Mulheres britânicas que
buscaram doadores
de sêmen em sites irregulares na internet têm sido constantemente
assediadas - a ponto de receberem fotos de abortos e serem constrangidas a
praticar sexo sem proteção, aponta uma investigação da BBC.
As mulheres que
recorrem a sites não regulados citam dois motivos: os rígidos critérios de
admissão para fazer inseminação artificial no serviço público de saúde (o NHS)
e os altos custos do procedimento no setor privado.
A doação de esperma via
internet não é ilegal no Reino Unido, desde que seja ofertada gratuitamente
pelo doador - no Brasil, a doação online também cresce, embora não haja nenhum
tipo de regulamentação pelo Ministério da Saúde e a prática seja desencorajada
por especialistas.
Na prática, a
investigação da BBC apontou que os doadores virtuais britânicos oferecem ou
inseminação artificial ou inseminação natural (este último consiste em sexo
desprotegido com um estranho, para obter seu esperma).
Uma das usuárias desses
sites é Sarah (que pediu para não ter seu sobrenome divulgado), de 26 anos, que
é solteira e queria ter um bebê por conta própria.
Ela contou ao programa
Inside Out, da BBC, que não tinha como arcar com os custos de uma inseminação
artificial particular e, por isso, recorreu à internet em busca de um doador
gratuito. Mas descobriu que muitos dos doadores não eram
"confiáveis".
"Houve alguns
idiotas com quem eu queria não ter interagido, porque eles te assediam ou
começam a mandar imagens que você realmente não quer ver", relatou.
'Mensagens de abortos'.
O casal de mulheres
britânicas Kirsti e Danielle, que também buscou doadores na internet, contou
que a intenção dos assediadores era convencê-las a praticar sexo desprotegido
com eles.
"Algumas pessoas
tentam te dissuadir (de fazer a inseminação artificial) com mensagens sobre
abortos e coisas do tipo, dizendo 'se você fizer (a inseminação artificial em
vez da natural), é isso o que vai acontecer'", relatou Kirsti. "Eles
ficam tentando te convencer a respeito do método, para que você faça sexo com
eles."
Sarah, por sua vez,
conheceu um suposto doador que, depois ela descobriu, era casado e havia feito
uma vasectomia - ou seja, sequer era capaz de doar esperma fértil.
"Senti que não poderia
confiar nas pessoas no site. Acho que eles devem ser policiados por alguma
organização; (atualmente) é apenas uma pessoa aleatória que você não sabe se é
segura porque não há nenhuma prova sobre quem ela é."
'Posição vulnerável'.
Críticos das doações não
reguladas de sêmen online advertem que outro perigo é que as amostras de
esperma não passam por nenhum exame que verifique eventuais doenças sexualmente
transmissíveis.
Para a médica
especialista em fertilização Larisa Corda, o crescimento das doações online é
"alarmante".
"Acho que as
mulheres (que buscam esses sites) ficam em uma posição extremamente vulnerável,
do ponto de vista médico e do potencial risco de abuso", opinou.
Ela admitiu, porém, que
os altos custos de um tratamento privado de inseminação artificial (cada ciclo
pode custar o equivalente a R$ 7 mil, segundo dados do próprio NHS) são
impeditivos para várias mulheres, que acabam recorrendo a doadores online.
"Em um mundo
ideal, acho que esses sites (de doação de esperma) devem ser fechados, porque o
principal é cuidar da saúde e do bem-estar das mulheres", opinou.
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