Enfraquecimento
dos ossos também pode chegar, em especial se há casos na família.
Quando a psicóloga
Deborah Ejzembaum, aos 37 anos, contou à ginecologista que sua mãe sofria de
osteoporose, não imaginava ter de encarar tão cedo a doença. Mal que atinge 10
milhões de brasileiros — principalmente mulheres com mais de 60 anos —, o
enfraquecimento dos ossos também pode chegar mais cedo, em especial se há casos
na família.
Foi com incredulidade
que Deborah começou o tratamento, ainda a contragosto, depois de passar por uma
densitometria óssea:
"Jamais imaginei
que poderia ter osteoporose, quanto mais nessa idade. É verdade que sempre fui
sedentária e nunca tive muita força de vontade para fazer exercícios. Começar a
fazer atividades físicas, portanto, era o meu remédio amargo".
Deborah precisou mudar
de comportamento. Era necessário, imediatamente, reforçar a estrutura óssea, o
que poderia fazer, por exemplo, com musculação, atividade que chegou a tentar
nos primeiros dois anos de tratamento, mas à qual não se adaptou. Por indicação
da mesma ginecologista, deu uma chance ao pilates.
Hoje, aos 42 anos,
Deborah se diz uma grande entusiasta das caminhadas, que pratica cinco vezes na
semana, além das sessões de pilates e das aulas de dança. O esforço deu
resultado: com o reforço de duas injeções do medicamento denosumabe, descobriu,
em julho, que reverteu o quadro de osteoporose.
Como Deborah, Marina Queiroz,
de 67 anos, descobriu a doença antes de ter uma fratura. Não é o mais comum: em
75% dos casos, os pacientes são diagnosticados após sofrer uma queda e os ossos
se quebrarem. Para evitar um susto, Marina consultou um reumatologista em 2015.
Estando no grupo de risco — mulheres com mais de 60 anos e histórico de
sedentarismo —, o cuidado não era em vão:
"Senti que devia
me preocupar: não era muito afeita a exercícios. Sempre fiz os exames
necessários, mas sentia que poderia desenvolver a doença do mesmo jeito. Que eu
me lembre, sou a primeira da família com esse diagnóstico".
Segundo o
reumatologista Luiz Cezar Motta, a osteoporose se caracteriza pela deterioração
do tecido ósseo. Ao contrário do que possa parecer, os ossos também são
estruturas vivas que estão em constante renovação: substitui-se tecido velho
por novo.
Essa substituição, no
entanto, diminui de intensidade principalmente após os 50 anos nas mulheres,
quando começa o período da menopausa, mas é preciso cuidado: apesar de homens
terem uma estrutura óssea mais forte, a osteoporose também os atinge,
principalmente depois dos 70.
PREVENÇÃO.
Para o cardiologista
Cláudio Domênico, o perigoso “silêncio” da osteoporose é caracterizado pelo
quadro que não envolve dor.
"Há um custo de
US$ 25 bilhões para o tratamento de osteoporose nos EUA por ano, e cerca de 200
milhões de pessoas no mundo têm a doença. Por aí se vê a atenção que devemos
ter com as quedas. Não tratamos a doença, mas o doente, por isso é importante
observar todo o entorno do paciente e atentar também para as causas
secundárias, como obesidade e hipertiroidismo", lembrou ele.
Os exercícios são
grandes aliados da prevenção, além da ingestão de vitamina D e cálcio, via
leite e derivados. Além disso, é preciso realizar o exame regularmente nas
idades de risco, diz a radiologista Claudia Brazão Maksoud, responsável técnica
pelo setor de densitometria óssea do Cepem:
"É um exame
indolor, rápido e que não tem risco biológico. Na maioria das vezes só é
necessário fazer uma vez ao ano. No Brasil, acontecem 2,4 milhões de fraturas
por osteoporose anualmente, e cerca de 200 mil pessoas morrem em decorrência
delas".
Caso a osteoporose seja
diagnosticada, existem alguns tipos de tratamento, como o que Marina tem feito
desde 2015. Apesar do uso dos bifosfonatos serem mais comuns, ela preferiu um
medicamento subcutâneo à base da proteína denosumabe, que aplica a cada seis
meses. Depois do diagnóstico e do uso regular da medicação, que continua até
hoje, ela passou a se cuidar melhor e teve o quadro de osteoporose reduzido
para uma osteopenia, que se identifica pela lentidão da substituição do tecido
ósseo.
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