FONTE: Carlos Vianna Junior, TRIBUNA DA BAHIA.
Negros e pardos estão suscetíveis
a patologias específicas
como anemia falciforme, assim como estão mais propensos à hipertensão, mortandade
materna e infantil, após o parto, entre outros problemas de saúde. No estado
com a menor concentração de brancos, nada mais adequado que uma política
de atenção à saúde voltada a maioria.
A publicação, no Diário Oficial
da Bahia da última sexta, 30, do decreto que institui a Política Estadual de
Atenção Integral à Saúde da População Negra, é, segundo o titular da Secretaria
de Promoção da
Igualdade Racial (Sepromi), Elias Sampaio, um marco para a população negra do
estado. “Como deveria ser, a Bahia sai na frente e, tenho certeza, será, em
pouco tempo, referência para o Brasil”, celebrou.
De acordo com o secretário, já havia algumas
ações nesse sentido promovidas pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). “Mas
com o decreto, a atenção será aprofundada a partir de um conjunto de ações que
passam pela capacitação e formação de pessoal no setor público para lidar com o
tema”, disse. Ele cita como um dos exemplos de trabalhos em andamento no estado
o atendimento à população quilombola. “São cerca de 500 comunidades no estado e
a Sesab já vem capacitando pessoal para lidar com as suas questões de saúde
levando em conta suas especificidades, inclusive cultural”,conta.
A política tem como objetivo não
só tratar com mais
eficácia à população negra e parda em suas patologias específicas, como
fomentar conhecimentos para alcançar um trabalho preventivo que envolva diferentes setores do governo.
“Seria uma busca não apenas pela cura das patologias, mas pelo conhecimento de
suas causas. Ou seja, entender porque os negros e pardos têm mais hipertensão
que as outras etnias, o que pode estar vinculado às suas condições sociais, que
são diferenciadas”, explicou.
No caso da hipertensão, o secretário
ressalta a possibilidade da patologia está ligada à condição de stress em que
vivem pessoas expostas à condição de marginalidade e descriminação. “Por isso é
necessário uma política que garanta, por exemplo, que o racismo institucional
seja um dos pontos a ser combatido como parte de um trabalho preventivo de
saúde. Estudos comprovam que o atendimento ao negro é diferenciado na área de
saúde. Para mudar isso, até a Educação tem de ser acionada”, disse.
A ideia é implantar nas escolas e
universidades conteúdo programáticos que levem os estudantes a obter o conhecimento que os levem a ser profissionais que, além
de mais preparados para o atendimento ao negro, consigam frear o racismo
institucional. “Por isso o envolvimento necessário de diferentes secretarias,
como a de Educação, por exemplo”, acrescenta, lembrado que o Brasil tem uma política
nacional com o mesmo objetivo, que deve ser complementa pelos estados.
A publicação do decreto 14.720/2013 foi
comemorado principalmente pelo Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra
(CDCN), entidade que vem, há sete anos, lutando pelo estabelecimento desta
política pública. Ainda no mês de setembro serão realizadas reuniões com as
secretarias e entidades envolvidas para o estabelecimento de ações que
fortaleçam o processo de implantação do que prevê o decreto.
A Política Estadual de Atenção Integral à
Saúde da População Negra tem como princípios: o respeito à dignidade da pessoa
humana; a não discriminação por motivo de raça, cor, descendência,
nacionalidade, origem étnica ou social, gênero, orientação sexual e faixa
etária; universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de
assistência e igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios
de qualquer natureza.
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