sábado, 22 de agosto de 2009

MEXERICOS, FOFOCAS E PICUINHAS...


FONTE: *** ÚLTIMA INSTÂNCIA.

O Brasil é um paraíso. É o tão decantado Nirvana. É a terra da felicidade completa, onde o homem alcançou a meta plena.
Não poderia ser diferente a opinião de um extraterrestre que baixasse no Brasil,
Escutando ou lendo o que diz o presidente da República e os Congressistas, imaginaria o visitante que a nação brasileira tem plenamente assegurado o tripé básico: saúde, educação e segurança.
A partir daí, tudo estaria perfeito. Não haveria como se imaginar, no Brasil, qualquer problema quanto à saúde. Não se poderia pensar que há filas em hospitais, não há doentes despejados em macas nos corredores, não faltam médicos, nem medicamentos. Não há analfabetos, todos os que precisam estão na escola, em seus diversos níveis. Não há banditismo, não há violência, tiroteios, balas perdidas, tráfico de drogas. É possível circular em quaisquer lugares, durante o dia ou nas madrugadas em total e absoluta segurança.
Não seria duradoura a impressão do extraterrestre. Logo estaria repetindo o que um dia disse, em 1961, o então presidente Charles de Gaulle, quando se propalava a existência da “Guerra da Lagosta” envolvendo o Brasil e a França:
- “O Brasil não é um país sério!”
De fato, não pode ser um país sério, não pode se levar a consideração o trabalho (ou a falta dele), nas áreas governamentais.
O presidente Lula, sem poder controlar a língua presa (que parece sempre solta), comete ato falho, quando diz que não é mexeriqueiro. É, sim!
Como se admitir seriedade no país onde o presidente da República, em uma recepção oficial ao presidente da República do México, com todas as pompas e circunstâncias, em um discurso que deveria ser protocolar, descamba para discutir picuinhas?
Alguém de bom senso pode imaginar, em um país sério, o presidente da República, durante uma solenidade, se envolver na pendenga entre a ministra da Casa Civil e a ex-chefe da Receita Federal? Tomar partido no disse-me-disse? Intrometer-se na pirraça, sobre uma suposta reunião entre as duas, se ocorreu, ou não, o que uma disse à outra, ou se não houve o encontro e, consequentemente nada foi dito, envolvendo o presidente do Senado da República?
Ao contrário de preservar e respeitar a liturgia do cargo de Chefe de Estado e de governo, com a sua magnitude, o presidente da República atuou como o faziam, antigamente nas pequenas cidades do interior, as comadres fofoqueiras. Ocupavam o tempo ocioso permanente propalando, por cima da cerca, nos fundos dos quintais, os boatos sobre a mulher que põe chifres no marido, a “moça” fulana que não é mais “moça” (como eram classificadas, naquele tempo, as virgens e não virgens), ou o filho da beltrana que é gay.
Pior, ainda, é imaginar que o Senado da República, relegando tudo que poderia discutir seriamente, tudo que poderia legislar, todos os problemas nacionais que poderia ajudar a solucionar, ocupa uma de suas principais comissões, em reunião especial à qual acorrem dezenas de senadores, para que? Somente para fuçar a respeito de bobagem, coisa de briga de rua entre crianças, quem disse ou quem não disse isso ou aquilo.
Ora, se existiu a tal reunião, se a ministra, sigilosamente, procurou pressionar a funcionária de nível hierárquico inferior, com o intuito de favorecer o senador Zé Sarney e sua família, é assunto de somenos importância.
É, repete-se, um disse-me-disse, no qual ninguém tem prova de nada, uma diz e a outra nega.
Não fosse tão tola a conversa, seria possível raciocinar que, quanto à ex-chefe da Receita Federal, nada se conhece publicamente que a desabone. Nada que torne suspeitas as suas palavras, nada que macule a sua idoneidade. Enfim, até prova em contrário, é de se admitir que ela diz a verdade, quando falou e repetiu continuadamente que existiu a reunião com a ministra Chefe da Casa Civil. Também é verdade o que disse a respeito de não ter se sentido pressionada pela ministra Dilma, para favorecer o “coronel” maranhense. Apenas considerou indevido o pedido para apressar a investigação.
De outro lado, quanto à ministra Dilma, antes de mais nada, há que se levar em conta o que ela disse em duas oportunidades, anteriormente.
Há não muito tempo,quando a discussão girava em torno de um alegado “dossiê” que teria sido feito na Casa Civil, onde é chefe, afirmou que nenhum levantamento ali havia sido feito, ou estava sendo realizado. Enfim, afirmou que tudo que se dizia a respeito de uma busca sobre os gastos feitos pelo ex-presidente da República e sua família, às custas das “burras” no erário público não era verdade. Tudo seria mentira. No entanto, logo depois ficou comprovado (e aí a ministra não mais negou) que de fato tinha sido feito o tal levantamento. Com qual finalidade, não se discute. Não interessa se o que a oposição propalava era correto.Restou comprovado que a ministra, quando negou que tivesse sido feito qualquer pesquisa sobre gastos da presidência da República, na gestão anterior, não disse a verdade.
Mais grave, no entanto, mais relevante do que tudo que se disse até agora, é a estória do currículo da Ministra Dilma.
Até recentemente, nele constava que ela era detentora dos títulos de Mestrado e de Doutorado. A afirmativa não resistiu à primeira busca. Nunca, jamais, em tempo algum, cursou e concluiu qualquer curso nos patamares de Mestrado ou Doutorado. O que o seu currículo dizia, não era verdade. Era mentira deslavada.Logo, não seria inoportuno invocar o antigo ditado:
- “Quem disso usa, disso cuida!”.
De fato, repete-se, não pode ser sério o país onde as pessoas que ocupam os cargos mais importantes se envolvem em implicâncias, no “falou, ou não falou”.
Nada pingaria na imagem de seriedade da nação brasileira, no entanto, comentar, como aqui o faço, toda a balbúrdia. Afinal tenho o mister de escrever exatamente sobre alhos e bugalhos que de longe avisto no Brasil.

*** Josué Maranhão é jornalista e advogado aposentado. Iniciou-se como jornalista no Nordeste, na década de 1950. Atuou durante 15 anos, tendo exercido diversas funções em redações de jornais. Formado em direito pela UF-RN, advogou em Natal e foi juiz em Recife, nos anos 1960 e 70. Em São Paulo, trabalhou como advogado durante mais de 20 anos. Mudou-se para o exterior em 1996. Morou na Indonésia e na Malásia. Reside em Boston (EUA) desde 1998, quando voltou ao jornalismo. É autor de Jacarta, Indonésia, Fazer a América e Um Repórter à Moda Antiga, todos à venda na Livraria Última Instancia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário