A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao
próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são a manifestação.
Entretanto, não é preciso fiar-se sempre nas aparências; a educação e o hábito
do mundo podem dar o verniz dessas qualidades...” (Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec ,
Capítulo 9, item 6.)
Nem sempre conseguimos mascarar por muito tempo nossas
verdadeiras intenções e planos matreiros. Não dá para enganar as pessoas por
tempo indeterminado. Após vestirmos as roupagens da afabilidade e doçura para
encobrir rudeza e desrespeito, vem a realidade dura e cruel que desnuda aqueles
lobos que vestiram a “pele de ovelha”.
Realmente, é no lar que descortinamos quem somos. É no lar
que escorre o verniz da bonança e da caridade que passamos sobre a face e que
nos revela tal como somos aos nossos familiares. Trazemos gestos meigos e voz
doce para desempenhar tarefas na vida pública, no contato com chefes de serviço
e amigos, com companheiros de ideal e recém-conhecidos, mas também trazemos
“pedras nas mãos” ou punhos cerrados no trato com aqueles com quem desfrutamos
familiaridade.
Por querer aparentar alguém que não somos, ou impressionar
criaturas a fim de conquistá-las por interesses imediatistas, é que
incorporamos personagens de ficção no palco da vida. Ou seja, é como se
cumpríssemos um “script” numa representação teatral. Nada mais do que isso.
Em várias ocasiões, integramos em nós mesmos não só a
sociedade visivelmente “externa”, com suas construções, praças, casas e
cidades, mas também a sociedade em seu contexto “invisível”, que, na realidade,
se compõe de regras e ordens sociais, bem como dos modelos de instituições criadas
arbitrariamente. Captamos, através de nossos sentidos espirituais, todos os
tipos de energia oriunda da população. Através de nossos radares sensíveis e
intuitivos, passamos a representar de forma inconsciente e automática um
procedimento dissimulado sob a ação dessas forças poderosas.
Maquilagens impecáveis, jóias reluzentes, perfumes caros,
roupas da moda e óculos charmosos fazem parte do nosso arsenal de guerra para
ludibriar e corromper, para avançar sinais e para comprar consciências. Não nos
referimos aqui à alegria de estar bem-trajado e asseado, mas à maquiavélica
intenção dos “túmulos caiados”.
Por não nos conhecermos em profundidade é que temos medo de nos mostrar como realmente somos.
Por não nos conhecermos em profundidade é que temos medo de nos mostrar como realmente somos.
Num fenômeno psicológico interessante, denominado “introjeção”,
que é um mecanismo de defesa por meio do qual atribuímos a nós as qualidades
dos outros, fazemos o papel do artista famoso, dos modelos de beleza, das
personagens políticas e religiosas, das figuras em destaque, dos parentes
importantes e indivíduos de sucesso, e por muito tempo alimentamos a ilusão de
que somos eles, vivenciando tudo isso num processo inconsciente.
Desse modo, nós nos portamos, vestimos, gesticulamos,
escrevemos e damos nossa opinião como se fôssemos eles realmente,
representando, porém, uma farsa psicológica.
Ter duas ou mais faces resulta gradativamente em uma psicose
da vida mental, porque, de tanto representar, um dia perdemos a consciência de
quem somos e do que queremos na vida.
Quanto mais notarmos os estímulos externos, influências
culturais, físicas, espirituais e sociais em nós mesmos, nossas possibilidades
de relacionamento com outras pessoas serão cada vez mais autênticas e sinceras.
A comunicação efetiva de criatura para criatura acontecerá se não levarmos em
consideração sexo, idade e nível socioeconômico. Ela se efetivará ainda mais
seguramente sempre que abandonarmos por completo toda e qualquer obediência
neurótica aos modelos aprendidos e preestabelecidos.
Abandonemos o “verniz social” que nos impusemos no
transcorrer da vida. Sejamos, pois, autênticos. Descubramos nossas reais
potencialidades interiores, que herdamos da Divina Paternidade.
Desenvolvendo-as, agiremos com maior naturalidade e, conseqüentemente,
estaremos em paz conosco e com o mundo.
Livro: Renovando Atitudes - 33
Hammed - Francisco do Espírito Santo Neto.
Livro: Renovando Atitudes - 33
Hammed - Francisco do Espírito Santo Neto.
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