terça-feira, 9 de março de 2010

LULA FALOU SÉRIO...

FONTE: Ivan de Carvalho (TRIBUNA DA BAHIA).

Bravo. O presidente Lula falou sério. Aconteceu ontem. Ele não disse que o estado de saúde de seu amigo, o comandante Fidel, é ótimo. Nem que a Venezuela é uma democracia, quer dizer, continua sendo, apesar da investida caudilhesca e até agora incontida do coronel-presidente-ditador Hugo Chávez.
Tampouco não afirmou que sua visita ao Irã para retribuir a visita do “presidente” Mhamoud Ahmadinejad tem objetivo básico de “negócio”, ao invés do objetivo político e diplomático de dar alento a um dos governos mais aloprados do mundo – avaliação que quase todo o mundo faz.
Também não disse nada que tente induzir o eleitor a crer que Dilminha é um doce, quando, antes dela ser lançada candidata, o núcleo do governo, suas adjacências e, por indiscrições múltiplas inevitáveis no Brasil mais que em qualquer outro país, a mídia e o público melhor informado já sabiam que ela não é um doce coisa nenhuma.
Foi até capaz de encaminhar ao presidente, para ele assinar, o tal decreto do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que entre outras coisas espantosas abriga a liberação (descriminalização) do aborto, permitindo a matança dos seres humanos ainda não nascidos, inocentes e indefesos. Dilma apenas adocica na função de candidata.
Mas Lula sabe que brincadeira tem hora. E, inspirado, entendeu que ontem não era dia nem hora de brincadeira. Então, repito, falou sério.
Em entrevista a uma emissora do Rio de Janeiro (o presidente está muito acessível à mídia ultimamente, o que outrora não ocorria), Lula disse que a oferta de empregos vai ajudar a promover o equilíbrio nas contas da Previdência Social, pois haverá aumento de receita. Sério, mas dispensável por absolutamente óbvio.
Admitiu – e aí eu não qualificaria de dispensável – que o desequilíbrio nas contas da Previdência Social chega aos R$ 45 bilhões, diferença entre o valor arrecadado e os benefícios pagos. “Em 1988 (a Constituição) fizemos forte programa de seguridade social”, lembrou, acrescentando: “Se você pegar o que pagam os trabalhadores e o que eles recebem (em aposentadorias e outros benefícios), empata, não há déficit”.
Então proclamou o grande segredo de Polichinelo do déficit da Previdência: quando se incluem os benefícios garantidos pela Constituição, como pagamento para deficientes sem renda, idosos e trabalhadores rurais (aí o velho Funrural, criado antes mesmo da Constituição de 1988 pelo regime militar), “aparece um déficit de R$ 45 bilhões”.
E ensina que isto “não é deficit, foi uma decisão do Estado brasileiro de fazer uma política de seguridade para o povo mais pobre”. E torce: “Se Deus quiser, vamos poder compatibilizar isso com o crescimento da receita (da Previdência) porque vai crescer a oferta de empregos”.
Que Deus queira. Mas há um senão. A conta da seguridade sem a correspondente contribuição do beneficiário devia ser paga pelo orçamento geral da União e não pelo orçamento específico da Previdência, pois para este último não entrar em total colapso é que as aposentadorias dos que contribuem têm sido continuadamente rebaixadas em seu valor real e até mesmo nos seus limites nominais.
Decisão do Estado brasileiro, ônus do Estado brasileiro, não dos contribuintes da Previdência.

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