sábado, 14 de setembro de 2013

MÉDICOS CHAMAM ATENÇÃO PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DO ALZHEIMER...

FONTE: Naira Sodré, TRIBUNA DA BAHIA.

A palavra demência tem conotação de loucura, na linguagem popular, mas em medicina é usada com o significado de declínio adquirido, persistente, em múltiplos domínios das funções cognitivas e não cognitivas.

O declínio das funções  cognitivas é caracterizado pela dificuldade progressiva em reter memórias recentes, adquirir novos conhecimentos, fazer cálculos  numéricos e julgamentos de valor, manter-se alerta, expressar-se na linguagem adequada, manter a motivação e outras capacidades superiores. “Imagine um curto-circuito nos neurônios e um  “black-out “ no cérebro. Esta é a imagem que melhor define o mal de Alzheimer, uma enfermidade clínico patológica, cuja alteração fundamental é a deterioração intelectual. É o que afirma o neurologista Antonio de Souza Andrade Filho.

Para incentivar o diagnóstico precoce, é que acontece dois eventos que marcam o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer.  No próximo dia 20, durante todo o dia no Shopping Barra, acontece o Mutirão de Diagnóstico Precoce de Alzheimer e no dia seguinte, 21, uma caminhada com saída marcada para às 8h da manhã da Praça Ana Lúcia Magalhães chama a atenção para a doença. Os eventos são promovidos pela Fundação de Neurologia e Neurocirurgia – Instituto do Cérebro e Centro de Cuidadores Carmen.
No dia 20, durante todo o dia, serão realizados testes por uma equipe de profissionais de saúde, no dia 21, as pessoas examinadas no mutirão que apresentarem alteração em seus testes serão recebidas na Fundação (rua Deocleciano Barreto, 10 – Chame-Chame) para exames gratuitos de eletroencefalograma e tomografia axial do crânio, das 7h às 14h. Segundo o neurologista Antonio de Souza Andrade Filho, o mutirão tem o objetivo de incentivar o diagnóstico precoce. O lema é: “Não deixe seu cérebro ser vítima do amanhã”.

Após os 65 anos.
Segundo o neurologista Antonio Filho, que vai comandar o mutirão, a equipe de profissionais que estará realizando os exames é formada por neurologistas, psiquiatras, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiras, assistentes sociais e estudantes de medicina e de outras áreas de saúde.  Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade. A causa da doença é desconhecida. Perder funções não cognitivas significa apresentar distúrbios de comportamento que vão da apatia ao isolamento e à agressividade.

O Alzheimer é degenerativo, mais comum após os 65 anos de idade e caracteriza-se pela perda progressiva de células neurais. A médica Sonia Brucki, do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, explica que a doença aparece quando há um acúmulo anômalo de algumas proteínas no tecido cerebral que provoca a morte dos neurônios. “Até agora se acredita que isso seja multifatorial, causado por componente genético, fatores externos (baixa escolaridade, por exemplo), alterações vasculares (hipertensão, diabetes etc.), traumatismos cranianos com perda de consciência, alterações nutricionais e depressão”, enumera. Outros problemas podem causar demências, por exemplo, déficit de vitaminas, doenças da tireoide, alterações renais, portanto doenças que podem ser evitadas.
Atualmente, não existe medicação disponível para evitar esse acúmulo de proteínas. Os sintomas geralmente são desenvolvidos lentamente e pioram com o tempo. Algumas pessoas conseguem ter uma redução progressiva da doença, mas outros não conseguem voltar à normalidade. Em casos mais graves, a pessoa pode ter apatia, depressão, alucinação e pensamentos delirantes. 
O médico neurologista Fábio Henrique de Gobbi Porto diz que o principal sintoma é a dificuldade de aprender coisas novas. O idoso não consegue se lembrar de fatos recentes como, por exemplo, o dia da semana. Tem também dificuldade para fazer contas. Segundo ele, na fase inicial, o idoso pode ser lembrado de informações importantes e ter o suporte da família. Na fase moderada, tem uma dependência maior da família e, às vezes, existe mudança do comportamento. Na fase mais grave, tem dificuldade para realizar funções básicas, como urinar, dificuldade para engolir e até agressividade. A fase mais grave dura, em média, oito anos.

A família precisa ficar atenta a qualquer decréscimo de qualquer capacidade da pessoa, seja memória, dificuldade de realizar tarefas complexas, nomear coisas, problemas de linguagem. “Nem sempre começa com problemas de memória”, alerta Brucki. Ainda não existe cura para o Mal de Alzheimer, mas alguns estudos testam medicações que poderiam estacionar a doença. De acordo com o neurologista Fábio Henrique de Gobbi Porto, já foi provado cientificamente que a escolaridade, principalmente na fase mais básica, é um fator protetor contra o Alzheimer. 


Além disso, a prática de exercícios físicos e uma dieta saudável previnem a doença. “Algumas teorias dizem que a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo no cérebro, aumenta a lavagem (retirada) da proteína do Alzheimer que se acumula no cérebro, além de melhorar o humor e a saúde em geral”, explicou.

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