FONTE: iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Em muitos casos, uma dieta saudável basta para
manter os dois em níveis seguros.
Apesar
de serem vistos como vilões, o colesterol e os triglicérides são dois tipos de
gorduras essenciais para o organismo.
O
primeiro é necessário para a produção de novas células, sais biliares, vitamina
D e de hormônios esteróides – como testosterona e progesterona. Já o segundo
tem como principal função regular a reserva de energia.
O
problema é que em excesso ambos trazem prejuízos à saúde.
De
acordo com a nutricionista Joana Lucyk, da Clínica Saúde Ativa, de Brasília
(DF), a primeira medida para barrar a evolução dessa dupla é modificar a dieta.
“Essa é a forma preferencial de tratamento”, afirma.
A
psicopedagoga Márcia Cristina da Silva Neves Luciano, 42 anos, de São Paulo,
SP, é uma das que conseguiu reduzir as taxas de colesterol e triglicérides, que
estavam no limite, só com a mudança de hábitos. “Optei por não tomar remédios.
Por isso, passei a controlar a dieta fazer exercícios, como caminhada e
Pilates”, diz.
Um dos
principais desafios enfrentados por Márcia foi diminuir o consumo de massas –
ela é fã confessa de pãezinhos e bolos. Para tornar o pecado mais saudável, ela
trocou o pão francês tradicional por um feito com farinha integral e aveia. Nos
pratos preparados em casa, também substituiu a farinha de trigo por sua versão
integral. Com a ajuda de uma nutricionista ensinou a substituir o óleo de soja
pelo azeite nas preparações, assim como a aumentar o consumo de frutas e
legumes.
O
café-da-manhã, que antes era feito às pressas, hoje é um momento sagrado para
Márcia. “Aprendi que preciso fazer essa refeição em casa, tranquilamente. Assim
não ataco a cesta de pães e as guloseimas servidas no trabalho pela manhã”,
observa. Com esses pequenos ajustes, a psicopedagoga conseguiu, em
aproximadamente 90 dias, fazer os índices de colesterol e triglicérides
voltarem ao normal. Para seguir seu exemplo, aprenda mais sobre as duas
substâncias e descubra quais alimentos são aliados na empreitada.
Colesterol.
Enquanto
uma parte dessa gordura é produzida pelo fígado, a outra chega por meio da
alimentação. No sangue, ela circula ligada a proteínas, formando partículas –
as que mais se destacam são a LDL e HDL. “A principal diferença entre elas é
que a LDL carrega o colesterol para os tecidos do organismo, enquanto a HDL o
despacha para o fígado, onde acontece sua eliminação sobre a forma de sais
biliares”, conta a nutricionista Fernanda Serpa, membro da diretoria do Centro
Brasileiro de Nutrição Funcional (CBNF).
É daí
que vem a má fama da LDL: quando aparece em grandes quantidades, ele contribui
para a formação de placas de gordura (ateromas). Essas, por sua vez, podem
obstruir a circulação de um órgão importante, como o coração, levando a eventos
como o infarto. Segundo Joana, há casos em que a genética do paciente leva a
desequilíbrios nos níveis de colesterol. Nos outros, a alimentação costuma ser
o grande gatilho para o surgimento do problema.
Portanto,
para não ter surpresas desagradáveis ao se submeter ao exame de sangue (que
deve ser realizado anualmente), é bom ficar de olho naquilo que coloca no
prato. Alimentos de origem animal, por exemplo, são campeões em colesterol. Por
outro lado, há aqueles que são verdadeiros aliados, pois ajudam a reduzir as
taxas dessa substância no sangue.
Veja as orientações:
Não exagere em...
Carnes,
especialmente as gordurosas, vísceras (fígado, miolo, miúdos), embutidos, peles
de aves e asa de frango
Laticínios (leite integral, queijos amarelos, creme de
leite, molhos gordurosos)
Frutos do mar (camarão, lula, etc.)
Manteiga (bolos prontos, tortas, massa folheada, biscoitos amanteigados)
Banha de porco
Sorvete, biscoitos recheados, leite condensado, chocolate (o branco é o pior) fast food e salgados (principalmente os folheados)
Frutos do mar (camarão, lula, etc.)
Manteiga (bolos prontos, tortas, massa folheada, biscoitos amanteigados)
Banha de porco
Sorvete, biscoitos recheados, leite condensado, chocolate (o branco é o pior) fast food e salgados (principalmente os folheados)
Inclua na dieta.
Aveia:
ela contém uma fibra que auxilia na redução do colesterol LDL. Segundo a
diretora da Nutconsult, estudos demonstraram que pacientes que consumiam 3
gramas dessa fibra conseguiram uma redução de 8 a 23% no colesterol total. Para
consumir esse valor, é preciso comer cerca de duas colheres de sopa cheias de
farelo de aveia. “É no farelo que encontramos a maior concentração dessa
fibra”, explica Fernanda.
Soja: a
agência reguladora de alimentos e medicamentos FDA (Food and Drug
Administration) sugere o consumo de 25 gramas de proteína de soja ao dia para
evitar o aparecimento de doenças do coração, já que auxilia na redução dos
níveis de LDL e colesterol total.
Fitoesteróis:
essas substâncias são encontradas nos vegetais (como semente de girassol) e
também barram a absorção de gordura da dieta, o que favorece a redução do
colesterol. “É preciso consumir 1,6 gramas de fitoesteróis diariamente para
observar uma diminuição de 8 a 15% nas taxas de colesterol”, informa Fernanda.
Como eles não são tão abundantes assim nos vegetais, a indústria alimentícia decidiu
isolá-los. Sendo assim, podem ser encontrados em produtos como margarinas e
iogurtes.
Antioxidantes:
eles (e aqui se destacam os flavonóides) podem inibir a oxidação das partículas
LDL, diminuindo seu poder de obstrução de vasos sanguíneos. Os flavonóides são
encontrados principalmente em vegetais verde-escuros, frutas (como cereja,
amora, uva, morango, jabuticaba e maçã), grãos (linhaça, soja, etc), sementes,
castanhas, condimentos e ervas (cúrcuma, orégano, cravo e alecrim) e também em
bebidas, como vinho, suco de uva e chás.
Triglicérides.
A
nutricionista de Brasília comenta que o consumo elevado de carboidratos simples
e refinados e bebidas alcoólicas pode fazer as taxas de triglicérides irem às
alturas. Quando isso acontece, além de complicações cardiovasculares e
diabetes, a pessoa fica mais sujeita a desenvolver pancreatite e sofrer redução
dos níveis de HDL, aquela partícula considerada benéfica por facilitar a
eliminação do colesterol pelo organismo.
A boa
notícia é que ao adotar uma dieta uma dieta equilibrada, os efeitos positivos
sobre os níveis de triglicérides não demoram a aparecer. “A resposta à
modificação alimentar é muito mais rápida e fácil nesses casos do que naqueles
de colesterol elevado”, compara Fernanda Serpa.
Aprenda como montar o cardápio:
• Não
exagere no açúcar: dependendo do caso, vale substituí-lo por adoçantes
•
Limite a quantidade de carboidratos: não consuma em uma mesma refeição arroz,
macarrão, batata e farofa. “Opte por apenas uma fonte de carboidrato e, se
possível, em sua versão integral”, sugere a diretora da Nutconsult, do Rio de
Janeiro.
•
Controle a ingestão de doces em geral, como refrigerantes, sucos em caixa já
adoçados, sobremesas, balas, etc.
Inclua na dieta.
Alimentos
ricos em ômega 3. Fernanda conta que essa substância auxilia no controle e
redução dos triglicérides e, por isso, deve fazer parte da alimentação. Para
obtê-la, basta apostar em peixes, como cavala, sardinha, salmão, atum, bacalhau
e arenque.
A
recomendação, segundo a nutricionista, é de 180 gramas do alimento durante a
semana. “Pode-se optar também por cápsulas contendo óleo de peixe. Mas, nesse
caso, é importante procurar por um nutricionista ou médico para prescrição do
suplemento”, observa.
Mão na massa.
Muitas
pessoas têm dúvidas de como incluir os alimentos citados no dia-a-dia. Por
isso, Fernanda Serpa, diretora da Nutconsult Consultoria Nutricional, preparou
algumas dicas práticas.
Prefira
o farelo de aveia, pois é nele que está concentrada a maior parte da fibra
solúvel responsável pelos efeitos redutores da absorção da gordura da dieta. A
dose? Duas colheres de sopa ao dia podem ser usadas em cima de frutas (como a
banana picada), da salada de frutas ou com feijão (substituindo a farinha).
Outra alternativa é misturar o farelo a vitaminas.
A soja
pode ser utilizada como proteína texturizada de soja (PTS). Assim, é possível
usá-la no lugar da carne moída, depois de hidratada e refogada, ou em conjunto
com a carne bovina para fazer a carne moída.
A
quantidade de peixe recomendada é de 180 gramas por semana, o que corresponde a
três porções pequenas ou duas porções grandes de peixe (sardinha, anchova,
arenque, salmão, atum, etc).
Os
fitosteróis são encontrados em margarinas e iogurtes enriquecidos. Nesses
casos, a recomendação é de 20 gramas de margarina (1 colher de sopa) ou um pote
de iogurte.
Os
antioxidantes devem ser adquiridos por meio do consumo de quatro frutas ao dia
e de vegetais e legumes no almoço e jantar (várias cores para adquirir
diferentes fitoquímicos). Além disso, vale apostar em chá verde, suco de uva
integral e farelo de linhaça.
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