FONTE: Marcus Alves, Colaboração para o UOL, de Lisboa (POR), https://esporte.uol.com.br
Com a receita de direitos de transmissão representando cada vez menos no orçamento, a nova galinha de ouro das principais equipes do Brasil tem sido a aposta em seus sócios-torcedores. O modelo de inspiração para a maioria costuma ser apenas o Benfica, cujo programa virou referência para Flamengo, Palmeiras e outros e proporciona diversas vantagens aos seus associados.
De acordo com o seu administrador executivo Domingo Soares de Oliveira, os portugueses contavam com 205.060 mil sócios "com capacidade de voto e pagamentos em dia" no primeiro semestre. Um salto significativo em relação aos 184.264 mil que apresentavam em 2017.
O objetivo do clube segue sendo atingir a marca de 300 mil e aumentar, assim, o faturamento com os seus torcedores, em planos que abrangem diversas categorias, com valores atrativos e que não saem por mais do que 12 euros (R$ 54) ao mês em um país com um dos salários mínimos mais baixos da União Europeia: 580 euros (R$ 2.657 mil).
O Benfica pensa alto, mas essa meta não soava tão distante em 2015, quando o clube protagonizou episódio que virou folclórico no futebol português ao ver o seu número de sócios ser "cortado" abruptamente em quase 100 mil em apenas um dia.
Por estatuto, os encarnados são obrigados a atualizar a contagem de associados pelo menos a cada dez anos. Sendo assim, naquela altura, ao cumprir o procedimento, eles surpreenderam a todos ao passar de 247.859 mil para 156.916 sócios em painel eletrônico situado em seu museu, nos arredores do Estádio da Luz, em Lisboa. A redução drástica virou rapidamente motivo de controvérsia entre seus adversários.
Ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho costumava pregar que as contas do rival eram desatualizadas e estavam inflacionadas. "Eles andaram a gozar com o Bayern de Munique (que possui atualmente o maior número de sócios do mundo) e, quando limparam os mortos, o Benfica e o Sporting estão quase com os mesmos sócios", provocou.
Conforme verificado pelo UOL Esporte com pessoas ligadas ao processo, a perda substancial de sócios do Benfica naquela altura foi motivada pela retirada de nomes de falecidos que se encontravam em seu sistema, mas também de outros que haviam deixado de pagar suas mensalidades em período superior a um ano.
Por acesso mais fácil a ingressos para os jogos, especialmente aos clássicos, é cena recorrente ver pessoas se associando ao clube durante passagem por Lisboa para garantir a ida à Luz, por exemplo. Elas formam uma parcela significativa da base do clube, porém, naturalmente, sem a fidelidade desejada.
Existe um incômodo entre seus torcedores para que o palco lote ao menos em compromissos mais importantes, como a Liga dos Campeões. Ainda assim, na última temporada, 904.553 mil torcedores passaram pela Catedral, como é conhecido o estádio, com uma média de 53.209 mil por partida na Liga Portuguesa. A taxa de ocupação ficou em 82,93%. Ao todo, o Benfica teve 12 dos 15 maiores públicos do campeonato.
O seu pior registro aconteceu somente na rodada derradeira, contra o Moreirense, quando o clube teve 41.926 mil torcedores ao seu lado.
A despeito das controvérsias, o Benfica é hoje o segundo com mais sócios no mundo, atrás apenas do Bayern, e detém 47% dos torcedores locais de acordo com pesquisa realizada ao redor do país. Não por acaso, continua como referência de nove em cada dez equipes brasileiras neste quesito.
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