A pesquisa foi feita com homens.
Um novo estudo
mostrou que as dietas com alto teor de açúcar, ligadas ao consumo de
refrigerantes e doces, podem estar associadas a um maior risco de problemas
mentais comuns, como ansiedade e depressão leve. A pesquisa foi feita com
homens.
O trabalho,
liderado por Anika Knüppel, do University College London (Reino Unido), foi
publicada ontem na revista Scientific Reports. "Os resultados mostram
efeito adverso de longo prazo na saúde mental dos homens, ligado ao excessivo
consumo de açúcar proveniente de alimentos e bebidas doces", disse Anika
ao Estado
Altos níveis de
consumo de açúcar já haviam sido relacionados a uma prevalência mais alta de
depressão em diversos estudos anteriores. No entanto, até agora, cientistas não
sabiam se a ocorrência do problema mental desencadeava um consumo maior de
açúcar, ou se os doces é que levavam à depressão.
Para descobrir
se a voracidade por açúcar é causa ou consequência dos problemas mentais, os
cientistas analisaram os dados de 8.087 britânicos com idades entre 39 e 83
anos, coletados por 22 anos para um estudo de larga escala. As descobertas
foram feitas com base em questionários sobre a dieta e a saúde mental de
participantes.
Para um terço
dos homens - aqueles com maior consumo de açúcar -, houve alta de 23% da
ocorrência de problemas mentais após cinco anos, independentemente de
obesidade, comportamentos relacionados à saúde, do restante da dieta e de
fatores sociodemográficos.
O consumo de
açúcar foi medido por 15 itens que incluem refrigerante, suco industrializado,
doce, bolo, biscoito e açúcar adicionado ao café. Para homens, foi considerado
alto consumo maior que 67 gramas por dia e, para mulheres, acima de 50. A
Organização Mundial da Saúde recomenda uso máximo de 50 gramas por dia e aponta
que o ideal é não passar dos 25.
Gênero.
Embora o estudo
seja com homens e mulheres, a ligação de açúcar e doenças mentais apareceu só
no grupo masculino. "Esse resultado foi bastante inesperado e não
encontramos boa explicação para isso. Mas não é impossível que os resultados
também se apliquem a mulheres. Estudo americano em 2015, exclusivamente com
mulheres, também encontrou associação de alto consumo de açúcar e depressão",
disse Anika.
Segundo ela, há
várias explicações biológicas plausíveis para a associação. A principal delas é
que o açúcar reduz os níveis do chamado fator neurotrófico derivado do cérebro
(BDNF, na sigla em inglês), que ajuda no desenvolvimento de tecidos cerebrais.
"O BDNF tem sido discutido como um facilitador da atrofia do hipocampo em
casos de depressão", disse Anika.
Vício.
Açúcar e
ansiedade estão na vida do empresário Mardone Paz, de 38 anos. Ele não sabe se
a ansiedade, no seu caso, está ligada ao consumo de doces, mas diz correr a um
café ou padaria sempre que bate o nervosismo. "O doce me acalma. Como com
frequência mesmo sabendo que não faz bem à saúde, porque gosto muito."
Por pressão da
família, ele passou a se preocupar mais com a alimentação, mas não abandonou o
açúcar. "Sei que é preciso, mas não consigo."
*** Colaborou José Maria Tomazela.
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