Segundo
Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil com dados referentes a 2012,
divulgado na quinta-feira (27) pela Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República (SDH), os casos de violações (que inclui violência
física, psicológica e discriminação) contra homossexuais no Brasil cresceram
46,6% no ano passado.
No ano de 2012, houve 9.982 casos de violações contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Em 2011, esse número foi de 6089 casos. Por dias foram registrados 27,3 casos de violações.
No ano de 2012, houve 9.982 casos de violações contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Em 2011, esse número foi de 6089 casos. Por dias foram registrados 27,3 casos de violações.
O relatório também mostrou um aumento
considerável no número de denúncias: 166%. De 1.159 denúncias no Disque 100 (da
Secretaria de Direitos Humanos) e Disque 180 (da Secretaria de Política para as
Mulheres) em 2011, o valor saltou para 3.084.
O perfil dos denunciantes também mudou de
2011 para 2012. No ano retrasado, a maioria das denúncias foi feita pela pessoa
agredida. No ano passado, quem mais denunciou foram pessoas desconhecidas das
vítimas e agressores.
Entre as vítimas, a grande maioria ainda
é do sexo masculino (71%), gay (60,44%) e com idade entre 15 e 29 anos
(61,33%). Em relação aos agressores, a maioria é conhecida da vítima (51%). Os
atos realizados dentro da casa da vítima contabilizaram 38% do total, enquanto
agressões nas ruas foram 30% do total.
Também foram divulgados casos coletados
na mídia pelo relatório. No ano passado, foram noticiados 511 casos de violação
contra homossexuais. Casos de homicídio foram 310 (o que resultou em um aumento
de 11,51% em relação a 2011). A região Nordeste foi a que mais teve casos
noticiados na mídia (0,31 por 100 mil pessoas). Em relação aos Estados, Paraíba
e Alagoas foram os que mais tiveram agressões por habitantes.
"Constituímos uma possibilidade de
comparar um período com outro. Descobrimos qual trabalho poderemos
realizar", afirmou a ministra da SDH, Maria do Rosário. A ministra também
disse que os dados precisam ser analisados com calma: "O número de
denúncias pode não significar o aumento da violência. Mas o aumento de
homicídios noticiados na mídia pode".
Para Eleonora Menicucci, ministra da
Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, os
números mostram que houve um aumento de confiança nos sistemas de denúncia.
"O relatório mostra que a população LGBT sente mais apoio para
denunciar", disse. Menicucci ressaltou a importância das denúncias:
"Precisamos reafirmar que nenhum criminoso é punido se não houver
denúncia", falou.
Sistema de enfrentamento à violência.
Depois da apresentação dos dados, a SDH
lançou o Sistema Nacional de Enfrentamento à Violência contra Lésbicas, Gays,
Travestis e Transexuais. O sistema visa integrar políticas públicas estaduais e
municipais contra violência aos homossexuais.
Atualmente, Estados e municípios lançam
programas para a prevenção da violência contra homossexuais. A ideia do sistema
é integrar dados que estão isolados nacionalmente em uma rede contra a
homofobia.
De acordo com Gustavo Bernardes,
presidente do Conselho Nacional Contra a Discriminação LGBT, o relatório
apresentado nesta quinta-feira vai servir como base para o alinhamento das
prioridades do sistema. "Os dados dos relatórios de 2011 e 2012 vão dar o
foco para o sistema. Vamos criar as prioridades e apresentar para a adesão dos
estados", diz. Essas ações ainda serão definidas.
Maria do Rosário destacou a importância
do sistema para poder agir com os dados contra violência. "Esperamos que a
denúncia mova uma rede de proteção e atendimento. Hoje ainda não temos
estabelecidos qual é a rede ideal de atendimento para esses casos. A homofobia
não pode ficar impune", afirmou.
Durante o lançamento do Sistema, uma
representante do Ministério da Saúde anunciou outra novidade: nas fichas de
identificação de agressões irá constar o item que verifica se a violência foi
contra homossexual. Esses dados ajudarão no mapeamento da violência.
Deputada critica "cura gay".
Durante o lançamento do Sistema Nacional
de Enfrentamento à Violência contra Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais, a
deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o projeto de lei que autoriza
a prática da chamada "cura gay" é obra de uma comissão que está sob
"intervenção fascista".
"Esse projeto é uma tentativa de
hierarquização do ser humano. E tudo que nós não queremos é o fogo inquisitório
pós-moderno da Comissão de Direitos Humanos", afirmou a deputada, que é
uma das grandes opositoras do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) dentro da
comissão.
Kokay pediu que as pessoas se manifestem
nas ruas contra o projeto. "As ruas têm que gritar contra isso. Temos
esperança que vamos derrotar a cura gay. Precisamos focar não na cura gay, mas
Sim na cura da homofobia. Ovo de serpente
precisa ser destruído. Porque depois pode nos colocar em cerceamento da
liberdade", afirmou.
A ministra Maria do Rosário endossou a
opinião de Kokay. "A homossexualidade não pode ser tratada como doença.
Precisamos derrotar essa estrutura no século 21", afirmou a ministra da
Secretaria de Direitos Humanos.
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