A pílula azul que
revolucionou a vida sexual de homens --e de mulheres -- no mundo inteiro foi
descoberta por acaso, durante a fase de testes do seu princípio ativo, a
sildenafila, como medicamento para hipertensão arterial e angina --dor no peito
que indica problema cardíaco. A droga não se revelou eficiente para a
finalidade original, mas seu efeito colateral surpreendeu: os pacientes que
tomavam o remédio relatavam melhora na ereção e, em alguns casos, tinham até
priapismo --ereção prolongada e dolorosa.
Depois de quase uma
década de estudos e adaptação da dosagem do ingrediente ativo, a droga foi
aprovada no mundo inteiro e o Viagra foi lançado, em 1998, como solução para a
disfunção erétil --que, na época, era chamada apenas de impotência. Porém,
junto com a "felicidade" trazida pelo remédio veio um medo: será que
ele pode provocar um infarto?
O Viagra aumenta o risco
de ataque cardíaco?
De acordo com os
médicos, esse perigo não existe. Até há casos de homens que sofreram um ataque
cardíaco após usar o medicamento. No entanto, os especialistas explicam que a
causa do problema foi o esforço excessivo e prolongado durante o sexo, e
não a ação da droga em si.
Algumas vezes, feitos
colaterais comumente reportados por quem usa o remédio --calor da face,
taquicardia leve, dor de cabeça e sensação de nariz entupido -- podem levar a
pessoa a achar que está tendo um problema no coração. Mas fique tranquilo.
Esses sintomas ocorrem por causa da ação vasodilatadora da droga. Eles não têm
relação com a iminência de um ataque cardíaco e passam junto com o efeito sobre
a ereção.
Quem tem doença do
coração corre risco?
Não. Diversas pesquisas
mostram que o uso do remédio é seguro mesmo para pessoas com doença
coronariana. Inclusive, um estudo da Universidade de Manchester, no Reino
Unido, com 6.000 homens portadores de diabetes tipo 2 e elevado risco cardíaco,
revelou perigo menor de infarto e morte entre aqueles que tomavam Viagra, em
comparação com quem não usava o comprimido. O trabalho foi publicado no
periódico oficial da Sociedade Britânica de Cardiologia.
Outra pesquisa, da
Universidade Sapienza, em Roma, na Itália, publicada no periódico BMC
Medicine, conclui que os inibidores da PDE5 (tadalafila, vardenafila e
udenafila, além da sildenafila) podem ser usados com segurança por pacientes
com doença cardíaca, inclusive melhorando a performance do coração.
A única contraindicação
absoluta é a associação com medicamentos que contêm nitrato na fórmula --normalmente
prescritos para doenças do coração. A combinação das drogas pode causar queda
de pressão severa, acidente
vascular cerebral (AVC), infarto e até a morte. Daí a
importância de não consumir a pílula azul sem orientação médica, principalmente
se você faz uso de algum outro remédio.
Como funciona o
comprimido.
A ação do Viagra
--assim como de versões com outros nomes comerciais, como Cialis e Levitra,
além dos genéricos -- é inibir a atividade da enzima PDE5 (fosfodiesterase 5).
A PDE5 impede a ereção porque prejudica a vasodilatação e a irrigação sanguínea
no pênis. Sem essa a ação da enzima no momento do estímulo sexual,
potencializa-se o efeito do óxido nítrico, que é um vasodilatador natural do organismo,
e a ereção pode acontecer.
*** Fontes:
Sidney Glina,
urologista do Hospital Israelita Albert Einstein; e Helio Castello,
cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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