FONTE: Do UOL, em São Paulo (noticias.uol.com.br).
Novas 27 parcerias entre laboratórios
públicos e privados, articuladas pelo Ministério da Saúde, vão resultar na
produção nacional de 14 medicamentos biológicos (produzidos a partir de células
vivas). Eles serão fabricados a partir de um novo modelo competitivo de Parceria
para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que envolve vários laboratórios para a
manufatura de cada produto.
O objetivo é gerar competição entre eles
e estimulá-los a acelerar a transferência de tecnologia para alcançar a
produção 100% nacional. Com as medidas, o país vai aumentar de 14 para 25 o
número de biológicos produzidos nacionalmente. São produtos de última geração e
de alto custo para o tratamento de câncer de mama, leucemia, artrite
reumatoide, diabetes,
oftalmológicos, além de um cicatrizante, um hormônio de crescimento e uma
vacina. A produção nacional deve gerar economia de R$ 225 milhões por
ano.
As medidas foram anunciadas terça-feira
(18) em Brasília, pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante encontro
do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (Gecis), que reúne os
principais atores da indústria farmacêutica nacional além de seis ministérios,
a Anvisa, Fundação Oswaldo Cruz e do Banco Nacional do Desenvolvimento Social
(BNDES).
Fábrica
no Ceará.
O ministério vai investir também R$ 170
milhões na construção da primeira fábrica nacional de produtos biológicos
feitos a partir de célula vegetal, tecnologia inédita no país, no município de
Eusébio, no Ceará. A tecnologia garante maior
segurança do que os biológicos produzidos a partir de vírus e
bactérias. Produz menos efeitos colaterais e enfrenta menor resistência do
organismo humano que recebe o tratamento. Além disso, requer menos
investimentos.
A fábrica deve começar a funcionar em
2016 e vai produzir, inicialmente, medicamentos para doenças raras como o
Taliglucerase Alfa Humana Recombinante, para a doença de Gaucher, e a primeira
vacina do mundo a partir de uma planta, contra febre amarela.
Leucemia
Ao todo, 17 laboratórios privados vão
transferir tecnologia para 8 laboratórios públicos até que eles ganhem
autonomia total de produção.
Com a produção nacional, diminui o risco
de o país ser surpreendido pela suspensão da produção de um medicamento por um
laboratório privado internacional, como ocorreu este ano com o L-Asparaginase,
que trata a leucemia aguda infantil. Este é um dos medicamentos contemplados
entre as parcerias, envolvendo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e os
laboratórios privados NT Pharma e United Biotec. A expectativa é que em 2015 o
L-Asparaginase produzido nacionalmente já esteja disponível no Sistema Único de
Saúde (SUS). O Ministério da Saúde investirá R$ 18 milhões por ano na compra do
produto.
Além disso, estão contemplados nas
parcerias o medicamento mais caro ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS), o
Adalimumabe, contra artrite reumatoide, e o Trastuzumabe, incorporado
recentemente para o tratamento de mulheres com câncer de mama. O produto
composto por cola de fibrina, produzido pela Hemobrás e os laboritórios
privados Cristália e IBMP, favorece a cicatrização nos procedimentos
cirúrgicos.
Biológicos.
Os produtos biológicos são mais eficazes
em relação aos medicamentos tradicionais de síntese química, aumentando as
possibilidades de sucesso no tratamento principalmente para doenças
crônicas. Eles são feitos a partir de material vivo e manufaturados a
partir de processos que envolvem medicina personalizada e biologia molecular.
Atualmente os biológicos consomem 43% dos
recursos do Ministério da Saúde com medicamentos, cerca de R$ 4 bilhões por
ano, apesar de representarem 5% da quantidade adquirida.
Este ano, foi finalizada a transferência
tecnológica da vacina contra a influenza e o Instituto Butantan conquistou o
domínio de todas as etapas da produção do insumo, graças à transferência de
tecnologia do laboratório privado Sanofi Pasteur. A campanha da gripe
deste ano foi a primeira que contou com vacina da influenza feita pelo
Instituto Butantan do começo ao fim do processo. Na campanha de 2015, o
Butantan já terá conquistado capacidade de produção suficiente para abastecer
toda a demanda nacional.
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