O
governo devolverá ao consumidor um valor que recebeu a mais para compensar a
queda de arrecadação que Estados da Região Norte teriam com novos investimentos
em energia. O dinheiro foi mantido ilegalmente pela União por três anos e só
será devolvido após cinco ofícios enviados pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) e depois de publicação de reportagem do ‘Estadão/Broadcast’
sobre o assunto.
Ao
todo, R$ 1,13 bilhão, em valores atualizados, será devolvido a partir do ano
que vem. Se fosse ressarcido de uma só vez, o consumidor teria uma redução de
0,8% na conta de luz. Mas a devolução será feita em quatro parcelas iguais, em
2018, 2019, 2020 e 2021 – serão R$ 282,5 milhões por ano.
A
proposta está em ofício enviado pelo secretário executivo do Ministério do
Planejamento, Edvaldo Risso, ao diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino. Foi
Rufino quem cobrou do governo a devolução dos recursos. O plano será incluído
na previsão orçamentária do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) dos
próximos anos.
Em
ofício enviado em abril, o quinto desde 2014, revelado pelo Estadão/Broadcast,
Rufino mencionou a arrecadação a mais, feita entre 2010 e 2012, realizada para
compensar Estados que teriam prejuízo financeiro com a conclusão de obras de
conexão ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Apesar
dos benefícios ao País e à população das regiões isoladas, haveria redução no
uso de usinas termelétricas para suprir esses locais e, consequentemente, da
arrecadação dos Estados da Região Norte com o ICMS incidente sobre combustíveis
fósseis.
Uma
lei de 2009 estabeleceu a cobrança extra, na tarifa de todos os consumidores do
País, para compensar esses Estados pela perda arrecadatória. Entre 2010 e 2012,
o governo arrecadou R$ 747,8 milhões.
Desse
valor, o Estado de Rondônia foi ressarcido com o recebimento de R$ 51,3
milhões. Foi o único Estado que foi interligado nesse período. Sobraram R$ 689
milhões, que ficaram no caixa do Tesouro, que, hoje, atualizados, atingem R$
1,13 bilhão.
A
mesma lei também estabeleceu que eventuais saldos positivos decorrentes dessa
arrecadação em 1.º de janeiro de 2014 deveriam ser devolvidos. Nos últimos três
anos, porém, isso não aconteceu.
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