FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.

Ao lado de assuntos como “Justin
Bieber está aposentado?” e “Quando nasceu o bebê real?” (príncipe George, do
Reino Unido, filho da condessa Kate Middleton e do príncipe William), uma das
perguntas mais feitas nos sites de busca do
Brasil e dos EUA é “Meu filho está obeso?”. Para os leigos, isso parece indicar
que há uma preocupação ou uma desinformação generalizada sobre a obesidade
infantil. Mas os profissionais que lidam com o problema diariamente em seus
consultórios médicos explicam que as motivações dessas pesquisas costumam ser
outras.
“Em geral, os pais não aceitam
quando o pediatra constata que o filho deles está obeso e contestam a
informação com frases como ‘Não, ele só é grande’ e “Não, ele é forte’. Essa
dificuldade faz com que eles cheguem em casa e entrem na
internet para ver se a criança realmente pode ser obesa”, conta a
endocrinologista Léa Diamant, da Clínica de Especialidades Pediátricas do
Hospital Israelita Albert Einstein.
A velha crença de que “criança
gordinha é sinônimo de criança saudável”, herança de um tempo
em que a desnutrição era o maior problema de saúde infantil, também colabora
para que os pais prefiram confiar na internet a ouvir os médicos que acompanham
o desenvolvimento de seus filhos. “Isso acontece especialmente quando a criança
tem menos de cinco anos, porque muitos adultos gostam do bebê ‘fofinho’”, diz a
pediatra nutróloga Maria Arlete Escrivão, membro do Departamento Científico de
Nutrologia e Suporte Nutricional da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Ela aponta, ainda, uma causa mais
rara, que destoa das anteriores: “Algumas mães muito preocupadas com o próprio
peso tendem a transferir esse medo de engordar para o corpo dos filhos”. E diz que,
à margem disso tudo, há sim pais que podem estar genuinamente preocupados ou
desinformados sobre o que é uma criança obesa.
Parâmetros da obesidade
infantil.
Calcular a obesidade infantil é um pouco mais
complexo do que fazê-lo para adultos. Com base em tabelas da Organização
Mundial de Saúde (OMS), a pediatra nutróloga Maria Arlete Escrivão explica para
o Delas como isso é feito.
O início das contas tem o objetivo de chegar
ao Índice de Massa Corporal (IMC) da criança, que é calculado dividindo-se o
peso pela altura ao quadrado (IMC = P/A²).
O método mais popular entre os pediatras
brasileiros para definir se a criança está abaixo do peso, adequada, com
sobrepeso ou obesa é localizar, nessas tabelas da OMS, em que percentil (valor
de referência) esse IMC se encaixa. Os resultados são divididos em dois grupos:
dos 0 aos 5 anos e dos 5 aos 19 anos.
Atenção: os números a seguir não se referem ao
simples resultado do cálculo do IMC, mas à posição desse resultado nos
intervalos de percentis das tabelas desenvolvidas pela OMS.
Dos 0 aos 5 anos de idade:
- Se o IMC se encaixar em faixa
percentil de até 3, a criança é considerada abaixo do peso;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 3 e 85, a criança é considerada adequada;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 85 e 97, a criança tem risco de sobrepeso;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 97 e 99,9, a criança tem sobrepeso;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil acima de 99,9, a criança é obesa.
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 3 e 85, a criança é considerada adequada;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 85 e 97, a criança tem risco de sobrepeso;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 97 e 99,9, a criança tem sobrepeso;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil acima de 99,9, a criança é obesa.
Dos 5 aos 19 anos de idade:
- Se o IMC se encaixar em faixa
percentil de até 3, a criança é considerada abaixo do peso;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 3 e 85, a criança é considerada adequada;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 85 e 97, a criança tem sobrepeso;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 97 e 99,9, a criança é obesa;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil acima de 99,9, a criança tem obesidade grave.
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 3 e 85, a criança é considerada adequada;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 85 e 97, a criança tem sobrepeso;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil entre 97 e 99,9, a criança é obesa;
- Se o IMC se encaixar em faixa percentil acima de 99,9, a criança tem obesidade grave.
