segunda-feira, 24 de junho de 2013

SENSAÇÃO DE OUVIDO ENTUPIDO PODE PROVOCAR SÉRIOS PROBLEMAS DE SAÚDE...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
                        

O vôo do avião está a todo vapor e, de repente, uma dor de ouvido surge e a pessoa se sente um pouco “surda”. Ou então, quando se está descendo ou subindo a serra, de carro, e o ouvido entope, “sem explicação”. Há também aqueles que praticam mergulho e sentem uma sensação parecida quando estão embaixo da água. Essas são situações comuns enfrentadas por todos ao fazer uma viagem-, e na verdade tudo isso tem sim uma explicação.

A sensação de ouvido entupido, conhecida como autofonia, pode acontecer por diversos fatores. “A situação mais comum é quando estamos mudando de altitude, na descida da serra, por exemplo, e ocorre a diferença de pressão entre a orelha externa e a média.

O corpo leva algum tempo para se acostumar com essa mudança, portanto, se a pressão do ambiente for diferente da que ele estava habituado, ocorre à sensação de ouvido tapado”, comenta Rita de Cássia Cassou Guimarães, otorrinolaringologista de Curitiba, PR.

A situação logo costuma se resolver pelo mecanismo de compensação da tuba auditiva (canal muscular) que envia a pressão de ar da porção posterior do nariz até o ouvido médio toda vez que engolimos a saliva, bebemos líquidos durante a viagem ou bocejamos, equilibrando a pressão e corrigindo a autofonia.

Segundo a doutora, na descida da serra o quadro é mais leve se levado em consideração com vôos de avião ou mergulhos. Nessas situações mais extremas, além da autofonia, as pessoas podem ter dor de ouvido e até extravasamento de líquido e ou de sangue na cavidade do ouvido médio, provocando uma infecção no ouvido médio (otite média aguda).

Rita Guimarães comenta que ainda existem outras situações que dão a impressão de ouvido entupido. “Pessoas com apertamento dentário e/ou bruxismo, pelo deslocamento incorreto do côndilo da mandíbula, podem sentir como se tivessem com o ouvido entupido. Para corrigir esse problema, é preciso avaliação e tratamento odontológico” explica.

A outra situação citada pela profissional é mais especializada. “Na cavidade do ouvido médio existem três ossículos que auxiliam na transmissão mecânica das ondas sonoras até a cóclea no ouvido interno. Eles fazem movimentos em conjunto com o tímpano por meio de contrações de músculos muito pequenos e também são responsáveis por reforçar determinados sons e atenuar outros que podem ser prejudiciais a nossa audição, como ruídos muito fortes. Se ocorre alguma disfunção nesse movimento, a sensação de ouvido entupido pode acontecer”, comenta.

O grupo de pessoas que mais sofre com esse problema são os bebês e as crianças, justamente pelas características anatômicas e funcionais da tuba auditiva que favorecem o entupimento dos ouvidos e consequentemente dores nessa região. “Além das características da tuba auditiva, somam-se algumas alterações nasais, como os resfriados, as gripes, as rinites alérgicas e o aumento das adenóides que geram obstrução nasal mais comuns nessas faixas etárias, o que tornam possível até uma perfuração no tímpano da criança”, explica a médica, que ressalta que quando resfriado, independente da idade, é contra indicado fazer mergulho – pelos mesmos motivos que fazem com que as crianças sofram com as otites e a autofonia: as já citadas a obstrução nasal e aumento das adenóides.

Outro fato que pode causar a sensação de entupimento nos ouvidos é o cerume, que quando em excesso no canal auditivo externo pode tampar parcial ou totalmente o conduto. “Às vezes a quantidade de cerume é normal, mas com entrada de água ou com o uso de hastes flexíveis, ele é empurrado para o fundo do conduto, causando entupimento e até dor de ouvido”, esclarece Rita. Só existe melhora completa no quadro do paciente assim que o cerume seja removido pelo médico, afirma a ortoneurologista.

Segundo a especialista, antes de as pessoas fazerem mergulhos ou viagens aéreas, elas devem adquirir hábitos para manter a saúde dos ouvidos em dia, como tratar resfriados, gripes e rinites e consultar um médico otorrinolaringologista assim que perceber complicações. “Não usar hastes flexíveis nos ouvidos e não tentar remover o cerume por conta própria é um fator básico de prevenção. Isso é imprescindível para garantir a saúde auditiva” conclui Rita Guimarães. 

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