FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
O vôo do avião está a todo vapor
e, de repente, uma dor de ouvido surge e a pessoa se sente um pouco “surda”. Ou
então, quando se está descendo ou subindo a serra, de carro, e o ouvido entope,
“sem explicação”. Há também aqueles que praticam mergulho e sentem uma sensação
parecida quando estão embaixo da água. Essas são
situações comuns enfrentadas por todos ao fazer uma viagem-, e na verdade tudo
isso tem sim uma explicação.
A sensação de ouvido entupido, conhecida como
autofonia, pode acontecer por diversos fatores. “A situação mais comum é quando
estamos mudando de altitude, na descida da serra, por exemplo, e ocorre a
diferença de pressão entre a orelha externa e a média.
O corpo leva
algum tempo para se acostumar com essa mudança, portanto, se a pressão do
ambiente for diferente da que ele estava habituado, ocorre à sensação de ouvido
tapado”, comenta Rita de Cássia Cassou Guimarães, otorrinolaringologista de
Curitiba, PR.
A situação logo costuma se
resolver pelo mecanismo de compensação da tuba auditiva (canal muscular) que
envia a pressão de ar da porção posterior do nariz até o ouvido médio toda vez
que engolimos a saliva, bebemos líquidos durante a viagem ou bocejamos,
equilibrando a pressão e corrigindo a autofonia.
Segundo a doutora, na descida da serra o
quadro é mais leve se levado em consideração com vôos de avião ou mergulhos. Nessas
situações mais extremas, além da autofonia, as pessoas podem ter dor de ouvido
e até extravasamento de líquido e ou de sangue na cavidade do ouvido médio,
provocando uma infecção no ouvido médio (otite média aguda).
Rita Guimarães comenta que ainda existem
outras situações que dão a impressão de ouvido entupido. “Pessoas com apertamento
dentário e/ou bruxismo, pelo deslocamento incorreto do côndilo da mandíbula,
podem sentir como se tivessem com o ouvido entupido. Para corrigir esse
problema, é preciso avaliação e tratamento odontológico” explica.
A outra situação citada pela
profissional é mais especializada. “Na cavidade do ouvido médio existem três
ossículos que auxiliam na transmissão mecânica das ondas sonoras até a cóclea
no ouvido interno. Eles fazem movimentos em conjunto com o tímpano por meio de
contrações de músculos muito pequenos e também são responsáveis por reforçar
determinados sons e atenuar outros que podem ser prejudiciais a nossa audição,
como ruídos muito fortes. Se ocorre alguma disfunção nesse movimento, a
sensação de ouvido entupido pode acontecer”, comenta.
O grupo de pessoas que mais sofre com esse
problema são os bebês e as crianças, justamente pelas características
anatômicas e funcionais da tuba auditiva que favorecem o entupimento dos
ouvidos e consequentemente dores nessa região. “Além das características da tuba
auditiva, somam-se algumas alterações nasais, como os resfriados, as gripes, as
rinites alérgicas e o aumento das adenóides que geram obstrução nasal mais
comuns nessas faixas etárias, o que tornam possível até uma perfuração no
tímpano da criança”, explica a médica, que ressalta que quando resfriado,
independente da idade, é contra indicado fazer mergulho – pelos mesmos motivos
que fazem com que as crianças sofram com as otites e a autofonia: as já citadas
a obstrução nasal e aumento das adenóides.
Outro fato que pode causar a
sensação de entupimento nos ouvidos é o cerume, que quando em excesso no canal
auditivo externo pode tampar parcial ou totalmente o conduto. “Às vezes a quantidade de cerume é normal, mas com entrada de água ou com o uso
de hastes flexíveis, ele é empurrado para o fundo do conduto, causando
entupimento e até dor de ouvido”, esclarece Rita. Só existe melhora completa no
quadro do paciente assim que o cerume seja removido pelo médico, afirma a
ortoneurologista.
Segundo a especialista, antes de as pessoas
fazerem mergulhos ou viagens aéreas, elas devem adquirir hábitos para manter a
saúde dos ouvidos em dia, como tratar resfriados, gripes e rinites e consultar
um médico otorrinolaringologista assim que perceber complicações. “Não usar
hastes flexíveis nos ouvidos e não tentar remover o cerume por conta própria é
um fator básico de prevenção. Isso é imprescindível para garantir a saúde
auditiva” conclui Rita Guimarães.
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