FONTE: Cáren Nakashima, TRIBUNA DA BAHIA.
O termo é antigo e a tendência cada vez mais
frequente: sexo com amigo, afinal, dá certo?
Buscando
páginas relacionadas ao sexo casual entre amigos nas redes sociais,
chegamos a infinitos resultados. Por quê? Porque isso é uma tendência e
considero que seja resultado da transição de valores que vivemos.
Hoje
existe aceitação de comportamentos sexuais diferentes, namoro sem a finalidade
do casamento, casamento aberto, não-desejo de ter filhos e assim por diante...
Mas esses novos padrões de relacionamento amoroso e constituição familiar ainda
não estão solidificados, explica Ana Cristina Canosa, psicóloga e terapeuta
sexual, diretora de publicações da Sociedade Brasileira de Estudos em
Sexualidade Humana (SBRASH).
Tudo
isso somado à autonomia feminina conquistada desde a década de 60, que ainda
não engloba plenamente a autonomia sexual, resultou nesse comportamento que
permite que a mulher desfrute do sexo apenas pelo prazer, com uma culpa menor,
completa ela.
Sem culpa e sem afeto.
Quem
concorda com Ana Cristina é a economista Lara*, 26 anos, que mantém dois amigos
neste esquema há mais de três anos. Não há cobranças entre nós. Um sabe do
outro e vice-versa. Somos companheiros de bar e balada e quando pinta a vontade
e estamos solteiros, nos deixamos levar pelo momento.
No dia
seguinte os telefonemas e happy hours continuam os mesmos, conta. Para a
psicóloga, a maioria das mulheres ainda não conseguiu aceitar a autonomia
sexual oferecida.
Assim
como a própria sociedade recrimina a fulana que dá pra qualquer um. Fazer isso
entre amigos possibilita a experiência do sexo só pelo tesão, de uma maneira
mais branda aos seus olhos e os do resto do mundo.
Brincadeira ou jogo?
Mantive
esse esquema com um grande amigo da época da faculdade, mas na primeira vez que
senti ciúmes dele, contei o que estava sentindo e não transamos mais, conta
Naiara*, 31 anos.
A
liberdade com o outro, que você já conhece tão bem, permite que não se tenha
vergonha ou ansiedade (com a performance, o próprio corpo ou a tal ligação no
dia seguinte) mas também pode trazer consequências emocionais inesperadas.
Você já
tem um certo histórico do sujeito, então pode se defender de armadilhas como o
envolvimento com lunáticos em geral. Se for um amigo muito íntimo, você sabe
que ele não vai pegar no seu pé e podem deixar estabelecido que têm apenas
tesão um pelo outro, porém nem tudo a gente pode controlar. Existe o risco de
ser bom demais, de um querer mais do que o outro, pintar ciúmes, surgir
paixão... Não dá pra controlar a emoção, explica Ana.
Além do
mais, vale lembrar que quem vê cara, não vê coração, nem a saúde. Portanto,
camisinha sempre, mesmo se ele for seu amigo do jardim de infância.
Sexo verbal.
Transar
com o amigo é garantia de leveza, diversão e espontaneidade. É a saída moderna
para a aceitação de novos padrões de comportamento e uma afirmação da autonomia
feminina que já ganhou as ruas, o mercado de trabalho e a política, mas não
deixa de ser um envolvimento e requer cuidado e, principalmente, diálogo.
A saída
para tudo é falar! Primeiro deixar claro a falta de compromisso e, se algo sair
do controle, avisar que a regra mudou. Quando a regra muda, todo mundo no jogo
precisa ficar sabendo, senão um participante já perde só por não saber que ela
mudou, orienta a terapeuta.
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