A dificuldade de um
coração bombear sangue para o resto do corpo é uma doença que afeta 3 milhões
de brasileiros. Embora mais letal do que o câncer de próstata e de mama, a
enfermidade segue desconhecida do brasileiro: pesquisa inédita divulgada na
quinta-feira (26) pelo laboratório Novartis revela que 62% da população não
sabem o que é insuficiência cardíaca.
Esse nível de
desconhecimento pode ser ainda maior. O estudo, produzido pela Ipsos (um instituto
francês de pesquisa), informa que apenas 2% de quem declarou conhecer a doença
souberam descrevê-la corretamente.
Outros 33% acreditam
que a enfermidade tem cura, o que não é verdade. O desconhecimento da população
é tamanho que 35% dos brasileiros acreditam que o câncer de mama (23%) e de
próstata (12%) são mais letais do que a insuficiência cardíaca.
"Muito se falou em
Aids e câncer, mas o governo e a sociedade falam pouco desta doença, que mata
mais do que a grande maioria dos cânceres", afirma o cardiologista Paulo
Bertini, do Fellow American College of Cardiology. "Ela é a via final de
outras doenças como hipertensão arterial, infarto do miocárdio, diabetes,
arritmias. Tende a ser evolutiva, o que dificulta o entendimento."
Sem
cuidado.
Outro dado alarmante é
a falta de cuidados preventivos por parte dos brasileiros. Metade da população
nunca foi ao cardiologista e 12% das pessoas com mais de 45 anos não pisou em
um consultório nos últimos 10 anos.
O dado é alarmante uma
vez que 50% dos pacientes não sobrevivem após cinco anos do diagnóstico.
"Casos mais graves têm taxa de até 20% de mortalidade em 1 ano. Estima-se
que perto de 100% dos pacientes que se internaram por insuficiência cardíaca
aguda não sobrevivam por 10 anos."
Aos que desconfiam de
que sofre com a doença, a recomendação é vigiar os sintomas: falta de ar para
atividades físicas, tosse persistente e inchaço nos tornozelos e pés.
"Geralmente há progressiva redução das atividades habituais como subir
escadas, caminhar, trabalho domiciliar, afetando inclusive atividades simples
como jardinagem e atividades sexuais", diz o médico.
Cerca de 71% dos
entrevistados concordam com a afirmação de que a doença não atinge apenas
pessoas com mais de 60 anos. "Mas como atinge mais pessoas idosas, estas
naturalmente se autolimitam, levando à falsa estabilidade. Por este motivo é
muito importante o diagnóstico precoce com tratamento adequado."
Homens
e mulheres.
A doença é mais
frequente entre os homens, principalmente pela maior incidência de doenças coronarianas,
como infarto e hipertensão não tratada. "As mulheres se cuidam mais e o
hormônio feminino as protege de doenças cardíacas. Porém, a vida moderna, com
tabagismo e estresse, tem propiciado aumento na incidência destas doenças
também entre o sexo feminino", afirma o cardiologista, que também é
diretor do MEDCOR Centro Cardiológico.
O instituto estima em
R$ 22 bilhões os custos dessa enfermidade para os cofres públicos. O cálculo
leva em conta as despesas para o sistema de saúde e a redução da produtividade
da população economicamente ativa.
O estudo ouviu em
domicílio 1.200 pessoas com mais de 16 anos em 72 municípios do Brasil. A
margem de erro de 3 pontos percentuais.
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