O Brasil está entre os
países com maior número de casos de diabete no mundo. De acordo com o Instituto
de Diabetes
e Doenças Digestivas e Renais, nos EUA, aproximadamente 60 a 70% das pessoas
diagnosticadas com a doença possuem algum tipo de neuropatia. Entre as
disfunções e complicações mais graves está a formação de úlcera e a amputação
de membros.
O Laboratório de
Biomecânica do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia
Ocupacional da Faculdade de Medicina (FM) da USP está fazendo novas pesquisas a
respeito da neuropatia diabética. O Jornal da USP no Ar entrevistou a
professora Isabel de Camargo Neves Sacco, docente da unidade, para falar do
assunto.
"A neuropatia é
uma condição progressiva que vai se instalando mais ou menos dez anos após o
diagnóstico de diabete da pessoa. Essa condição vai degenerando os nervos,
principalmente os das extremidades das mãos e dos pés. Em decorrência disso, a
pessoa perde sensibilidade, com formigamento e dormência. Com o tempo, há
prejuízo na musculatura, com atrofiamento, perda de força e massa,
desequilíbrios e aumento da prevalência de quedas", explica Isabel Sacco.
Somada a isso há a
deformação dos pés e consequente sobrecarga mecânica que eles recebem. Quando
isso acontece, o aumento do impacto pode formar calos e, com a perda de
sensibilidade e ao andar, a formação de úlceras e amputação. Segundo a
professora, esse processo é lento e o paciente só percebe que tem calo ou que
ele perdeu força e equilíbrio muito tarde. "A ideia do nosso laboratório é
prevenir essas condições, com a percepção dessas problemáticas antes que o
paciente possa fazer fisioterapia para prevenir chegar às complicações
tardias."
O laboratório vêm
mostrando há alguns anos que a prática de exercícios duas vezes por semana, com
supervisão de fisioterapeuta e focado em alterações de força e equilíbrio,
levou a uma diminuição dos impactos que geram as úlceras, melhora da mobilidade
e diminuição dos sintomas da neuropatia.
As pesquisas em
andamento trazem uma novidade, que é a independência do paciente sem a
necessidade de procura do fisioterapeuta. Para isso, foram criadas duas
ferramentas da chamada Tecnologia de reabilitação: uma cartilha simples com
informações sobre neuropatia, cuidados básicos com calçados e pés, tabela para
guiar os exercícios; e um software interativo chamado SoPed, que pode ser
acessado no site soped.com.br. " É um programa bem completo, público,
acessível e as pessoas já podem usar. Está sendo testado no ensaio
clínico", diz Sacco.
O interessado tem
possibilidade de falar com profissionais e acessar mais de 120 exercícios com
uso de gamificação. Mais informações no telefone (11) 3091-8426.
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