quinta-feira, 25 de março de 2010

COLIGAÇÕES PROPORCIONAIS, O NÓ...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Balão de ensaio entregue graciosa e maliciosamente a setores da mídia, que tiveram curso sem as ressalvas aconselháveis, foi a teoria de que o senador César Borges já não estaria com seu ingresso na coligação governista para as eleições de outubro travado pela questão das coligações para as eleições proporcionais.
A solução teria sido encontrada: não se faria a coligação proporcional para deputado estadual, mas o governo daria um “tratamento diferenciado” aos deputados republicanos candidatos à reeleição – quer dizer, aos quatro republicanos que apoiam o governo, embora não aos dois republicanos que estão fazendo oposição – Elmar Nascimento e Sandro Régis.
Aborde-se qualquer deputado do PR e questione-se o assunto. A reação já seria mesmo esperada. Uma risada e “nem pensar”. Coligação é preto no branco, tinta no papel, registro no TRE. O “tratamento preferencial” – “palavras, palavras, nada mais que palavras”.
As bancadas federal e estadual do PR querem, ingressando o partido na aliança governista, que a coligação seja feita tanto para as eleições majoritárias quanto para as proporcionais. Não querem saber de outra coisa e o senador César Borges está tão ciente disso que, em suas mais recentes declarações, deixou claro que “não dá para fazer uma coligação que não inclua todos os setores de um partido” e que “faltam os acertos para as (eleições) proporcionais” e “é preciso que a composição eleitoral pretendida inclua também essa questão”.
Depois de muito conversar com os três principais grupos atuais da política baiana, o senador César Borges parece haver fixado firmemente o grupo liderado pelo governador como preferencial. Mas como ele mesmo disse, “eu não sou sozinho”. Então não pode pensar e decidir apenas segundo seu interesse político. Tem que levar em conta o PR, que preside na Bahia e tem quatro deputados federais e seis estaduais, com pretensões a aumentar esses números nas eleições. E as duas bancadas, evidentemente, fazem questão de entrar na grande coligação, não aceitam ser marginalizadas e o senador sabe disso.
Mas os deputados e outros candidatos petistas, que também sabem, não querem e batem os pés (devem ter apreendido naquelas danças de índio a que vários deles gostam de comparecer). A julgar pelo que dizem políticos petistas como o líder na Assembleia Legislativa, Paulo Rangel, inarredáveis da posição de evitar o ingresso do PR nas coligações proporcionais.
“O deputado Paulo Rangel é um mau companheiro do governador Jaques Wagner”, comentou ontem o líder do PR na Assembleia Legislativa, Pedro Alcântara. Preciso explicar a declaração? Não preciso não. Mas não posso me dispensar de lembrar que o senador César Borges já resolveu enfrentar vários riscos para aliar-se a Wagner e que o PMDB oferece ao PR uma vaga de senador, a de vice-governador e o apoio legal (entendo como coligações) e logístico da estrutura peemedebista (o que inclui um bom espaço no rádio e na tevê).
Quanto ao problema de base é que, se o PR entra nas coligações proporcionais, o PT e o resto do mundo acreditam que o PT perderá ou deixará de ganhar, nas eleições, de quatro a meia dúzia de cadeiras, produzindo-se outro abalo, menos insuportável, na bancada federal.
Mas as prioridades do PT são Dilma no Brasil e Wagner na Bahia, “na boa ou no tapa”, uma expressão do repórter que não deve ser interpretada demasiado ao pé da letra.

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