Ainda que menos recorrentes nos consultórios,
há outras tabelas empregadas pelos profissionais da saúde infantil, como a
Escore-z e a desenvolvida por Dietz&col. em maio de 2000 (publicada no
Brasil, na revista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica – Abeso, em abril de 2001) – esta última é a preferida da
endocrinologista Léa Diamant, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Os especialistas fazem questão de ressaltar
que esses são os métodos corretos para determinar se a criança está obesa ou
não. Pais que insistem em comparar o filho com outras crianças ou se baseiam
apenas em opiniões de parentes e conhecidos podem estar apenas se enganando e
adiando ter que lidar com o problema. Fazer um acompanhamento adequado do
desenvolvimento do filho com um pediatra, entendendo que o que o profissional
diz é para o bem da criança e seguir as instruções dele no que diz respeito à
alimentação é o caminho mais responsável quando se trata da saúde da criança.
É possível salvar a criança de se tornar um
adulto obeso?
Sim, é possível. Estudos da OMS indicam que
40% das crianças obesas e 70% dos adolescentes obesos acabam se tornando
adultos obesos – ou seja, olhando a situação pelo lado positivo, 60% das
crianças obesas e 30% dos adolescentes obesos não carregarão a obesidade na
vida adulta.
“A detecção precoce é muito importante. Quanto
mais cedo a criança obesa for submetida a uma reeducação alimentar, mais
chances terá de eliminar o risco de obesidade permanente”, afirma Maria Arlete.
A necessidade de mudar o cardápio deve-se, segundo Léa, ao fato de “a grande
maioria dos casos de obesidade infantil ter causas ambientais, como má
alimentação e sedentarismo. Raríssimas exceções, na casa do 1%, têm causas
genéticas”. Ela aproveita para alertar: “E é bom acertar essa alimentação
enquanto os pais têm controle sobre o que as crianças comem. Depois da
adolescência, com o começo da independência delas, fica muito mais difícil”.
As médicas dão algumas
dicas para a reeducação alimentar das crianças obesas:
- Cortar sucos artificiais adoçados
da dieta, dando preferência a água e sucos naturais;
- Ofertar muitos legumes, verduras e frutas nas refeições;
- Ensinar a criança a mastigar lentamente os alimentos, pois isso ajuda na sensação de saciedade e faz com que as porções possam ser menores;
- Afastar-se de TV, smartphone, computador e tablet durante as refeições, justamente para que a criança possa prestar atenção à mastigação e ao que está comendo;
- Diminuir gradativamente os alimentos inadequados aos quais a criança esteja acostumada, ao mesmo tempo em que introduz alimentos saudáveis no dia a dia, para ela não achar que a reeducação alimentar é um castigo;
- Combinar atividades físicas de baixo impacto – caminhadas, natação, andar de bicicleta – aos novos hábitos alimentares, facilitando o emagrecimento sem prejudicar as articulações infantis.
- Ofertar muitos legumes, verduras e frutas nas refeições;
- Ensinar a criança a mastigar lentamente os alimentos, pois isso ajuda na sensação de saciedade e faz com que as porções possam ser menores;
- Afastar-se de TV, smartphone, computador e tablet durante as refeições, justamente para que a criança possa prestar atenção à mastigação e ao que está comendo;
- Diminuir gradativamente os alimentos inadequados aos quais a criança esteja acostumada, ao mesmo tempo em que introduz alimentos saudáveis no dia a dia, para ela não achar que a reeducação alimentar é um castigo;
- Combinar atividades físicas de baixo impacto – caminhadas, natação, andar de bicicleta – aos novos hábitos alimentares, facilitando o emagrecimento sem prejudicar as articulações infantis.
Nada de “quando ele
crescer, emagrece”.
Este é um dos mitos que mais prejudicam a
criança obesa, pois a história de emagrecer naturalmente nos estirões de altura
não é sempre verdadeira. “Só se ela tiver um levíssimo excesso de peso isso vai
acontecer. Mas se o caso for de obesidade, não se aplica. Ela vai crescer em
altura e em peso. Vai continuar engordando enquanto os hábitos alimentares
estiverem errados”, explica Léa.
Maria Arlete concorda e complementa: “A
criança obesa dificilmente emagrecerá naturalmente. O que pode acontecer, se a
obesidade for detectada bem cedo, é ela não precisar emagrecer, mas sim deixar
de engordar até o peso ser adequado à altura. E isso só se consegue com a
reeducação alimentar”.
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