No mundo, 33% da população sofre de ansiedade, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde. A OMS ainda apontou que o Brasil é o país com
maior taxa de transtornos de ansiedade do mundo: 9,3% da população tem algum
distúrbio. Os transtornos mentais interferem na saúde como um todo e,
inclusive, na saúde bucal. Jussara dos Santos Jorge Giorgi (CROSP 23332),
Presidente da Câmara Técnica de Homeopatia do Conselho Regional de Odontologia
de São Paulo (CROSP), explica como o estado emocional pode interferir na saúde
da boca.
A saúde oral é um estado de equilíbrio do sistema estomatognático e só
estará em perfeita normalidade se acompanhada pelo bom estado de saúde geral do
indivíduo e vice-versa. “O estresse tornou-se a palavra da moda, pois todos
estão sujeitos a momentos de estresse em variados graus, e viver sem ele nos
passa a impressão de que, isso sim, seria fugir do normal. Assim como o
estresse traz alterações à saúde geral das pessoas, a saúde bucal também pode
ser comprometida por ele”, explica. Em decorrência dos transtornos, as pessoas
criam hábitos não saudáveis, que afetam a saúde, como o fumo, o álcool, a
necessidade de roer as unhas e até mesmo o desinteresse pelos cuidados da higiene.
Entre os problemas causados pela ansiedade está o bruxismo, que pode
comprometer seriamente a saúde bucal e não é resolvido somente tratando o
distúrbio de origem. “Pode ser uma via que o indivíduo use como forma de
extravasar suas tensões. Nem sempre só tratar da ansiedade resolve isso, muitas
vezes é necessário a participação efetiva do cirurgião dentista, prescrevendo
aparelhos, indicando outras terapias em áreas como fisioterapia ou
fonoaudiologia, por exemplo.”
Na maioria dos casos, as pessoas não percebem que estão com o problema.
“A pessoa pode sentir os efeitos do ranger ou apertar os dentes, como dor e/ou
cansaço nos músculos da face, dor nos dentes e ATMs, às vezes também dor
tensional na cabeça”, explica. Quem perceberá o bruxismo é quem convive com a
pessoa ansiosa, principalmente durante a noite, período em que o ranger dos
dentes é mais frequente. Além disso, o dentista também perceberá, pois verá os
desgastes nas superfícies oclusais dos dentes.
Com a ansiedade, algumas pessoas desenvolvem o hábito de roer as unhas,
uma saída para amenizar a tensão. De acordo com Jussara, o costume interfere
muito na saúde bucal. “Em primeiro lugar, tem-se o risco de desgaste ou
pequenas fraturas na borda incisal dos dentes anteriores ou dos dentes envolvidos
neste ato. Segundo, pode ocorrer alterações na oclusão e também afetar as ATMs,
por ser um movimento diferente do que seria o esperado numa mastigação normal”,
esclarece.
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