FONTE: Rivânia Nascimento, TRIBUNA DA BAHIA.
Agressiva e com apetite voraz, a
lagarta Helicoverpa Armigera, que destruiu as lavouras de milho, soja e
algodão, causando um prejuízo de 1,5 bilhão em nove municípios do Oeste baiano,
avança para vários estados do Brasil, a exemplo de Goiás. Ameaçado de prisão
caso autorize a aplicação do Benzoato de Emamectina, único produto
comprovadamente eficaz para combater a lagarta, o secretário da Agricultura da
Bahia, Eduardo Salles, voltou a alertar para a gravidade da situação.
De acordo com o secretário, o
efeito dessa praga para a agricultura é pior do que o efeito da febre aftosa
para a pecuária. Salles afirma que a lagarta, além de provocar enormes
prejuízos aos produtores, vai causar reflexos nos supermercados, com impactos
na inflação. O Benzoato de Emamectina foi importado com autorização do
Ministério da Agricultura, mas o registro emergencial, condição exigida pelo Ministério Público, não foi
liberado.
Insatisfeito com a morosidade, o secretário
voltou a lamentar a insensibilidade do Ministério Público, que moveu Ação Civil
Pública contra ele, acatada pela 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de
Barreiras, que proibiu a aplicação do Benzoato de Emamectina, e determinou a
apreensão das 44 toneladas do produto. “O prejuízo no Oeste da Bahia está
consolidado e não há como reparar. O que nós temos buscado são condições para
que a próxima safra possa acontecer”.
Ainda segundo Salles, tudo será feito para o
controle químico, que visa reduzir a população da lagarta. “Vamos entrar com
várias ações, entre elas o controle biológico e o manejo integrado da praga,
além da utilização de variedades resistentes à praga, a exemplo da soja Intacta
RR2, cuja importação acaba de ser autorizada pelo governo da China”. Diante do
grave problema, o secretario e representantes de associações agrícolas
elaboraram um plano que deverá ser apresentado à presidente Dilma Rousseff.
A decisão de levar o assunto à
presidente Dilma Rousseff e aos ministérios da Agricultura, Saúde e Meio
Ambiente foi para expor a gravidade do problema. Temendo os possíveis prejuízos
na próxima safra, os líderes dos produtores querem discutir com a presidente a
instrução normativa, o registro emergencial e o cadastro desse
produto agroquímico.
Efeito da Helicoverpa
Armigera.
A lagarta Helicoverpa Armigera,
registrada na Austrália, Japão, China, Índia e países da Europa, até então era
inexistente no Brasil. O aparecimento repentino ainda continua sem explicação.
O efeito devastador acontece porque o inseto se multiplica com velocidade. A
Helicoverpa possui ciclo de em média 40 dias, multiplicando-se de forma devastadora.
Apesar de ainda não existir confirmação oficial, há suspeitas da lagarta em Tocantins,
Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Maranhão, Rio Grande do Sul
e São Paulo, atacando também o feijão de corda, feijão fradinho e tomate.
“O problema não é mais localizado na Bahia.
Trata-se de uma questão nacional, que precisa ser enfrentada com urgência, sob
pena de graves consequências”, afirma o secretário Eduardo Salles.
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