FONTE: Redação, (http://www.msn.com).
Escolher
o antibiótico correto, especialmente para um paciente com uma doença grave, é
algo cada vez mais difícil graças ao crescente problema da resistência criada
pelos seres humanos contra estes medicamentos.
Médicos
prescrevem antibióticos com base em suas
experiências, no conhecimento de padrões de sensibilidade em suas comunidades e
nos testes de susceptibilidade de um paciente isolado da bactéria. Judy Stone,
especialista em doenças infecciosas, conheceu um paciente que ficou paralisado
pelo resto da vida depois que um cirurgião tratou sua infecção por
Estafilococos na corrente sanguínea com Eritromicina. O médico baseou-se em um
estudo que dizia “S” (suscetível), ou seja, a substância tinha funcionado com a
bactéria em uma placa de Petri. Ele, como a maioria de seus colegas, não sabia
que o que funcionava em tubos de testes (in vitro) talvez não funcionasse com
as pessoas (in vivo). O laboratório insistiu, como alguns ainda fazem, em
descarregar todas as informações de seus testes, apesar das potenciais
consequências.
Existe
um grande esforço por parte dos hospitais para dispensar pacientes mais
rapidamente e, assim, reduzir custos com enfermagem e administração de remédios.
Judy
acredita que esse tipo de problema está aumentando à medida que os médicos
estão escolhendo antibióticos de acordo com a sua conveniência e com a
liberação mais rápida dos pacientes do hospital – eles usam medicamentos de uma
dose diária como Levaquin ou Ceftriaxona (Rocephin) para infecções mais graves
de estafilococos, por exemplo. Eles não sabem que essas drogas não são tão
eficazes para essa bactéria como algumas mais antigas, ministradas com uma
frequência maior. Também existe um grande esforço por parte dos hospitais para
dispensar pacientes mais rapidamente e, assim, reduzir custos com a enfermagem
e a administração de remédios – esforço que pode ser ajudado pelo uso de
antibióticos de ação prolongada.
Por
outro lado, se os médicos continuarem a usar um determinado antibiótico – mesmo
que o laboratório tenha alertado para o fato de a bactéria ser resistente a ele
– porque o paciente está demonstrando melhoras com a escolha empírica do
medicamento, eles provavelmente estarão propensos a serem criticados por
especialistas em gestão antimicrobiana ou, no mínimo, terão de gastar seu tempo
justificando a decisão.
Judy
escreveu sobre a discrepância entre os resultados laboratoriais e clínicos no
ano passado, quando o Dr. Michael Mahan, especialista na área, e seus colegas
da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, encontraram um novo mecanismo
dependente de um hospedeiro em um teste de susceptibilidade que explicaria os
resultados divergente.
Agora,
Mahan, Selvi C. Ersoy, outro estudioso da área, e suas equipes expandiram o
estudo e mostraram que os testes de susceptibilidade precisam simular melhor as
condições do corpo, sob pena de os resultados mostrarem-se imprecisos. Estes
testes são feitos no Mueller-Hinton Broth (MHB), um laboratório padrão, mas que
falha ao tentar refletir ambientes hospedeiros. A equipe de pesquisadores da
Universidade desenvolveu um novo “host-mimicking media”, que comparam ao
laboratório, assim como comparam os resultados do tratamento de ratos com
antibióticos classificados como suscetíveis ou resistentes pelos dois ensaios.
Eles
descobriram que os testes em meios que reflitam o estilo de vida intracelular
de alguma bactéria, como a Klebsiella, por exemplo, foram mais precisos em
prever o resultado do tratamento do que o tradicional teste de laboratório.
Além disso, adicionar bicarbonato de sódio no meio pareceu ser crucial para
aumentar a precisão do teste.
Então,
é provável que o teste do laboratório esteja erroneamente impedindo
antibióticos eficazes de serem utilizados. Os autores também notaram que a
resistência dos medicamentos talvez seja movida por antibióticos ineficazes que
estão sendo prescritos como resultado destes testes errôneos. Além disso, os
pesquisadores descobriram que drogas comumente disponíveis eram, às vezes,
pouco eficazes quando testadas pela nova técnica em pessoas.
Como
Victor Nizet, pesquisador da Universidade da Califórnia em San Diego não
envolvido no estudo, notou, não existe mais tempo para complacência ou para se
apoiar, sem questionamentos, em um teste feito há 60 anos. Ele também sugeriu
que o desenvolvimento de drogas busque novos agentes que trabalhem na interface
do hospedeiro patogênico. Mahan adiciona que empresas farmacêuticas deveriam
reexaminar seus acervos. “Pode existir, como um tesouro guardado, uma coleção
de componentes que foram arquivados, mas que poderiam, na verdade, ser muito
eficazes contra as variedades de resistência de antibióticos”, ele afirma.
Judy
já havia mencionado, anteriormente, que acreditava que essa mudança de paradigma
– levar em consideração as condições intracelulares e os microambientes dentro
do corpo – poderia efetivamente significar uma reviravolta ao permitir que as
pessoas cuidassem melhor de seus pacientes e preservassem a eficácia de
antibióticos que ainda existem. Apesar de isso representar um progresso lento e
doloroso, ela está confiante que esta nova abordagem tem um grande potencial de
melhorar a habilidade de um uso mais eficaz dos medicamentos disponíveis.
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