhamento preventivo e a detecção precoce de qualquer anormalidade no
corpo são fundamentais para garantir uma vida mais saudável. Os índices de cura
do tumor de testículo são altos, quando a doença é descoberta de maneira
precoce.
"Portanto,
é muito importante que a educação e informação sobre o autoexame de testículo
seja algo difundido, não apenas para reduzir o risco de morte pela doença, como
também para que aqueles que são diagnosticados recebam tratamentos com menor
risco de sequelas permanentes para toda a vida", aponta.
2- Pode causar esterilidade masculina?
Segundo
a Organização Mundial da Saúde (OMS), os homens são os responsáveis em 40% dos
casos de infertilidade.
De
acordo com o Dr. Willy, a infertilidade apresenta uma forte associação com
tumor de testículo. Sabe-se que mais da metade dos homens com câncer de
testículo apresentam alguma alteração no espermograma, com destaque para
redução no número de espermatozoides, e até 10-15% são azoospérmicos, ou seja,
não têm espermatozoides no espermograma" esclarece.
3- Como funciona o tratamento?
Uma vez que o diagnóstico é positivo, a primeira opção de tratamento é cirúrgica, na tentativa de remover completamente o tumor alojado na bolsa escrotal. Em casos muito selecionados em que o nódulo é pequeno, onde há suspeita de um tumor benigno, é possível optar por biópsia durante a cirurgia com intuito de se preservar o testículo e retirar apenas o nódulo. Em caso positivo para câncer, o testículo é removido totalmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário