quinta-feira, 20 de agosto de 2009

FACULDADES TÊM 50% DAS VAGAS NÃO PREENCHIDAS...

FONTE: Carolina Parada (TRIBUNA DA BAHIA).

A inadimplência que fechou 21 escolas particulares somente em Salvador, denunciada na edição de anteontem da Tribuna da Bahia, também atinge o ensino superior particular da Bahia. Com a oferta maior que a procura, as faculdades ainda amargam com cerca de 40 a 50% das vagas oferecidas sem preenchimento. De acordo com dados da Associação Baiana de Mantenedoras do Ensino Superior (Abames), atualmente são 105 instituições particulares no estado e a média de inadimplência fica em torno de 25% do número total de alunos. Pelo menos duas faculdades, a Amec Trabuco e a Isaac Newton, já fecharam, e outras cinco foram compradas por outras mantenedoras.
“Tivemos uma época de crescimento, mas essa fase chegou ao fim e o momento agora é de estagnação redução. Mas esse momento não está sendo vivido somente aqui na Bahia, mas em todo país. Há muitas opções, um leque muito grande de cursos. Além dos cursos convencionais, existem as graduações tecnológicas, outras que podem ser concluídas a distância, e o que percebemos é um número cada vez menor de alunos matriculados”, declarou o diretor de comunicação da Abames, Paulo Rocha.
Em Salvador, cursos em diversas áreas oferecidos pelas instituições particulares não têm formado novas turmas, já que o número de matriculados é bem menor do que o necessário. Foi o que aconteceu com o curso de Jornalismo da Faculdade da Cidade, no Comércio, que não abriu turma esse semestre. “Tivemos o vestibular e tudo correu normalmente, mas tivemos apenas 20 alunos matriculados e foi uma decisão administrativa não abrir turma com essa quantidade de alunos”, justificou Fernando Oliveira, coordenador do curso na instituição. A FTC está sem matrícula no Curso de Jornalismo, segundo a assessoria.
Contudo, Oliveira garante que o curso, que tem cerca de 200 alunos, terá inscrições no próximo vestibular. “Estamos fazendo algumas modificações, mas o curso não foi extinto”, garantiu. Para o diretor de Comunicação da Abames, há uma enorme dificuldade de captação de alunos na Bahia. “Estamos em um estado de maioria pobre. As pessoas até querem estudar, mas não têm condições. A grande dificuldade que as instituições enfrentam hoje é por conta de não conseguir retorno do que foi investido em estrutura, laboratórios e afins”, disse.
BNDES financia com juros mais baixos.
Em setembro a Abames vai reunir as mantenedoras do Ensino Superior da Bahia em um workshop que vai tratar da questão de reestruturação financeira. Recentemente o governo federal lançou uma linha de financiamento para instituições de ensino superior públicas e privadas com juros e prazos de pagamento menores do que os praticados no mercado.
A linha de financiamento do BNDES terá duração de cinco anos e disponibilizará R$ 1 bilhão - cerca de 40% do orçamento da USP. Os recursos poderão ser usados para gastos em infraestrutura, compra de equipamentos, qualificação de professores, capital de giro (custeio), fusões e aquisições e até pagamento de dívidas.
O lobby do setor de ensino superior para obter um programa de financiamento começou em fevereiro, com o argumento de que o governo precisava ajudar as instituições para diminuir os efeitos da crise econômica. Na época, porém, o banco sinalizou que os financiamentos iriam visar investimento (ampliações e aquisição de equipamentos, por exemplo), e não socorro financeiro.
“Na primeira rodada de discussões que nós tivemos, o BNDES queria ter a segurança de que a qualidade ia ser fiscalizada. Quando sentiu que o MEC expôs e apresentou seus critérios, houve uma disposição maior de discutir alguns itens, inclusive esse do capital de giro”, afirmou a secretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari Bucci. No caso da reestruturação financeira, as instituições terão seis anos para devolver o dinheiro, com carência de um ano.
Para os demais gastos, o prazo é de dez anos, com carência de dois. A carência e o prazo são os pontos altos do acordo, segundo Gabriel Mário Rodrigues, presidente da Abames (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior). A taxa cobrada será a TJLP (taxa de juros de longo prazo), de 6% ao ano, acrescida de outra taxa, dependendo do tipo de empréstimo. Além disso, um percentual menor será cobrado pelo banco que intermediar o financiamento.
Nas operações de empréstimo para capital de giro, os juros médios anuais cobrados pelos bancos em junho estavam em 31,8%, segundo dados do Banco Central. Entre as exigências, está a de que ao menos 70% dos cursos tenham conceito igual ou maior do que 3 nas avaliações do MEC, em escala de 1 a 5. O próprio MEC considera de qualidade insuficiente cursos com notas 1 e 2.
Cada pedido, antes de chegar ao BNDES, terá de ser aprovado antes pelo MEC. Segundo Maria Paula, do MEC, o financiamento tem o objetivo de dar apoio para que instituições que têm tido bons resultados façam uma expansão com qualidade. Embora o Brasil seja um dos países com menos jovens na universidade, o ritmo de crescimento das matrículas vem caindo. Em 2005, quando foi criado o ProUni, o setor havia crescido 14,8%. De 2006 para 2007, a taxa foi de 7,5%.

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