FONTE: Naira Sodré, TRIBUNA DA BAHIA.
A palavra demência tem conotação de
loucura, na linguagem popular, mas em medicina é usada com
o significado de declínio adquirido, persistente, em múltiplos
domínios das funções cognitivas e não cognitivas.
O declínio das funções
cognitivas é caracterizado pela dificuldade progressiva em reter memórias
recentes, adquirir novos conhecimentos,
fazer cálculos numéricos e julgamentos de valor, manter-se alerta, expressar-se na linguagem
adequada, manter a motivação e outras capacidades superiores. “Imagine um
curto-circuito nos neurônios e um “black-out “ no cérebro. Esta é a
imagem que melhor define o mal de Alzheimer, uma enfermidade clínico
patológica, cuja alteração fundamental é a deterioração intelectual. É o que
afirma o neurologista Antonio de Souza Andrade Filho.
Para incentivar o diagnóstico
precoce, é que acontece dois eventos que marcam
o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer. No próximo dia 20,
durante todo o dia no Shopping Barra, acontece o Mutirão de Diagnóstico Precoce
de Alzheimer e no dia seguinte, 21, uma caminhada com saída marcada para às 8h
da manhã da Praça Ana Lúcia Magalhães chama a atenção para a doença. Os eventos
são promovidos pela Fundação de Neurologia e Neurocirurgia – Instituto do
Cérebro e Centro de Cuidadores Carmen.
No dia 20, durante todo o dia, serão
realizados testes por uma equipe de profissionais de saúde, no dia 21, as
pessoas examinadas no mutirão que apresentarem alteração em seus testes serão
recebidas na Fundação (rua Deocleciano Barreto, 10 – Chame-Chame) para exames
gratuitos de eletroencefalograma e tomografia axial do crânio, das 7h às 14h.
Segundo o neurologista Antonio de Souza Andrade Filho, o mutirão tem o objetivo
de incentivar o diagnóstico precoce. O lema é: “Não deixe seu cérebro ser
vítima do amanhã”.
Após os 65 anos.
Segundo o neurologista Antonio Filho, que
vai comandar o mutirão, a equipe de profissionais que estará realizando os
exames é formada por neurologistas, psiquiatras, fonoaudiólogos,
fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiras, assistentes sociais e estudantes de
medicina e de outras áreas de saúde. Doença de Alzheimer é a forma mais
comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. A causa da doença é
desconhecida. Perder funções não cognitivas significa apresentar distúrbios de
comportamento que vão da apatia ao isolamento e à agressividade.
O Alzheimer é degenerativo, mais
comum após os 65 anos de idade e caracteriza-se pela perda progressiva de
células neurais. A médica Sonia Brucki, do Departamento Científico de
Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia,
explica que a doença aparece quando há um acúmulo anômalo de algumas proteínas
no tecido cerebral que provoca a morte dos neurônios. “Até agora se
acredita que isso seja multifatorial, causado por componente genético, fatores
externos (baixa escolaridade, por exemplo), alterações vasculares (hipertensão, diabetes etc.), traumatismos cranianos com perda de consciência,
alterações nutricionais e depressão”, enumera. Outros problemas podem causar
demências, por exemplo, déficit de vitaminas, doenças da tireoide, alterações
renais, portanto doenças que podem ser evitadas.
Atualmente, não existe medicação disponível
para evitar esse acúmulo de proteínas. Os sintomas geralmente são desenvolvidos
lentamente e pioram com o tempo. Algumas pessoas conseguem ter uma redução
progressiva da doença, mas outros não conseguem voltar à normalidade. Em casos
mais graves, a pessoa pode ter apatia, depressão, alucinação e pensamentos
delirantes.
O médico neurologista Fábio Henrique de
Gobbi Porto diz que o principal sintoma é a dificuldade de aprender coisas
novas. O idoso não consegue se lembrar de fatos recentes como, por exemplo, o
dia da semana. Tem também dificuldade para fazer contas. Segundo ele, na
fase inicial, o idoso pode ser lembrado de informações importantes e ter o
suporte da família. Na fase moderada, tem uma dependência maior da família e,
às vezes, existe mudança do comportamento. Na fase mais grave, tem dificuldade
para realizar funções básicas, como urinar, dificuldade para engolir e até
agressividade. A fase mais grave dura, em média, oito anos.
A família precisa ficar atenta a
qualquer decréscimo de qualquer capacidade da pessoa, seja memória, dificuldade
de realizar tarefas complexas, nomear coisas, problemas de linguagem. “Nem
sempre começa com problemas de memória”, alerta Brucki. Ainda não existe cura
para o Mal de Alzheimer, mas alguns estudos testam medicações que poderiam
estacionar a doença. De acordo com o neurologista Fábio Henrique de Gobbi
Porto, já foi provado cientificamente
que a escolaridade, principalmente na fase mais básica, é um fator protetor
contra o Alzheimer.
Além disso, a prática de
exercícios físicos e uma dieta saudável previnem a doença.
“Algumas teorias dizem que a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo no
cérebro, aumenta a lavagem (retirada) da proteína do Alzheimer que se acumula
no cérebro, além de melhorar o humor e a saúde em geral”, explicou.
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