Transformar
as crianças em miniexecutivos é uma das principais situações estressoras para
elas.
Assim como os
adultos, as crianças também sofrem de estresse. Seja por fatores naturais da
vida ou pela estrutura e situação da família, essa reação pode afetar o
desenvolvimento cognitivo e causar danos no presente e no futuro.
Transformar as
crianças em miniexecutivos é uma das principais situações estressoras para
elas. Por mais que os pais queiram e, por vezes, os filhos gostem, encher o dia
com escola, curso de idioma, aula de natação, futebol e dança pode não ser
saudável.
"Esse afã
de que o filho precisa estar preparado mais do que o outro faz com que a
criança fique sobrecarregada, porque ela ainda não tem maturidade e energia
emocional para lidar com tanta competição e tanta responsabilidade",
explica a psicóloga Marilda Lipp, diretora do Instituto de Psicologia e
Controle do Stress (IPCS).
Segundo a
especialista, os pais pensam que o sucesso dos filhos será baseado em tudo o
que eles fizerem e aprenderem desde o nascimento, por isso o excesso de
atividades.
Mas ela lembra
que o sucesso não está só no intelecto. "O que realmente conta para ser um
ser humano completo é ter uma base pessoal bem desenvolvida", afirma.
Níveis de
estresse. Um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostrou
que o estresse infantil pode ser dividido em três tipos: positivo, tolerável e
tóxico. A divisão é feita de acordo com as reações às situações estressoras.
"O estresse
positivo é gerado por situações cotidianas da criança, como ir à escola, tomar
vacinas, injeções. As crianças têm de passar por essas situações, que podem ser
trabalhadas para que elas aprendam a lidar com frustrações", explica a
neuropediatra Liubiana Arantes de Araújo, presidente do Departamento Científico
de Pediatria do Desenvolvimento e Crescimento da SBP.
O estresse
tolerável ocorre quando a criança passa por uma situação com um nível acima do
que ela conseguiria lidar. Porém, mesmo sendo um estresse elevado, o suporte
familiar adequado pode ajudá-la a criar e trabalhar estratégias para suportar o
momento. Exemplo disso é a morte de um parente ou mudança de alguém próximo à
criança.
Já o estresse
tóxico é resultado de situações graves o suficiente para superar a capacidade
da criança de lidar com os desafios, mas ela não tem estratégias para lidar.
"Isso eleva o nível de cortisol no sangue, ocorre uma descarga de
adrenalina e pode levar à perda de sinapses e limitações posteriores no
aprendizado", diz Liubiana.
Para saber qual
é o nível de estresse adequado, Marilda diz que os pais precisam observar o
desenvolvimento emocional do filho. "As crianças não são iguais, umas
amadurecem mais cedo, outras não. Tem de saber qual é a sensibilidade da
criança e, a partir disso, apresentar frustrações adequadas", afirma.
Pelas
consequências que o estresse pode causar às crianças, os adultos precisam ficar
atentos aos sintomas físicos e psicológicos que elas apresentam e não
confundi-los com má criação ou apenas birra.
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