Prisão de ventre e intestino preso são
os nomes populares pelos quais é conhecida a constipação (ou obstipação)
intestinal, um distúrbio comum caracterizado pela dificuldade persistente para
evacuar.
Em termos
gerais, a constipação pode ser definida como a evacuação de fezes muito
ressecadas, escassas e infrequentes, que ocorrem a cada 72 horas ou mais.
Dificuldade evacuatória e sensação de evacuação incompleta também podem fazer
parte da síndrome de constipação intestinal. Trata-se provavelmente da mais
frequente queixa gastrointestinal observada em consultórios médicos, atingindo
mais a mulher. A constipação intestinal pode ser secundária a um conjunto de
causas, entre elas:
- Baixa
ingestão de fibras na dieta;Baixa ingestão de líquidos; Depressão, estresse, ansiedade; Imobilidade, sedentarismo; Viagens, mudança de hábitos
diários; Medicamentos como anticolinérgicos, antidepressivos, opiáceos, ferro,
bismuto e anticonvulsivantes; Hipotireoidismo; Diabetes; Gravidez; Esclerodermia; Retocele; Redundância
dos cólons; Acidente Vascular Encefálico; Trauma raquimedular; Doença de Chagas; Doença de
Hirschprung; Anismo (contração paradoxal do esfincter anal); Inércia colônica
(transito cólico excessivamente lento).
A maioria
dos casos de constipação é resolvida por meio da mudança dos hábitos
alimentares e de vida. A adoção de dieta rica em fibras (25g/dia),
com maior consumo de cereais (trigo, aveia, milho) e vegetais (legumes,
verduras e frutas), associada a aumento na ingestão diária de líquidos (2
litros de água/dia) trará impacto sobre a constipação. Fibras pouco ajudam se
não estiverem acompanhadas de aumento da ingesta de líquidos. A avaliação e
acompanhamento nutricional são necessários, objetivando acelerar e facilitar a
correção da dieta.
Juntamente
com as alterações na dieta, é necessário abandonar o sedentarismo e praticar
exercícios físicos. Recomenda-se o exercício aeróbico por trinta minutos pelo
menos três vezes por semana. É fundamental que se respeite a vontade de
evacuar. Jamais adie a ida ao banheiro caso haja um sinal de que o reflexo de evacuação
possa estar presente. Também é muito importante que se estabeleça uma rotina
para ir ao banheiro, como por exemplo, sempre após uma das 3 principais
refeições.
Quanto aos
medicamentos para tratar prisão de ventre, são diversas as classes. As mais
comuns são:
- Agentes
formadores de bolo fecal (psyllium, plantago ovata); Lubrificantes (óleo
mineral); Agentes osmóticos (lactulose, compostos por magnésio, macrogol,
PEG-polietileonoglicol); Irritativos (bisacodil, fenolftaleína, senne, cáscara
sagrada).
A maioria
desses produtos não se provou efetiva e bem tolerada a longo prazo, exceto a
lactulose, o macrogol e o PEG. Os agentes formadores de bolo fecal não são
efetivos em pacientes muito constipados e os irritativos tendem a acarretar em
tolerância (perda de efetividade) por destruição das terminações nervosas, além
de causarem cólicas.
Uma nova
droga está disponível no Brasil, a Prucaloprida, a qual age como um
procinético. É efetivo em boa parte dos pacientes, podendo ser feito uso
durante longos períodos.
Para aqueles
com distúrbios do assoalho pélvico, como o Anismo (contração paradoxal do
esfincter anal), o melhor tratamento é o Biofeedback, uma terapia de reeducação
da evacuação nos seus parâmetros corretos. Para esse distúrbio, a injeção de
toxina botulínica se mostrou efetiva em boa parte dos casos.
Para a
inércia colônica comprovada pelo exame de tempo de trânsito colônico, na
ausência de anismo e incontinência fecal, na falência do tratamento
medicamentoso e passado o paciente por uma avaliação psiquiátrica, o tratamento
cirúrgico (colectomia subtotal) pode ser instituído.
As doenças
associadas e fatores identificados como causais também devem ser corrigidos.
Perigos
de não tratar.
Na maioria
dos casos, não há consequências negativas graves decorrentes de um quadro
constipativo crônico. A maior parte dos pacientes apenas sofre com os sintomas
desagradáveis da constipação, como dor, distensão abdominal, cólicas, esforço
evacuatório, mal estar, irritabilidade, entre outros.
Porém, casos
não tratados podem acentuar a formação de divertículos cólicos (Doença
Diverticular) e eventualmente formar fecalomas, nome dado a grandes impactações
fecais no reto. Além disso, pode contribuir para o surgimento de hemorroidas,
fissuras anais e prolapso retal, devido ao esforço evacuatório repetido.
O tempo de
surgimento dessas complicações é muito variável e individual, podendo ser muito
precoces ou levar anos para ocorrer.
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