A
explosão de vendas do principal remédio contra o transtorno de déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH) no Brasil – houve aumento de 775% no seu
consumo entre 2003 e 2012, segundo o trabalho confiável mais
novo – levanta a hipótese de que muita gente espevitada está sendo
rotulada apressadamente.
Mas
não dá pra usar esse boom para propagar que o quadro é uma mera invenção da
modernidade. “Pesquisas do último Congresso Mundial de TDAH mostram
particularidades no cérebro e no DNA de pessoas com a condição”,
revela Daniel Segenreich, psiquiatra da Associação Brasileira de Déficit de
Atenção. “Acreditamos que o problema vem
de fatores ambientais e genéticos”, diz.
Os testes no dia a dia.
Se
certos exames flagram mudanças nos genes ou nos neurônios em gente com TDAH,
por que não firmar um diagnóstico imparcial com eles? “Essas variações, por si
sós, não determinam a doença”, nota Segenreich. Ou seja, o teste pode apontar
uma anomalia em sujeitos sem qualquer sintoma.
Os dois lados dessa relação.
Potenciais.
Fim
do preconceito: a prova de que a doença tem um componente biológico livra
seus portadores do estigma de que são desvairados.
Melhor
diagnóstico: no futuro, avaliações específicas talvez ajudem a distinguir o
déficit de atenção em casos complexos.
Personalização
da prescrição: o genoma e o interior da massa cinzenta certamente reservam
indicações sobre quais drogas agem melhor em cada indivíduo.
Perigo.
Desvalorização
dos sintomas: não devemos deixar o apelo de exames inovadores colocarem o que o
paciente sente em segundo plano.
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