FONTE: , Eduardo Nunes, https://www.msn.com/
É provável que você não saiba que tipo de
nutriente está oferecendo ao seu corpo toda vez que assalta a fruteira e come
uma maçã. Mas, provavelmente, deve saber que a frutinha é uma boa pedida para
saciar ou enganar a fome sem que você se entupa de calorias.
A
prova: uma maçã de aproximadamente 100 g possui apenas 65 calorias. Mas a coisa
vai muito além disso. Ao comê-la, você está se abastecendo de vitaminas B1, B2,
niacina e sais minerais como fósforo e ferro. As vitaminas do complexo B atuam, entre outras
áreas, no funcionamento do sistema nervoso, na proteção da pele e do aparelho
digestivo. O fósforo mantém ossos e dentes firmes. E o ferro tem papel
importante na formação do sangue.
O
que você certamente não imaginava é que a maçã pode ser infinitamente mais útil
à saúde. Estudos feitos na Universidade da Flórida (EUA) sugerem que a fruta
pode nocautear com total eficácia o colesterol, um dos vilões que conspiram contra o coração. Mérito de
dois tipos de nutrientes: os polifenóis e a pectina, fibra solúvel encontrada na
sua casca. “A ação da pectina é mais clara do que a dos polifenóis: ela
facilitaria a eliminação do colesterol e de outros tipos de gordura por meio das fezes. Já
os polifenóis aumentariam a capacidade da bile, fluido produzido pelo fígado,
de eliminar tais agentes durante o processo de digestão”, diz Bahram Arjmandi,
pesquisador e professor do Departamento de Nutrição, Alimentos e Ciência dos
Exercícios, que conduziu a pesquisa. O especialista defende o consumo
diário de duas maçãs, para que você tire todo o proveito que a fruta pode
realmente proporcionar. Obviamente, você não poderá desprezar a casca em
hipótese alguma.
Menos
açúcar.
Segundo
o doutor Arjmandi, o poder da pectina da maçã é mais potente na redução
do colesterol do que a encontrada em frutas cítricas como a
laranja e o limão. Os polifenóis ajudariam, ainda, a combater o aumento das
taxas de açúcar no sangue, diminuindo a incidência do diabetes do tipo 2, como
indicam outros estudos recentes. O mecanismo é simples: eles inibiriam a
atuação de enzimas como a alfa-amilase e a alfaglucose, envolvidas na quebra
dos carboidratos, mais especificamente do açúcar, possibilitando uma
maior oferta desse nutriente no sangue. Os polifenóis também fazem com que
menos açúcar seja absorvido durante o processo de digestão, por estimularem as
células do pâncreas a secretar insulina, o hormônio que retira o açúcar do
sangue e o carrega para dentro das células, onde será usado como fonte de
energia.
Há
também estudos que indicam que os polifenóis são poderosos antioxidantes,
capazes de aumentar em 10% a expectativa de vida. “Eles podem reduzir, por
exemplo, o aparecimento de tumores cancerígenos, já que combateriam as mutações
e o envelhecimento celulares”, diz Tânia Rodrigues, nutricionista da RG Nutri-
consultoria de São Paulo. Existe mais um motivo para você comer maçã com casca:
além de se abastecer de fibras e aproveitar os benefícios da pectina, a “pele
da maçã” também é recheada de ácido ursólico. Amplamente empregado na medicina,
ele pode ser uma arma no combate dos sintomas alérgicos e até no tratamento da
leucemia. Mais recentemente, uma pesquisa feita em ratos por cientistas
da Universidade de Iowa (EUA) acenou para a possibilidade de o ácido ursólico
ser um elemento capaz de ajudar na recuperação muscular e, mais uma vez, na
eliminação do colesterol.
Mais
imunidade.
Ao
longo dos anos, antes mesmo de serem levantados indícios desses poderosos
benefícios, a maçã sempre foi celebrada como boa fonte de fibras solúveis –
aquelas que se misturam à água no organismo. Entre as maravilhas creditadas a
tais fibras estão a capacidade de regular o intestino e até de prevenir
doenças cardíacas. Há estudos que associam o consumo das fibras solúveis à
redução de 30% nos problemas do coração. Uma única maçã é responsável por 10%
da quantidade diária recomendada, propagada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS). Segundo a entidade, devemos consumir entre 25 g e 30 g de fibras todo
santo dia.
Um
estudo, também feito em ratos, apontou a capacidade de elas reduzirem as
inflamações e fortalecerem o sistema imunológico. Os roedores alimentados com
fibras solúveis se recuperaram duas vezes mais rapidamente de um quadro de
infecção do que aqueles que consumiram alimentos ricos em fibras insolúveis. O
sistema de defesa dos animais que fizeram dieta à base daquelas fibras melhorou
consideravelmente em apenas seis semanas.
A
descoberta cria expectativas para que o mesmo princípio funcione nos seres
humanos. Acredita-se que as fibras solúveis façam com que as células doentes se
recuperem de processos inflamatórios por causa do aumento de uma proteína
chamada interleucina-4 , que funcionaria como um anti-inflamatório.
O
próximo passo é saber até que ponto as fibras solúveis poderiam ser úteis em
casos de obesidade associada ao diabetes e a problemas cardíacos, que não
deixam de ser processos inflamatórios.
Pelo
andar da carruagem, a maçã parece ser mesmo um excelente elixir para o coração,
uma espécie de anti-inflamatório natural para o corpo em geral, uma poderosa
combatente do diabetes e, quem diria, alimento de primeira para os
músculos crescerem e aparecerem. Da próxima vez que você comer uma maçã para
espantar a fome e economizar calorias, lembre-se de que o lucro pode ser bem
maior do que se imaginava. O que é muito animador.
Dieta
inteligente.
Você
luta contra a balança e quase sempre é vencido pela fome sem fim que o faz
comer mais do que deveria nas refeições? Aqui vai uma sugestão do especialista
em nutrição da Universidade da Flórida, Bahram Arjmandi: coma uma maçã uma ou
duas horas antes do almoço ou do jantar. “Ela produzirá uma sensação de
saciedade que fará você comer menos depois”, diz ele.
Mas
isso não é exclusividade da maçã. Todos os alimentos ricos em fibras solúveis
como a pectina, a mucilagem e a betaglucana podem dar uma ajudazinha no seu
processo de emagrecimento.
A
laranja, a ameixa e a goiaba que o digam. “Mas é importante lembrar que a fibra
isolada, inclusive a da maçã, pouco pode fazer, principalmente quando o
objetivo é normalizar o trânsito intestinal, se não houver uma ingestão
adequada de água e sucos”, diz Adriana Ávila, nutricionista do Instituto do
Coração (Incor), de São Paulo. “Afinal, o meio líquido é que potencializa a
ação das fibras”.
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