Idosos que ficam sonolentos
durante o dia ou cochilam muito nesse período podem
apresentar maior risco de ter câncer, diabetes e doenças
cardiovasculares. É o que indica uma pesquisa da
Academia Americana de Neurologia, prevista para ser apresentada no próximo
encontro anual da entidade – marcado para o mês que vem.
Por meio de entrevistas
telefônicas, cientistas analisaram 10 mil indivíduos quanto ao seu estado de
saúde e a prevalência da hipersonia – nome técnico da sonolência excessiva
mesmo depois de uma noite com sete ou mais horas de sono. Desse total, 34%
tinham mais de 65 anos.
Os voluntários foram
entrevistados em dois momentos, com três anos de intervalo entre eles. Cerca de
25% dos idosos relataram sentir muito sono, sendo que 41% desses consideravam a
sonolência um problema crônico.
Entre essa turma, os
pesquisadores descobriram que o perigo de desenvolver diabetes ou pressão
alta em
três anos era duas vezes maior do que entre aqueles que passavam o dia mais
despertos. O risco de câncer e doenças cardíacas também se mostrava mais
elevado e em proporção semelhante.
Os resultados se
mantiveram mesmo quando fatores de risco para tais doenças e para a sonolência
excessiva (como gênero e apneia
do sono) foram considerados.
Cabe lembrar que
diversos estudos demonstram benefícios para indivíduos (inclusive os mais
velhos) que tiram um cochilo à tarde. Mas as vantagens aparecem quando não há
exagero. Em geral, 30 minutos são suficientes para descansar e garantir
melhorias à saúde.
Sinal
de alerta, mas sem pânico.
Para o autor do estudo,
Maurice M. Ohayon, neurologista da Universidade de Stanford,
nos Estados Unidos, os achados sugerem que a sonolência diurna excessiva pode
servir de alerta para doenças futuras nos mais velhos. “Prestar atenção no sono
dos idosos é capaz de ajudar médicos e familiares a flagrarem mais cedo
condições sérias de saúde”, comentou, em comunicado à imprensa.
Mas vale dizer que,
embora estatisticamente relevantes, os dados de maior incidência não
significaram necessariamente uma prevalência altíssima de doenças entre os
dorminhocos.
Dos 840 indivíduos que
relataram sentir muito sono de dia, 6,2% desenvolveram diabetes. No grupo mais
desperto, essa taxa ficou em 2,9%. Para os tumores, a diferença na incidência
foi de 2,4% contra 0,8%.
Mecanismos
desconhecidos.
O estudo completo ainda
será apresentado no futuro. Por isso não é possível especular as explicações
fisiológicas por trás da descoberta. Mas se sabe que a sonolência diurna
frequentemente está ligada ao descanso de má qualidade à noite, que tem suas
próprias repercussões na saúde física.
Outro possível elo é a depressão,
mais frequente na terceira idade e responsável tanto pela vontade de dormir o
dia todo quanto por um estado inflamatório constante e sistêmico, o que leva a
doenças.
É normal que, na
terceira idade, bata mais sono durante o dia. Mas, se a situação está
exagerada, é preciso procurar orientação médica.
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