quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CAI DE PÉ A RESISTÊNCIA DO PDT...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

O deputado Severiano Alves colocou seu cargo de presidente estadual do PDT da Bahia à disposição do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que é o presidente nacional do partido, licenciado por estar no cargo de ministro, mas preserva o comando real da legenda. Ele manda no PDT. E aceitou o cargo entregue por Severiano Alves. Isto, na prática, assegura a adesão da legenda do PDT à candidatura à reeleição, para governador, do petista Jaques Wagner. Falta, entretanto, para a formalização das mudanças, uma decisão da Comissão Executiva Nacional do PDT.
Bem, Severiano Alves não é um apagado deputado da bancada federal do PDT. Lupi teve sempre excelentes relações políticas e de amizade com ele. E Severiano Alves não é, na bancada pedetista, um deputado qualquer, apagado, tipo vaca de presépio.
Além da presidência do PDT da Bahia por vários anos, Severiano Alves está no seu terceiro mandato de deputado federal, já foi líder da bancada pedetista na Câmara, presidente da Comissão de Educação (e aí vale lembrar que a principal bandeira do PDT, empunhada sempre pelo fundador Leonel Brizola, é a educação) e no começo de março deste ano foi eleito, por unanimidade, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Além disto, é vice-presidente da Comissão Executiva Nacional do PDT.
Diante das circunstâncias, não há como imaginar que Lupi, por iniciativa própria, haja decidido impedir a aliança natural que o PDT ia fazer com a candidatura do ministro Geddel Vieira Lima, dando continuidade a uma parceria administrativa e política que já tem com o governo municipal peemedebista de Salvador.
A primeira suspeita que vem à cabeça é a de que o presidente Lula, para ajudar Wagner, haja feito um pedido direto (pode-se chamar de pressão também) a Lupi para empurrar o PDT para a aliança com o governador. Inclusive já levantei aqui neste espaço essa hipótese aparentemente muito provável. Mas para fazer isto sem o risco de problemas graves com o PMDB, pois estaria, na verdade, com a interferência, hostilizando, não apenas o seu ministro e candidato a governador Geddel Vieira Lima, mas o próprio PMDB como instituição, Lula teria de obter a garantia absoluta de segredo – uma garantia que costuma falhar, no Brasil e especialmente no meio político, com uma constância invulgar.
E para que o risco? Severiano Alves disse a Lupi que ele, o deputado federal Sérgio Brito e o senador João Durval não estão dispostos a apoiar a candidatura do governador à reeleição. E não o farão mesmo. Atrair o PDT para a coligação governista significa um modesto (mas não irrelevante) impacto psicológico e um tempinho (modestíssimo) a mais na propaganda gratuita no rádio e televisão. E a adesão de um deputado federal – Marcos Medrado – e dois deputados estaduais. Talvez a legenda dê ainda abrigo a novos pedetistas. Há quem sustente não haver sentido lógico num movimento presidencial ousado para resultado tão modesto.
Quem pensa assim especula (só especulação mesmo) que a influência sobre Lula tenha sido do próprio governador Wagner mesmo, que – só para registrar a coincidência – já ocupou antes o mesmo cargo de ministro que Lupi atualmente ocupa. Ou então, uma articulação do comando nacional do PT.
De qualquer sorte, esta é uma questão ainda em aberto e mais cedo ou mais tarde a verdade acabará se impondo.
Resta ainda um problema. A situação jurídica dos deputados Severiano Alves e Sérgio Brito. Se ficarem no PDT e apoiando Geddel, o partido lhes daria legenda para renovarem seus mandatos? Seria uma truculência política negar legenda para renovação de mandatos de deputado. Nem mesmo a dureza carlista fez isto. Mas os dois deputados preferem ingressar no PMDB e, imitando o presidente da Assembleia, deputado Marcelo Nilo, que obteve do PSDB uma espécie de “carta de alforria” da escravidão dos mandatários estabelecida pela fidelidade partidária sob a atual interpretação judicial, poderão pedir ao PDT suas cartas de alforria. Quem sabe, o senador João Durval faz o mesmo? Há bastante curiosidade sobre como o PDT se comportará, assim como o PR, se for posto ante pedido idêntico de deputados como José Carlos Araújo e outros.

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